André Barros. O pianista e compositor em entrevista.

André Barros, Piano

André Barros falou-nos do seu “In between” e da carreira que tem vindo a consolidar no âmbito da composição de Bandas Sonoras. Em 2015 conquistou o prémio para melhor banda sonora nos Los Angeles Independent Film Festival Awards. Diz-nos que a composição para cinema é uma paixão: «É, sem dúvida, uma das melhores formas de me exprimir musicalmente, sendo que compor para imagem é algo que me satisfaz imenso. Para além de ser a melhor forma, atualmente, de subsistir financeiramente trabalhando a tempo inteiro na música... “Soundtracks Vol. I” foi a primeira compilação de temas que compus para bandas sonoras, e neste momento tenho já material para um possível segundo disco, sentindo que estou, a cada banda sonora que produzo, em permanente evolução e espero assim continuar por muitos anos!»

André Barros, muito obrigado por nos dedicar um pouco do seu tempo. Como caracteriza o disco “In Between”?
Eu é que agradeço a simpatia! “In between”, embora seja o meu terceiro disco de originais, é o primeiro que tem uma pré-produção propriamente dita, no sentido de lhe ter dedicado tempo antes de partir para as gravações por forma a encontrar aquela que será uma possível narrativa ou história por detrás dos temas e do alinhamento. “In between” pretende ser uma metáfora para aqueles momentos em que todos nós de vez em quando entramos, momentos esses que marcam uma transição entre as diferentes fases ou acontecimentos importantes nas nossas vidas. São situações de limbo, de incertezas ou de fascínio, que de certa forma tentei reproduzir musicalmente dando-lhes títulos que possam sugerir isso mesmo, como é por exemplo o caso do primeiro tema “Reynir”, que alude a uma situação de perda de um familiar, neste caso uma dedicatória ao falecido avô da Myrra Rós, de nome Reynir. É um disco eclético, maduro e criado com serenidade e paixão! Espero que possa transparecê-lo!

André Barros, PianoO que distingue este novo trabalho, por exemplo, do disco “Circustances”, lançado em finais de 2013 pela Omnichord Records? O que há para além da natural crescente maturidade musical?
Diria, em primeiro lugar, aquilo que já referi na resposta anterior, portanto a existência em “In between” de uma pré-produção com vista a pensar num álbum que respeite a uma determinada estética e narrativa. Pelo contrário, ”Circustances”, por ser o meu primeiro trabalho, surgiu naturalmente como sendo uma “coletânea” de temas que já havia produzido por forma a materializar o desejo de partilha do meu trabalho com um público maior. Uma outra grande diferença diz respeito às várias colaborações que tenho neste novo disco, e colaborações estas que trazem voz e percussão ao meu trabalho, como ainda não havia acontecido nos outros discos editados.

A ideia de convidar Rodrigo Leão e Myrra Rós para este disco partiu do André?
Sim, e não apenas o Rodrigo e a Myrra, mas também os amigos Tiago Ferreira (pianista) e o José Carlos Duarte (baterista). A Myrra é quem assume o destaque nestas várias colaborações pois ditou a minha viagem até à Islândia para gravar alguns dos temas e colabora em três deles. Criou as letras e as melodias de voz. José Carlos Duarte foi a minha primeira escolha para criar os arranjos de percussão dos temas com voz. Já o incrível Rodrigo Leão participou nos arranjos de um dos temas (“Pulso”) e o talentoso pianista de jazz Tiago Ferreira partilhou comigo a composição e a gravação do tema “A cidade na barriga da mãe”.

Pode partilhar com os nossos leitores quais outros nomes da grande equipa que trabalhou neste “In Between”?
Os restantes músicos convidados, embora não tenham participado na composição ou criação dos arranjos, foram obviamente fundamentais para me ajudarem a executar de forma exímia este trabalho, estando eu grato pela sua dedicação e entusiasmo! São eles, sem qualquer ordem em especial: Yumiko Ishizuka, Otto Pereira, Helga Þóra Björgvinsdóttir, Sandra Escovar, Cátia Alexandra Santos, Fernando Costa, Joana Correia, Júlía Mogensen, Salomé Pais Matos e Ana Beatriz. Na captação, mistura e masterização contei com o amigo e técnico de som incrível Jorge Barata. Já na Islândia, como fabuloso Birgir Jón Birgisson. Por fim, tive o apoio incondicional da Uguru e destaco ainda a bela contribuição fotográfica da Carla de Sousa, que deu vida à capa e contracapa deste álbum!

André Barros, Piano

O que o chamou na Islândia? Havia uma forte vontade de conhecer outras realidades musicais e profissionais?
A Islândia sempre me despertou um fascínio enorme, quer pela sua singularidade em termos de gentes e de paisagens, quer por ser a casa de inúmeros talentos da música atual, como o é a extraordinária Myrra Rós. Depois de ter estado por lá em 2012, estagiando como assistente de técnico de som no estúdio Sundlaugin, criado pelos Sigur Rós, desde então senti que devia lá voltar para gravar o meu próprio trabalho, e tal se proporcionou com o convite que dirigi a Myrra Rós.

André Barros, PianoA composição de bandas sonoras é a sua principal paixão neste momento? Considera que o trabalho "Soundtracks Vol. I" editado em 2015 resume bem todo o potencial do André Barros enquanto criador de “cenários sonoros”?
É, sem dúvida, uma das melhores formas de me exprimir musicalmente, sendo que compor para imagem é algo que me satisfaz imenso. Para além de ser a melhor forma, atualmente, de subsistir financeiramente trabalhando a tempo inteiro na música... “Soundtracks Vol. I” foi a primeira compilação de temas que compus para bandas sonoras, e neste momento tenho já material para um possível segundo disco, sentindo que estou, a cada banda sonora que produzo, em permanente evolução e espero assim continuar por muitos anos!

O prémio para melhor banda sonora nos Los Angeles Independent Film Festival Awards conquistado em 2015 pelo seu trabalho na curta-metragem “Our Father”, de Linda Palmer, foi um grande voto de confiança naquilo que tem vindo a fazer nesta área?
Sem dúvida alguma, faz-me crer que estou a seguir o caminho certo e dá-me a confiança e a sensação de que estou lentamente a conquistar credibilidade nesta indústria, o que para mim é de extrema importância dado o meu desejo de nunca desiludir as equipas e os cineastas que em mim confiam.

Muito obrigado pelo tempo dedicado aos nossos leitores. Há concertos novos para breve? Como é apresentado ao vivo este novo disco? Participam os mesmos músicos que encontramos na ficha técnica?
Eu é que estou grato! “In between” teve já a sua estreia ao vivo na Casa da Cultura Teatro Stephens na Marinha Grande (a minha cidade natal), onde estiveram presentes grande parte dos músicos que entraram na produção deste disco, e por agora encontro-me em fase de promoção com pequenos showcases um pouco por todo o País, com formações mais reduzidas. Novos concertos de apresentação, desta vez na cidade de Lisboa e talvez no Porto, serão anunciados em breve.

André Barros. O pianista e compositor em entrevista.

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