Ararur. Entre a World Music e o Jazz brilha a língua portuguesa
«(...) O nosso CD foi distinguido nos “Independent Music Awards” com o prémio de “Best Jazz Album with Vocals”. Nem queríamos acreditar que entre concorrentes de todo o Mundo o nosso CD tinha sido o escolhido! Ainda mais por um júri que contava com nomes como: Ann Wilson & Nancy Wilson dos Heart, Chiddy Bang, Suzanne Vega, G. Love, Sharon Jones, Laurie Anderson, Jim Lauderdale, Krewella, Shelby Lynne, Joshua Redman, Lunice, The Wood Brothers, Hudson Mohawke, Raul Midon, Melissa Auf der Maur, Aoife O’Donovan, Judy Collins, Meshell Ndegeocello, Arturo Sandoval, Band Of Skulls, entre outros (...)».
Obrigado por partilharem o vosso “Abril” com os nossos leitores. Podemos começar mesmo por aí. Como caracterizam este Abril que acabam de lançar?
“Abril” é um tema muito bonito. Julgo que podemos ouvir influências pop mas, ao mesmo tempo, tem algo de fresco e diferente do que é habitual ouvir nas rádios. É engraçado que, por detrás de uma aparente simplicidade, este tema é feito do que, nós músicos, chamamos um 11 por 4. É um compasso pouco usual e até brincamos: se este tema passar em rádios mais comerciais será a primeira vez que algo deste género acontece.
O disco que aí vem seguirá a mesma linha estética deste tema?
Sim e não. Tanto neste disco, como no anterior, cada tema tem uma identidade muito própria e, nesse sentido, nenhum se assemelha a outro. Temos desde momentos de improvisação coletiva a músicas assumidamente Groove. Temos músicas com e sem letra, música portuguesa mas também influências musicais de diferentes partes do mundo. “Abril”, talvez mais do que as outras músicas, foi buscar influências pop. É toda esta mistura que faz a sonoridade Ararur, que dá coerência ao nosso trabalho e isso verifica-se também no tema “Abril”.
Todos os músicos têm formação superior na área da música?
Sim, entrámos todos no mesmo ano para a Escola Superior de Música de Lisboa. Fomos colegas de licenciatura e, no final do curso, formámos os Ararur.
O primeiro disco contou com preciosos apoios. O novo disco que aí vem também terá algum tipo de financiamento?
O primeiro CD surgiu de uma situação muito específica. Uma residência artística em Serpa, no Musibéria, que apoia projetos de criação artística nas mais variadas artes, permitiu a gravação do primeiro CD Ararur.
Agora, o que fez avançar este CD foi o interesse da Music For All. Todo ele é financiado pelos Ararur, mas agora contamos com uma editora para nos ajudar a divulgar o nosso trabalho e tentar alcançar maiores feitos.
Apresentem-nos então os elementos que formam os Ararur dizendo-nos o que faz cada um fora do âmbito deste projeto.
Os Ararur são um quinteto formado pela Ângela Maria (letrista e cantora), António Silva (compositor e guitarrista), João Capinha (saxofonista), Francisco Brito (Contrabaixista) e João Rijo (Baterista). Somos todos músicos profissionais, por isso, todos nós tocamos noutros grupos que não os Ararur e também damos aulas relacionadas com música.
Cantar em português é um compromisso?
Cantar em português surgiu de forma natural. Os nossos temas têm uma componente melódica muito forte. Na verdade todos eles podiam muito bem sobreviver e serem tocados sem letra. Podemos até constatar isso com a música “Abril”. Depois do tema ser cantado, ele é reexposto outra vez, mas desta vez de forma instrumental, e funciona muito bem. No entanto, pensámos que vários dos temas podiam ganhar ainda mais profundidade com letra e é à Ângela que cabe essa difícil tarefa, não só de escrever a letra mas também de a transmitir ao público posteriormente. Como para a Ângela escrever e cantar em português é o mais natural foi esse o caminho seguido. E ainda bem pois ficou parte marcante do que é o som Ararur.
O vosso trabalho enquadra-se na world music? Quais as vossas principais influências musicais?
É difícil rotular a nossa música. Todos os elementos do grupo Ararur tiveram a sua formação superior na área do Jazz e isso nota-se, principalmente no facto de termos sempre espaço para a improvisação nos nossos temas. No entanto, os nossos temas e ritmos parecem muitas vezes ligados mais ao World Music, ainda mais por termos letras em português. Por isso julgo que o nosso trabalho se pode enquadrar tanto na World Music como no Jazz.
Terem sido selecionados em 2013 como Jovens Criadores do Ano pelo Clube Português de Artes e Ideias, tendo inclusivamente sido escolhidos para representar Portugal na VI Bienal de Jovens Criadores da CPLP, em Salvador da Bahia, Brasil, trouxe-vos um novo fôlego?
Essa distinção aconteceu logo depois de termos lançado o nosso primeiro CD. Mais do que um novo fôlego, foi a ideia de que estávamos no caminho certo, e a desenvolver um trabalho que pode deixar marcas positivas nas pessoas que o ouvem.
Como foi recebido o vosso trabalho no Brasil?
Foi muito engraçada a experiência de irmos ao Brasil. Tocámos duas vezes inseridos na Bienal de Jovens Criadores: uma vez de forma mais intimista, exclusivamente para os jovens criadores de todos os países; e uma segunda vez, na praça central de Salvador da Bahia, para um público mais vasto. Tivemos um feedback muito positivo por parte das pessoas. Só foi pena não termos levado mais CD's para o Brasil, vendemos todos e ainda tínhamos muito mais pessoas interessadas em comprar e já não tínhamos mais para vender.
Mas houve mais prémios e reconhecimentos... Podem partilhá-los com os nossos leitores?
Depois da Bienal acabámos por ser distinguidos com um prémio internacional. O nosso CD foi distinguido nos “Independent Music Awards” com o prémio de “Best Jazz Album with Vocals”. Nem queríamos acreditar que entre concorrentes de todo o Mundo o nosso CD tinha sido o escolhido! Ainda mais por um júri que contava com nomes como: Ann Wilson & Nancy Wilson dos Heart, Chiddy Bang, Suzanne Vega, G. Love, Sharon Jones, Laurie Anderson, Jim Lauderdale, Krewella, Shelby Lynne, Joshua Redman, Lunice, The Wood Brothers, Hudson Mohawke, Raul Midon, Melissa Auf der Maur, Aoife O’Donovan, Judy Collins, Meshell Ndegeocello, Arturo Sandoval, Band Of Skulls, entre outros.
Para além desta distinção, os “Independent Music Awards” deixam o público votar nas suas preferências e pessoas de todo o Mundo acabaram por escolher não só o nosso CD como “Best Jazz Album with Vocals” como escolheram a nossa música “Ela” como a melhor canção nesta mesma categoria!
O vosso novo CD será editado pela Music For All. Como surgiu esta oportunidade?
Fomos contactados pela Music For All que gostaria de editar o nosso novo trabalho, algo que já estávamos a pensar fazer. O tempo foi oportuno e, ter uma editora que diz acreditar no nosso trabalho e que nos quer dar relevo a nível nacional e internacional, foi algo a que não conseguimos resistir. É bom estar de volta com novas músicas e é graças à Music For All que este trabalho vai agora ser lançado.
Mais uma vez agradecemos esta partilha. Onde podermos ver-vos e ouvir-vos em breve?
O lançamento do CD está marcado para 5 de dezembro. Nessa altura contamos ter vários concertos ao longo do país mas para já não podemos confirmar nenhum. Se nos quiserem seguir podem fazê-lo em www.facebook.com/ararur. Aqui podem seguir as nossas novidades e saber a agenda de concertos. Deixamos a sugestão de ouvirem o nosso primeiro CD e o nosso single.
Muito obrigado pelo interesse!
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