REPORTAGEM: Vinho & Fado em destaque no Museu do Vinho da Bairrada em Anadia
Tiveram início no dia 18 de maio e estarão patentes até 31 de outubro de 2014 as 3 Exposições que homenageiam e exaltam a(s) simbiose(s) entre o vinho e o fado.
Na companhia de quem melhor conhece tudo o que se faz no Museu do Vinho da Bairrada, ou seja, o seu diretor Pedro Dias, o XpressingMusic foi aprofundar a visita realizada no dia da inauguração deste novo núcleo de exposições temporárias que tem como embaixadora a fadista Ana Moura. Numa agradável e pedagógica conversa que se desenrolou ao longo da visita, constatámos que a média de 2000 visitas por mês que se tem vindo a manter desde que o museu abriu, terá continuidade com "Vinho & Fado".
Pedro Dias começou por esclarecer que esta iniciativa acontece dando continuidade ao que já tem vindo a suceder desde 2003, ou seja, à aposta deste museu em exposições de carácter temporário. Essa aposta consiste ainda na conceção de projetos criativos de raiz. Estes projetos acontecem, em grande parte, graças às sinergias que se conjugam através de parcerias estratégicas com outros museus e entidades públicas e privadas.
Sendo esta reportagem realizada pelo Portal do Conhecimento Musical – XpressingMusic, houve o cuidado de explicar que a música sempre marcou presença neste museu. O jazz, a música erudita e um vasto leque de géneros musicais têm estado sempre presentes com especial destaque para as inaugurações das exposições. Mas nem só nas inaugurações a música tem tido o seu lugar e a abertura deste espaço à estreia de trabalhos discográficos ou outros eventos musicais ficou evidente nesta conversa.
"Fado Património da Humanidade" foi a primeira exposição que visitámos.
Pedro Dias ressalvou a imprescindível colaboração do Museu do Fado nesta estação. Segundo Sara Pereira neste espaço é possível obter "Um olhar sobre a representação do Fado na arte portuguesa (...)". Sobressaem aqui belas imagens que retratam o fado como símbolo que identifica a cidade de Lisboa e demonstram como este se enraizou na cultura portuguesa. Ainda aqui é possível ouvir trechos musicais e apreciar documentos que ajudam a compreender a história do fado e todas as suas mutações advindas das épocas pelas quais tem passado. Abundam imagens de documentos de grandes fadistas e de inesquecíveis ilustrações alusivas a discos, e obras dedicadas ao fado. Não deixa de se fixar na nossa retina a imagem do quadro de José Malhoa que tão bem retrata o ambiente das casas de fado e a inigualável guitarra portuguesa.
Após esta passagem não resistimos a percorrer a exposição "Amália" que, segundo Pedro Dias, costuma ficar para o fim da visita, atendendo ao seu carácter emotivo e de justificado júbilo.
Neste espaço, para além da música de fundo que nos ajuda a contextualizar toda a mostra com a voz inconfundível e reveladora de Amália, podemos apreciar vestidos que marcaram grandes momentos da sua carreira. Destaque para o vestido que Amália utilizou no emblemático concerto do Coliseu dos Recreios a 3 de abril de 1987. Os trajes e outros objetos transformam este espaço num "templo" contemplativo e adoratório desta memorável Diva do Fado. Aqui, Pedro Dias explicou de forma detalhada o papel da Fundação Amália que tornou possível exposição. A Fundação Amália Rodrigues, último desejo de Amália, foi instituída por testamento e, sem fins lucrativos, tem como principal objetivo a prestação de auxílio aos mais desfavorecidos através do apoio a instituições de solidariedade social e de beneficência. Assim, a presença destes objetos no Museu do Vinho da Bairrada em Anadia, mostram que através desta exposição, também se podem alcançar os propósitos desta Fundação que é detentora dos direitos de nome e imagem da fadista sendo a sua gestão deste património imaterial virada, toda ela, para o já referido apoio à solidariedade social.
Por fim visitámos a exposição "Vinho & Fado" que, após cuidada visita nos apraz dizer ser imensamente para que se descrevesse nesta reportagem. Esta exposição, como aliás, as já descritas nos parágrafos anteriores, só ganham vida com a visita de cada um de nós. Por mais palavras que aqui disséssemos e por mais imagens que aqui colocássemos, nada demonstra a vivacidade cultural e artística ali tão bem "enquadrada". Pedro Dias fez questão de reforçar a salutar convivência e colaboração do Museu do Vinho da Bairrada com a Galeria Nuno Sacramento – Arte Contemporânea que tornou todo aquele espaço de experiências sensoriais inigualável para todos os que admiram o fado, o vinho e a arte. Anadia, com esta exposição ganha a oportunidade de vivenciar o que de melhor se faz na arte contemporânea, não só a nível nacional, pois para além de artistas portugueses poderão ser apreciados artistas cubanos, angolanos, sérvios, polacos, espanhóis, canadianos, venezuelanos, austríacos e belgas. Segundo José Sacramento e Nuno Sacramento, esta exposição constitui-se simultaneamente como "uma merecida e justa homenagem aos homens vinhateiros de toda a região que, com risco e heroísmo, fizeram da terra a sua vida e deram um contributo inigualável na promoção e desenvolvimento do nosso país".
O conjunto de obras expostas que tivemos o privilégio de observar contempla desde a pintura, passando pela escultura, fotografia até instalações.
Tudo o que mais aqui pudéssemos dizer não acrescentaria nada à nossa forte convicção de que esta exposição deveria ser vista pelo maior número de portugueses possível pois, tal como disse Ana Moura, embaixadora deste novo núcleo de exposições temporárias, "o vinho e o fado são elementos fulcrais da nossa identidade cultural e da nossa afirmação internacional".
- Amália Rodrigues Ana Moura Anadia Fado Museu do Fado Museu do Vinho da Bairrada Reportagem Vinho e Fado