Paulo Flores, a carreira e o novo disco “Bolo de Aniversário”

Paulo Flores falou ao XpressingMusic do novo trabalho “Bolo de Aniversário” que será apresentado no dia 15 de junho no Casino Estoril. Falou-nos ainda sobre outras datas e locais por onde passará a festa deste disco. «(...) o lançamento em Luanda também no final do mês, depois Benguela, depois temos Nova Iorque, Luxemburgo, Lichtenstein, o festival de Sines em que este ano irei participar e mais alguns que não sei bem onde nem datas, mas o bolo de aniversário vai ser fatiado em várias línguas e localizações». Sobre o Semba disse-nos: «Já o senti (...) como uma missão. Em 94, quando comecei essa incursão pelo Semba, foi por achar que se estava a perder o género, que não estava a ser transmitido dos mais velhos para os mais novos. Hoje acho que já conseguimos que muitos jovens se interessem e toquem também o Semba, então acaba por não ser tanto uma missão hoje em dia, mas sem dúvida um enorme prazer que me dá, expressar nos meus Sembas o que somos e sentimos».
Muito obrigado por nos conceder esta entrevista. Vem aí o “Bolo de Aniversário”. É uma experiência doce, a que traz com este novo disco?
Espero que as pessoas o considerem doce ao ponto de devorarem cada fatia. Espero que seja renovador para a esperança de quem o ouvir e provar.
Pode apresentar-nos a equipa que o ajudou na confeção deste “Bolo de Aniversário”?
Claro! Este disco teve a participação de músicos que residem em Portugal e outros que vieram de Angola como Armando Goblisse que fez alguns arranjos e teclas, Tedy Nsingui legendário, guitarrista Angolano que foi muito importante em temas como "Semba pra Luanda" e " Coko ", Mias Galheta e Rolando Semedo nas violas baixo, Pirika Duya no Violão, Sérgio Belera que fez também arranjos e Teclas, Hélio Cruz e Marito Furtado que foram os bateristas, Miguel e Rui Gonçalves trompete e trombone e Elmano Santos Sax e flauta. Tive ainda o grande Manecas Costa nas guitarras e Betinho Feijó também no violão, na percussão João Ferreira e Bucho. As vozes foram feitas pela Zizzy Vasconcelos, Yura Silva e Gerson Martha. No final, até os meus filhos participaram, o Joshua com palmas, o Kiari com um solo de Congas e a Kesiah que tem 10 anos cantou comigo uma das músicas que se chama " Semba Vadio".
Defender o Semba é para o Paulo Flores uma missão?
Já o senti dessa maneira, como uma missão. Em 94, quando comecei essa incursão pelo Semba, foi por achar que se estava a perder o género, que não estava a ser transmitido dos mais velhos para os mais novos. Hoje acho que já conseguimos que muitos jovens se interessem e toquem também o Semba, então acaba por não ser tanto uma missão hoje em dia, mas sem dúvida um enorme prazer que me dá, expressar nos meus Sembas o que somos e sentimos.
Qual a música que mais ouve e quais as principais influências que podemos ver espelhadas na sua música?
Neste disco as influências passam muito pela música que se fazia e ouvia em Angola nos anos 80, com influência do Haiti, das Antilhas e da própria música de Angola, mas normalmente ouço muita música do mundo inteiro, desde o Brasil, América Latina e América do Norte, música das várias partes de Africa, da Ásia, ouço tudo e tudo me influencia.
O que representam para si 30 anos de carreira e mais de quinze discos gravados? São números que o responsabilizam?
Quando comecei a compor e a cantar, nunca me motivou a história de ser famoso. Eu queria mesmo era mudar o mundo. Nesse sentido, sempre vi a minha carreira e as letras e músicas que ia criando, como uma forma de dar voz a quem não tem, como um bálsamo do qual nos servimos muitas vezes para aliviar a nossa dor, angolanos, moçambicanos, e vários falantes da língua portuguesa. Vejo um pouco esses quase 30 anos como um privilégio por tudo o que aprendi e recebi das pessoas e do que consegui dar de volta. Com o tempo e com a idade começas a ter uma maior noção da responsabilidade que é falar e sentir o que somos enquanto africanos e cidadãos do mundo.
As suas canções são autobiográficas? O povo angolano tem nas suas canções um forte aliado?
Claro que são. Algumas até me ensinam a perceber mais sobre mim próprio. É até um pouco surpreendente para mim saber-me tão despido em frente a todos aqueles que ouvem e conhecem, por saberem tanto sobre o que sou e sinto. Acho que não são só os angolanos que tem a minha música e as minhas palavras como aliado. Temos tanto em comum nos nossos países Lusófonos que quando canto a realidade de Angola estou a cantar a realidade de Moçambique ou da Guiné-Bissau, dançamos a mesma dor e choramos a mesma alegria, porque nos une.
O novo disco vai ser apresentado oficialmente ao vivo no dia 15 de junho no Casino Estoril. Está a preparar algumas surpresas para essa noite? Quais são os músicos que subirão ao palco consigo?
Sim, naturalmente, não vou desvendar tudo aqui, mas teremos uma primeira parte só com as músicas novas e depois uma passagem pelos maiores sucessos, tudo com uma banda de suporte que terá como integrantes alguns dos músicos que participaram na gravação, como Helio Cruz, Manecas Costa a Naipe de Sopros entre outros.
Admira alguns músicos portugueses? Portugal tem sido um porto-seguro para acolher a sua música e o seu trabalho?
Portugal tem sido um porto-seguro para mim também, para a minha família e felizmente tem já algumas pessoas que acompanham o meu trabalho desde o início, outros mais recentemente, mas tem sido um bom porto para as minhas músicas também.
Artistas portugueses que admiro... são tantos, desde a Sra. Dona Amália Rodrigues, Hermínia Silva, Alfredo Marceneiro, Carlos Do Carmo, António Variações, Rui Veloso, Luís Represas, Ana Moura, Carminho, Marisa... bom, é tanta gente que poderia continuar o dia todo...
“O Bolo de Aniversário” vai entrar em digressão? Já há muitos espetáculos agendados?
Sim, felizmente temos o lançamento em Luanda também no final do mês, depois Benguela, depois temos Nova Iorque, Luxemburgo, Lichtenstein, o festival de Sines em que, este ano, irei participar e mais alguns que não sei bem onde nem datas, mas o bolo de aniversário vai ser fatiado em várias línguas e localizações.
Muito obrigado por este tempo que dedicou aos nossos leitores. Há ainda algum sonho por concretizar numa carreira com tantas conquistas?
Sim ainda tenho. No fundo foi o que ainda não consegui... mudar o mundo (risos).
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