Custódio Castelo e o Fado no FIMUV
A guitarra portuguesa e um dos seus maiores intérpretes, o guitarrista Custódio Castelo, acompanhado de amigos, tomam conta do palco do CiRAC – Círculo de Recreio, Arte e Cultura de Paços de Brandão, no dia 20 de junho.
Custódio Castelo é atualmente professor de Guitarra Portuguesa da Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) do Instituto Politécnico de Castelo Branco. O músico ambiciona transformar o auditório do CiRAC numa autêntica casa de fados.
Custódio Azevedo Fidalgo do Castelo
Nasceu em Almeirim a 23 de dezembro de 1966. Aos 7 anos de idade constrói um instrumento musical e aos 13 que começa a tocar guitarra acústica e, posteriormente elétrica, vindo a integrar alguns grupos de música popular portuguesa e bandas rock.
Através da obra gravada de Amália Rodrigues descobre a sonoridade da guitarra portuguesa passando a ser este o instrumento da sua eleição. É Almeirim que começa por ter aulas de guitarra portuguesa com Lionel Menderico. Mais tarde desenvolve, com Raimundo Seixas, o estudo do repertório tradicional de fados e guitarradas.
Com um talento que começa a ser conhecido de todos é convidado a acompanhar grandes nomes do fado tradicional, tais como Vicente da Câmara, Manuel de Almeida, Fernando Farinha ou Cidália Moreira, entre outros.
«Faz a sua estreia em trabalhos discográficos em 1986, quando é convidado por Jorge Fernando para gravar o seu álbum de estreia, de título "Enamorado". Desta forma iniciaram uma parceria de gravação e produção discográfica que se mantém até à atualidade».
Acompanhou Nuno da Câmara Pereira durante 4 anos e, com ele grava em 1995 o disco "Só à Noitinha" (EMI), integrando a sua guitarra portuguesa na Orquestra Sinfónica da Lituânia.
1998 é um ano especial para a sua projeção com as edições dos álbuns "Na Linha da Vida" (EMI), de Camané, e "Garras dos Sentidos" (Erato), de Mísia, e também com as inevitáveis digressões acompanhando as apresentações dos discos. Custódio Castelo tornou-se o principal acompanhador de Mísia durante dois anos e, na sequência do lançamento do CD de Camané, realiza uma tournée com este fadista e com Carlos do Carmo.
Ainda em 1998 apresentou o seu projeto a solo no "Festival de Guitarra Portuguesa", organizado por Pedro Caldeira Cabral para o palco da EXPO'98. O espetáculo valeu-lhe ainda o facto de Maria Bethânia o convidar para a acompanhar em vários concertos.
Ainda nesse ano passa a ser mentor do projeto «Cristina Branco, construindo com a fadista "um fado com as fronteiras mal definidas, que ora se aproxima da tradição ora se afasta irremediavelmente, sobretudo por abrir espaço para uma complexidade melódica e instrumental, que parece indispensável ao génio de Custódio Castelo." (cf. Manuel Halpern, 2004)».
Fazem ainda parte da sua discografia os álbuns "Live in Holland" (edição de autor, 1997), "Murmúrios" (Music & Words, 1998), "Post Scriptum" (L' Empreintdigitale-Harmonia Mundo, 1999), "O Descobridor" (Universal, 2000), "Corpo Iluminado" (Universal, 2001), "Sensus" (Universal, 2003) e "Ulisses" (Universal, 2005), de Cristina Branco, onde Custódio Castelo é compositor, produtor, arranjador e executante.
«O sucesso desta associação musical com Cristina Branco está bem patente nos prémios conquistados: o prémio "Choc de L´Année du Monde de la Musique", na categoria de World Music, atribuído em 1998 ao disco "Murmúrios" e, no ano seguinte a "Post Scriptum". O "Descobridor" foi disco de platina na Holanda e o "Corpo Iluminado" foi disco de ouro tanto na Holanda como na Bélgica».
O virtuosismo das suas interpretações e a reconhecida qualidade das suas composições para guitarra portuguesa levaram Custódio Castelo a conquistar o palco, como solista, em concertos um pouco por todo o mundo, sobressaindo o Festival de Belo Horizonte, no Brazil, o World Music Festival of Philadelpia, nos Estados Unidos, o International Festival de Rabat, em Marrocos, o North Sea Jazz Festival, em Haia ou o Festival du Sud, em França.
O guitarrista também se tem apresentado em inúmeros espetáculos com intérpretes de outras áreas musicais. Exemplo disso são os casos de Richard Galliano, Arrigo Cappelletti, André Dequech, Daniele di Bonaventura, Davide Zacaria, Ben Wolf, Leonardo Amuedo, Olga Pratz e Cármen Linares, entre muito outros.
«Em 2004, perante uma inesperada cirurgia, devido a uma rutura de ligamentos do ombro direito, Custódio Castelo temeu o fim prematuro da sua carreira como instrumentista. Apesar da grande dificuldade de execução e revelando uma enorme força de vontade, o guitarrista reuniu músicos e amigos que sempre o acompanharam (Jorge Fernando, Alexandre Silva, Fernando Maia, Marino de Freitas, Miguel Carvalhinho, Carlos Manuel Proença, Carlos Velez, Carlos Garcia, Filipe Larsen) e gravou em estúdio o seu único disco a solo – "Tempus"»
Voltou ao ativo no início de 2005, participando nos trabalhos discográficos de vários fadistas.
«Custódio Castelo gravou com Jorge Fernando todos os seus discos de fado, e gravou e/ou produziu inúmeros trabalhos de outros artistas como foi o caso de Mariza ("Fado em Mim", World Connection, 2001), Maria da Fé ("Divino Fado", CNM, 2003), Gonçalo Salgueiro ("Segue a Minha Voz", Movieplay, 2006), Raquel Tavares ("Raquel Tavares", Movieplay, 2006), Joana Amendoeira ("Joana Amendoeira", CNM, 2003; "À Flor da Pele", HM Música, 2006), Ana Moura ("Para Além da Saudade", Universal, 2007).
Como compositor possui aproximadamente 200 temas registados na Sociedade Portuguesa de Autores.
«Marcos recentes da sua carreira a solo são o espetáculo "Sobre Camões", levado ao palco a 21 de outubro de 2007, uma obra criada em exclusivo para a Casa da Música, no Porto, ou o disco "Ventus" que Custódio Castelo tem preparado para editar».
No seu trabalho "Encores" alia-se à voz de Margarida Guerreiro apresentando poemas de Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Vasco Graça Moura, David Mourão Ferreira, Eugénio de Andrade, entre outros, sobre composições de sua autoria. O projeto Encores conta já com um CD gravado ao vivo na Igreja da Misericórdia de Montemor-o-Novo em 2006.