Ricardo Parreira. Uma guitarra portuguesa pelo mundo.

Ricardo ParreiraAcabado de chegar da Sérvia, Ricardo Parreira falou-nos da sua carreira, da sua aprendizagem com o seu pai e da recente participação na 17ª edição do Guitar Art Festival em Belgrado. «Participar no Guitar Art Festival foi uma ótima experiência. Este festival já existe há 17 anos e é muito conceituado no meio. Já por lá passaram grandes instrumentistas. Para além da preocupação com a qualidade dos concertos existe também uma preocupação pedagógica, quer pelo concurso entre alunos de guitarra de todo o mundo, quer pela realização de masterclasses e workshops que também tive o prazer de realizar. Apesar de ser um festival dedicado à guitarra clássica foi surpreendente ver a fantástica reação do público ao nosso concerto com vozes e fado. Toda a equipa é de uma amabilidade muito grande e são muito profissionais».

Ricardo, muito obrigado por nos dispensar um pouco do seu precioso tempo. Considera que o facto de ter nascido numa família onde a Guitarra Portuguesa esteve sempre presente foi decisivo para que enveredasse por uma carreira artística em torno deste instrumento musical?
Muito obrigado pelo convite para realizar esta entrevista. Sem dúvida alguma. Sempre ouvi tocar muito bem guitarra em minha casa e sempre ouvi os melhores guitarristas.

Ricardo ParreiraComo foi o seu percurso de aprendizagem e quando se apercebeu de que a sua vida profissional iria passar pela Guitarra Portuguesa?
O meu percurso de aprendizagem foi muito simples. Todos os domingos me juntava com o meu pai para tocarmos à tarde. O meu pai fazia exercícios e temas instrumentais novos e eu tocava-os até à exaustão. Apercebi-me que queria mesmo ser guitarrista profissional quando por volta dos 15 anos comecei a aprender a tocar fados ao lado do meu pai na casa de fados onde ele tocava e depois de ter feito uma tournée com a Mafalda Arnauth que foi a primeira artista para quem eu toquei como profissional.

Recorda-se dos sonhos que levava na bagagem quando viajou para norte com o objetivo de participar no Festival “Um Porto de Fado”?
Lembro-me de no dia estar muito nervoso e não deixar o meu pai assistir ao espetáculo porque ainda ficava mais nervoso. Na altura era um jovem adolescente e, de certeza que o imaginário sobre o espetáculo devia ser enorme.

Quais as suas principais influências musicais? Admira algum guitarrista em particular?
Tenho várias influências. Para mim estão sempre a mudar. Gosto muito de ouvir vários géneros musicais e ouvir compositores específicos. Por exemplo neste momento ando a ouvir Hermeto Pascoal como se não houvesse amanhã. Em relação à guitarra, tenho vários guitarristas que adoro ouvir tocar.

Em 2007 gravou o disco “Nas Veias de Uma Guitarra”. Foi uma experiência muito importante para o Ricardo?
O meu primeiro disco foi uma experiência de crescimento musical muito forte. Tive muito contacto com o meu querido amigo Fernando Alvim. Passámos horas intermináveis a ensaiar a falar e a ouvir música. O Fernando foi uma das melhores pessoas que conheci, um homem com tanta música dentro dele... Um homem de grande integridade e simplicidade.

Ricardo Parreira

O “Cancionário” surge em 2010. Como caracteriza este disco?
O Cancionário foi uma experiência fantástica ao nível de produção musical. Na altura o tio Helder (Moutinho) falou-me em ter uma banda e eu abracei logo a ideia e pus mãos ao trabalho. O tio deu-me uma ajuda enorme na escolha do repertório e compôs um tema para eu tocar. O Joaquim Teles tocava percussão no projeto do tio Helder e começámos a juntar-nos e a fazer música. Ainda chegamos a tocar os dois em dueto (guitarra e percussão). Neste disco foi fundamental a ajuda do Marco Oliveira pois sempre que tinha uma ideia partilhava-a com ele e ele ajudou-me sempre com as suas ideias brilhantes.

Quais os projetos que abraça atualmente?
Neste momento toco com a Gisela João, o Helder Moutinho e o Marco Oliveira. Gravei um disco de guitarradas com o meu pai e com o meu irmão que saiu há pouco tempo para as lojas e estou a produzir o disco da Vânia Conde. A par disto, tenho um projeto individual, em trio, de Tributo aos grandes poetas portugueses, que apresentei recentemente em Belgrado, no Guitar Art Festival.

Ricardo ParreiraSente que o facto de o fado ter sido considerado pela UNESCO Património Imaterial da Humanidade veio favorecer este género e consequentemente todos aqueles que se movem em torno deste?
Na realidade acho que o Fado sempre esteve de muito boa saúde, acho que nunca houve falta de trabalho para os guitarristas e para os fadistas. O facto de ter sido considerado Património Imaterial da Humanidade trouxe mais turismo a Lisboa e mais curiosidade pelo público em geral, ao tentar perceber afinal o que é o fado.

Onde o poderemos ver tocar em breve?
Sou guitarrista da Casa de Fados “Maria da Mouraria”. Toco lá de quarta a domingo.

Há algum construtor de guitarras que admire de forma particular? A construção da guitarra que utiliza obedeceu a algum tipo de critério específico do qual não abdique?
Tenho uma admiração muito grande pelo Mestre Gilberto Marques Grácio. A minha guitarra não obedece a nenhum critério, simplesmente foi muito bem construída e acho que não a troco por guitarra nenhuma.

Muito obrigado pelo tempo que dedicou aos nossos leitores. Pode falar-nos um pouco da experiência que vivenciou recentemente no âmbito da 17ª edição do Guitar Art Festival em Belgrado?
Mais uma vez muito obrigado pelo convite. Participar no Guitar Art Festival foi uma ótima experiência. Este festival já existe há 17 anos e é muito conceituado no meio. Já por lá passaram grandes instrumentistas. Para além da preocupação com a qualidade dos concertos existe também uma preocupação pedagógica quer pelo concurso entre alunos de guitarra de todo o mundo, quer pela realização de masterclasses e workshops que também tive o prazer de realizar. Apesar de ser um festival dedicado à guitarra clássica foi surpreendente ver a fantástica reação do público ao nosso concerto com vozes e fado. Toda a equipa é de uma amabilidade muito grande e são muito profissionais. Gostava de agradecer também à embaixada portuguesa todo o tempo que estiveram connosco.

Ricardo Parreira
“Cancionário” por Ricardo Parreira
“Guitarra Portuguesa” por António Parreira, Paulo Parreira e Ricardo Parreira

Ricardo Parreira. Uma guitarra portuguesa pelo mundo.

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