Macadame no XpressingMusic
O XpressingMusic foi desta vez ao encontro dos Macadame. Este projeto de Coimbra aposta na recriação da música tradicional portuguesa seguindo uma linha de inovação e contemporaneidade, o que traz ao grupo novas sonoridades e ambiências.
XpressingMusic (XM) – Em que ano nasceu o projeto Macadame? Querem contar-nos como tudo começou?
Macadame (M.) – À volta de uma mesa de madeira, em 2010, a cantar e a tocar. O exercício de trabalhar sobre recolhas musicais era comum a todos os elementos da banda, por força de o fazermos no grupo onde todos nos conhecemos. A amizade já existia e daí à necessidade de se fazer uma banda onde pudéssemos expandir a nossa criatividade e onde pudéssemos manifestar outras maneiras de ler o mesmo tipo de recolhas, com outros instrumentos e recursos, foi um instante e, diríamos até, a evolução natural que surgiu como necessidade deste grupo de amigos.
XM – Coimbra surge como cidade Berço para este projeto. A cidade exerce algum fascínio especial sobre os músicos deste grupo?
M. – Nenhum em especial, exceto pelo facto de lá ter sido onde nos conhecemos e onde ensaiamos. Se bem que Coimbra também é música. Não há quem o negue.
XM – Todos os elementos deste projeto possuem formação musical? Podem apresentar-se?
M. – Conhecemo-nos num grupo a tocar música, o GEFAC. Tocamos o que já sabíamos e que aprendemos na nossa formação e aprendemos muito sobre música, especialmente tradicional portuguesa. A formação musical é contínua e os Macadame são um exercício de constante aprendizagem e evolução.
XM – Definem-se como um grupo que trata a música tradicional de forma diferente da de outros projetos similares. O que distingue os Macadame?
M. – Estas músicas que podem ouvir (e baixar) no nosso site são apenas a nossa visão. Mantemos o exercício de trabalhar sobre a música tradicional que tantos outros também fazem… e que o fazem tão bem.
XM – Quais os sentimentos que vos invadiram quando souberam que iriam participar no espetáculo “Vira como a Vida” incluído na abertura do 2º Ciclo de Programação da Capital Europeia da Cultura "Tempo para Criar"? Falem-nos um pouco desta vossa participação…
M. – Uma alegria enorme. Foi bom pela experiência de residência artística, viver a movimentação da Capital, que nos surpreendeu imenso, ver a vida da cidade em ebulição, apesar da conjuntura atual mas, sem dúvida, o que mais nos marcou individualmente e coletivamente foi podermos ter participado num espetáculo concebido pela Clara Andermatt que admiramos enquanto criadora. Para além disso pudemos participar criativamente, pois foi-nos dada a liberdade de criarmos “à la Macadame” músicas já tocadas pelo Rancho Folclórico de Serzedelo que é um grupo com quem foi muito bom trabalhar. E também podermos ter conhecido os Fura Dels Baus e ter trabalhado com o CCTAR e perceber a enormidade que isso foi, muito pela maturidade que daí veio.
XM – Avizinham-se certamente outros espetáculos. Podem revelar aos nossos leitores os vossos projetos para um futuro próximo? Onde podemos ir ver os Macadame?
M. – Iremos participar no espetáculo de encerramento da Capital Europeia da Cultura previsto no convite que nos foi feito pela Clara Andermatt, vamos dar início à gravação do nosso primeiro CD e contamos apresentarmo-nos ao vivo com o nosso espetáculo ao longo deste último trimestre de 2012.
XM – Obrigado por este bocadinho que dedicaram ao XpressingMusic. Para terminar gostaríamos de vos perguntar se consideram que os tempos que vivemos são propícios à formação de projetos deste género. Partilham da opinião de que existe atualmente uma certa vaga de grupos acústicos, apostados em sonoridades ligadas ao mundo da música de tradição?
M. – Acústico só temos a braguesa, instrumento que parece ter renascido com a utilização crescente por vários grupos. E a belíssima voz da Vânia Couto. De resto, uma das coisas que nos caracteriza é também a utilização de instrumentos elétricos e até de eletrónica, raramente utilizados na música tradicional. Os tempos que correm não parecem ajudar à criação de modelos conhecidos de subsistência, principalmente na música e nas artes. Daí que surja espaço à criatividade para que a música e outras interpretações artísticas perdurem. De qualquer maneira, achamos que ainda podemos viver e poder usufruir do que a vida nos pode dar em especial de algo que ninguém nos pode tirar que são a criatividade e a liberdade de criar como elevação da expressão humana.
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