José Luís González Uriol e «um sonho convertido em realidade»

José Luís González Uriol respondeu a algumas perguntas do Portal do Conhecimento Musical. Na altura em que estas questões foram elaboradas, estávamos nas vésperas do Simpósio Internacional “O Órgão Histórico em Portugal”. Foi nesse âmbito que o nosso entrevistado apresentou o CD “José Luis González Uriol in Lisbon”. O CD é um lançamento conjunto da Arkhé Music e da Artway Records que se reveste de especial valor tendo em conta que estas gravações realizadas em 1994 já eram tidas como perdidas. Foi o feliz reencontro com os registos realizados naquele tempo ao lado do grande amigo Joaquim Simões da Hora. «Tenho de confessar que, quando o meu querido aluno João Vaz, com alegria, me deu a notícia da descoberta do master que tínhamos como perdido, as lágrimas apoderaram-se dos meus olhos e o meu coração acelerou».
O órgão e o cravo foram paixões que cresceram consigo desde muito cedo? Recorda-se dos primeiros sons que produziu nestes instrumentos?
A primeira vez que coloquei as minhas mãos sobre um instrumento de tecla foi num Harmónio de uma Capela Carmelita em Zaragoza. Tinha eu 6 anos de idade. A minha grande paixão depois do Órgão foi o Clavicórdio que depois me conduziu até ao Cravo.
Montserrat Torrent, Macario Santiago Kastner, Luigi Ferdinando Tagliavini e Gustav Leonhardt foram nomes muito importantes na sua formação? Quais as principais características que absorveu de cada um destes mestres?
Na realidade posso afirmar que o meu grande professor foi Macario Santiago Kastner. Foi dele que recebi os ensinamentos mais profundos que me fizeram perceber a essência da Música Antiga. Esses conhecimentos têm-me acompanhado ao longo de toda a minha carreira artística. Todos os outros professores, com quem tive a oportunidade de trabalhar, deram-me uma amostragem de estilos de toda a literatura para instrumentos de tecla.
Encara a promoção e a divulgação da Música Antiga Espanhola como uma missão? Pensa que a música antiga deveria ser mais acarinhada?
Absolutamente! Considero a promoção e a divulgação da Música Antiga espanhola, e também da portuguesa, como a parte mais importante do meu trabalho artístico. Tanto uma como outra evidenciam o enorme valor artístico musical da Península Ibérica. Neste sentido, considero que um património com tão elevado valor mundial deveria ser estimado e apreciado como outro qualquer património artístico.
A criação do Curso e do Festival de Música Antiga de Daroca foi uma tentativa de dar uma maior visibilidade a esta área do conhecimento musical?
Claro... O Curso e o Festival de Música Antiga de Daroca, que este ano completa 38 anos de vida, é uma realidade que nasceu de uma força que se converteu num prestigiado ponto de partida para centenas de jovens que ali têm consolidado o seu trabalho. No mundo da Música Histórica, qualquer trabalho relevante que se tenha evidenciado nos últimos anos, passou pelo Curso de Daroca.
“José Luís González Uriol In Lisbon” é um sonho que se tornado realidade? Pode falar-nos um pouco deste trabalho que apresentou em Portugal?
Sim. É um sonho convertido em realidade. Tenho de confessar que, quando o meu querido aluno João Vaz, com alegria, me deu a notícia da descoberta do master que tínhamos como perdido, as lágrimas apoderaram-se dos meus olhos e o meu coração acelerou. Depois, mais tarde, o excelente trabalho e o enorme profissionalismo do Tiago Hora, João Vaz, Marco Brescia e Jorge e Bárbara, filhos de Joaquim Simões da Hora, verdadeira alma deste bonito projeto, contribuíram para um resultado de grande interesse artístico e histórico.
Muito obrigado por este tempo que nos dedicou. Para terminarmos esta entrevista gostaríamos que nos dissesse se há mais sonhos que sonhe concretizar em breve.
Neste momento, com uma equipa de prestigiados musicólogos, estou a levar a cabo um projeto interessante que consiste na edição de Obras de Órgão do extraordinário compositor espanhol e organista, Sebastian Aguilera de Heredia. E continuo também com projetos de gravação muito interessantes. Muito obrigado!
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