Péter Wolf: Wolf-Temperiertes Klavier


Péter Wolf: Wolf-Temperiertes Klavier

Wolf-Temperiertes Klavier

Péter Wolf

Jósef Balog

BMC Records
BMC CD 259

2018 / 2 CD


O título pode aludir a uma colagem ou inspiração directa em Wohltemperierte Klavier (Cravo bem temperado) de Johann Sebastian Bach. No entanto, este recente título da BMC Records regista pela primeira vez em fonograma uma obra que se inspira, sobretudo, na forma do prelúdio para tecla e na sua vasta expressão na história da música. De Bach a Debussy, Wolf-Temperiertes Klavier, do compositor húngaro Péter Wolf (1952-), reúne 24 «prelúdios pós pós-modernos», como lhes chama Gergely Fazekas, autor das notas à margem que acompanham este álbum duplo. E o plural em «Temperiertes» é bem representativo da diversidade de influências patentes nesta obra de Wolf. Há uma fusão evidente entre diferentes compsitores que exploraram de forma mais afincada a forma do prelúdio e suas variantes, desde os modelos da escrita virtuosística de Franz Liszt e a de Chopin, mas também da tradição germânica de Schumann e Mendelssohn viajando até à música do impressionismo francês de Debussy e Ravel, a par com um toque jazzístico que marca episodicamente alguns dos prelúdios e alguns laivos da música de tradição popular magiar que vão surgindo aqui e ali.
O modelo de Bach é sobretudo evidente na organização cromática das 24 tonalidades menores e maiores utilizadas de forma consecutiva para cada um dos prelúdios. A abordagem criativa não obedece a nenhum tema fixo. Alguns prelúdios assentam em simples referências a um determinado andamento, outros assumem um carácter programático inequívoco, e há ainda a ligação, em alguns casos, com a escrita de compositores como Chopin (prelúdio nº 22 ou Debussy (preludio nº 15), assumida logo no título das peças.

A estreia desta colecção aconteceu em 2013 pelo pianista József Balog, que gravou em concerto o produto artístico fixado nestes 2 CD. As suas interpretações demonstram uma grande destreza na ornamentação, muito recorrente em diversas peças desta colecção. Ao mesmo tempo, Balog executa com igual mestria prelúdios com um carácter marcadamente virtuosistico a par com outros que assumem uma escrita mais contemplativa e até, por vezes, minimalista. Esta escrita contrastante entre os diferentes prelúdios exige do pianista uma grande sensibilidade técnica e estilística e uma criteriosa exploração dinâmica, algo que Balog consegue concretizar com brilhantismo.
Uma audição surpreendente, tanto do ponto de vista da obra musical como da qualidade interpretativa com que a mesma ganha vida.

Performance:

Qualidade Sonora / Recording:

Aparato Editorial / Artwork & Texts:

Tiago Manuel da Hora

Tiago Manuel da Hora

Produtor e Musicólogo, autor de várias publicações, rubricas e argumentos para espetáculos musicais. Com uma intensa actividade no ramo da produção discográfica, assinando edições nacionais e internacionais, tem sido também responsável pela criação, direcção artística e produção de diversos concertos e espetáculos. É investigador do INET-MD da Universidade Nova de Lisboa, onde dedica as suas atenções ao estudo da produção discográfica.

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