Concertos Promenade | Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão
A Orquestra de Sopros da EPABI sob a direção de Francisco Luís Vieira marcará presença nos Concertos Promenade da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. A apresentação será da responsabilidade de Jorge Castro Ribeiro e o solista será Bruno Silva.
Música do séc. XX para Orquestra de Sopros
No dia 8 de maio de 2016, pelas 11:30, a Orquestra de Sopros da EPABI sob a direção de Francisco Luís Vieira marcará presença nos Concertos Promenade da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.
O solista será o clarinetista Bruno Silva e a apresentação estará a cargo de Jorge Castro Ribeiro
Notas do Programa por Jorge Castro Ribeiro
Danzón nº 2 de Arturo Marquez
Esta composição do proeminente compositor mexicano Artur Marquez inspira-se num estilo de dança em pares chamado precisamente Danzón, com origens em Cuba mas muito conhecido no México. Neste país o Danzón é muito popular em várias regiões e dança-se em grandes salões de baile públicos. Os bailarinos conhecem bem não só o ritmo, mas também a estrutura da música que define as várias partes da dança, numa espécie de rondó (uma das formas é A B A C A D, em que A é a Introdução ou paseo; B o Tema ou parte de la flauta; C é o Trio ou parte del violin; e finalmente D é o mambo.)
O Danzón nº 2 foi composto por encomenda da Universidade Autónoma Nacional do México e estreada em 1994. O compositor considera-a um tributo ao ambiente popular que alimenta este género musical. Segundo as suas palavras procura “chegar o mais próximo possível da dança, das suas melodias nostálgicas, dos seus ritmos selvagens e, embora viole a sua intimidade, a sua forma e linguagem harmónica, é uma forma muito pessoal de prestar homenagem e expressar as minhas emoções em relação à verdadeira música popular.” A obra inclui solos de piano, violino, trompete, flautim, oboé e clarinete em várias secções. A variação dos acentos rítmicos é um dos aspectos mais importantes desta obra, que cria um sentido de mudança do tempo. Ao longo da partitura as explosões rítmicas, melódicas e tímbricas têm uma enorme eficácia, tanto estética como emocional, que, certamente, justificam a grande adesão que o público sempre tem à sua execução ao vivo.
Immer Kleiner («Cada vez menor») de Adolf Schreiner
O subtítulo desta fantasia humorística - Immer Kleiner (“Cada vez mais pequeno”) – diz que “deve ser tocada durante o quarto minguante” e logo por aí compreendemos que a peça tem uma intenção cómica. A obra é para clarinete solo e orquestra, exigindo-se ao clarinetista que gradualmente vá tocando em circunstâncias mais difíceis... o clarinetista tem que – literalmente – ir desmontando aos poucos o seu instrumento, começando pela campânula, continuando com o corpo, até ficar apenas com a boquilha do clarinete para tocar. O resultado musical é hilariante e admirável, já que a peça exige um grande virtuosismo e grande capacidade do clarinetista.
Out Of Africa de John Barry / transcrição de Johan de Meij
O compositor inglês John Barry escreveu música para mais de 70 filmes entre os quais cinco que ganharam Óscares, nomeadamente O Cowboy da Meia-Noite, Dança com Lobos e África Minha (“Out of Africa” na versão original). Escreveu música para 11 filmes de James Bond, o famoso 007.
Out of Africa, que em Portugal foi apresentado como “África Minha”, foi dirigido por Sydney Pollack e estreou em 1985. O argumento do filme é baseado numa história autobiográfica da escritora dinamarquesa Karen Blixen. Tendo casado por conveniência a escritora deixou a Dinamarca para ir viver para o Quénia onde se apaixona por um caçador inglês. É um grande romance em que as fantásticas imagens feitas de avião sobre os espaços naturais africanos, combinadas com a música orquestral de Barry, amplificam de forma feliz e eficaz a beleza e o dramatismo da história.
Vientos y Tangos de Michael Gandolfi | Nota do compositor
“Vientos y Tangos foi encomendada pela Comissão do 70º Aniversário do maestro Frank L. Battisti e também lhe é dedicada como reconhecimento pelos imensos contributos para o desenvolvimento da literatura de concerto para Banda Sinfónica. Foi um pedido especial do Sr. Battisti que eu escrevesse um tango para orquestra de sopros. Na preparação desta peça devotei vários meses ao estudo e transcrição de tangos desde o antigo estilo de Juan D’arienzo e do estilo “Tango Nuevo” de Astor Piazzolla até às correntes actuais do “Disco / Tecnho Tango” entre outros. Após esta experiência de imersão auditiva, eu apenas permiti que as características mais salientes destes variados tangos informassem a direcção do meu trabalho. O contorno dinâmico e as várias combinações instrumentais que utilizo na peça são todas inspiradas pelos sons tradicionais do bandoneon, o violino, o piano e o contrabaixo.
Gostaria de expressar a minha gratidão ao Sr. Battisti pela sua liderança inspiradora enquanto maestro do Ensemble de Sopros do Conservatório da Nova Inglaterra durante mais de trinta anos. A primeira vez que ouvi a obra do Sr. Battisti foi quanto era estudante no Conservatório da Nova Inglaterra no final da década de 1970. Fiquei imediatamente tocado pelo seu alto padrão artístico, pela sua capacidade de motivar os jovens músicos, pelo respeito pelos compositores do passado e do presente que ele sempre exprimiu aos seus estudantes. Também gostaria de agradecer ao Dr. Federick Harris Jr. pelo seu profissionalismo e trabalho empenhado na organização da Comissão.”
Polka da Risota de J. Santos Rosa
José Santos Rosa nasceu em Pernes, no Ribatejo, em 1932, e começou a trabalhar como carpinteiro ainda muito jovem. Aprendiz na banda da sua terra, rapidamente se evidenciou como músico excelente. Depois do serviço militar dedicou-se apenas à música, tendo feito carreira como instrumentista – saxofone e clarinete – arranjador e compositor. Santos Rosa organizou e tocou em vários agrupamentos e orquestras ao longo da sua vida, contactando com diversos estilos e linguagens musicais. A sua obra como compositor é extensa e variada especialmente no âmbito da chamada “música ligeira”, incluindo composições para orquestra ligeira com voz, obras para banda, algumas composições de música de câmara e, sobretudo, muitos arranjos.
A Polka da Risota que ouviremos tocada pela Banda Sinfónica existe também numa versão para quarteto de clarinetes. Nesta peça um clarinete solista desenvolve o discurso musical em torno de efeitos sonoros semelhantes a gargalhadas, que conferem à peça um grande potencial cómico. De resto, segundo o compositor que a interpretou muitas vezes, é directamente inspirada nas gargalhadas de uma senhora da sua terra.
Mambo (West Side Story) de Leonard Bernstein
West Side Story é originalmente uma peça de teatro musical estreada em 1957, em Nova Iorque, com música do famoso maestro e compositor Leonard Bernstein. A história relata um amor proibido entre dois jovens (Tony e Maria) associados a dois grupos juvenis rivais de Nova Iorque (os Jets e os Sharks) e é inspirada na intemporal peça Romeu e Julieta de William Shakespeare. Dado o seu enorme sucesso, a peça deu origem a digressões nacionais e internacionais e também a um filme que ajudou a popularizar ainda mais a sugestiva música de Bernstein.
Leonard Bernstein nasceu nos Estados Unidos e era filho de um casal de judeus ucranianos emigrados na América. Começou a estudar piano bastante cedo e revelou-se um talentoso músico ainda muito jovem. A sua carreira dividiu-se entre a composição (na qual abordou os mais variados estilos e géneros, das obras sinfónicas, aos musicais, óperas, ballets, música para filmes, música de câmara, música para piano e canções) e a direcção de orquestra. Neste domínio dirigiu as mais importantes e prestigiadas orquestras do mundo.
Mambo é um dos andamentos das “Danças Sinfónicas de West Side Story” uma suite arranjada a partir de temas da peça de teatro musical. O mambo é uma dança rápida de inspiração cubana de ritmo contagiante que, na história do musical, é tocada num baile do bairro em que se encontram os protagonistas e os bandos rivais. A intensidade rítmica desta peça oferece um momento de dança e coreografia de grande riqueza já que os dois grupos se desafiam endiabradamente sempre dançando num efeito psicológico de intenso dramatismo.
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