Inês Santos. Discos e performances de uma carreira passada em revista.
Foi o programa “Chuva de Estrelas” da SIC que a mostrou ao mundo mas, muito antes disso já Inês Santos espalhava magia com a sua voz. Nunca sonhou ser outra coisa senão cantora. Aos 3 anos de idade tomou esta decisão que a tem transportado pelos mais diversificados cenários do universo musical. Já deixou a sua voz registada em diversos discos, uns em nome próprio e noutros cantando ao lado de grandes nomes do panorama musical português como Olavo Bilac, Sara Tavares, Miguel Ângelo e José Cid. Agora traz-nos um novo disco do qual sai para já o single “Gramática do Mar”. Com a Inês Santos, embarcaram nesta «viagem por Mar à Lusofonia» os três músicos base do projeto, Miguel Veras, Sebastian Scheriff e o produtor Fernando Júdice. O disco conta ainda com Luís Guerreiro, o letrista Tiago Torres da Silva e a cantautora Thamires Tannous.
Inês Santos, muito obrigado por ter aceitado o nosso desafio para esta entrevista. A paixão pelo canto foi algo que sempre a acompanhou?
Faz parte de mim. Tinha 3 anos quando disse que queria ser cantora. Nunca quis ser médica ou professora quando fosse grande. Nunca, em momento algum, a paixão foi menos intensa. Creio que cresce de dia para dia. Amo de facto cantar.
Podemos afirmar que José Firmino foi um dos nomes que a incentivou para a prática do canto?
Até me emociono porque enquanto estou a responder à entrevista estou a ouvir canto lírico e foi com ele que tudo começou. Naquela época eu sonhava ser cantora lírica. O Maestro José Firmino, primeiro, e depois a Professora Maria José Nogueira - minha professora de Canto no Conservatório de Coimbra - foram os meus grandes mentores. Com apenas 10 anos eu tinha uma fantástica cultura musical, fruto do convívio com o Maestro no Coro dos Pequenos Cantores. Tenho uma profunda admiração por ele e por tudo o que me permitiu viver. A minha primeira viagem de avião foi à ilha da Madeira e foi com o Coro.
E o violoncelo? Foi outra paixão? Chegou a pensar em conciliá-lo com as suas performances vocais?
Não. Creio que o escolhi por ser o instrumento com o registo mais parecido com um aparelho vocal. Tentei aprender vários instrumentos depois do Violoncelo. Desisti de todos. A minha paixão é mesmo o Canto.
Foi o programa "Chuva de Estrelas" da SIC que a mostrou ao mundo? O que retirou dessa experiência?
Tudo e Nada. Sobretudo perceber que havia público que gostava de me ouvir, que me acarinhava e ainda hoje me leva ao colo. Nada porque nada no meio musical é aquilo que eu, naquela altura, ainda miúda, imaginava ser.
A participação no disco “Pelos Direitos do Homem” com Olavo Bilac, Sara Tavares, Miguel Ângelo e José Cid foi muito importante para a Inês? Foi algo pedagógica a sua participação no meio de músicos com tanta experiência?
Foi mais uma vez o reconhecimento do meu talento. Ter a honra de ser escolhida entre tantas outras cantoras possíveis... Na altura já me dava muito bem com todos e eu sempre “bebi” muito de tudo o que vivi e experienciei. Sou extremamente curiosa e interessada, vou retendo tudo. Todos os intercâmbios são valiosos. Muito.
Quando lançou o «Segredo dos Deuses» em 1997 pela BMG sentia que começava uma etapa interminável e ao mesmo tempo muito exigente?
Não, nada. Nunca senti as coisas com esse peso. Eu não pensava muito nas coisas. Fazia e faço as coisas porque gosto, porque me motiva fazer coisas, desafiar-me. Mas este disco, naturalmente, tem muito mais esse peso, porque quis que cada nota que contém seja representativa da Inês que sou hoje em dia e que daqui a uns anos o ouça e sinta que continua a ser verdade.
Ao representar Portugal no Eurovision Song Contest (Festival da Eurovisão) em Birmingham, na Inglaterra, sentiu uma responsabilidade muito grande? O que se sente quando se representa um país?
Pegando no que disse atrás. Eu estava muito menos nervosa na Eurovisão do que no Festival, no São Luiz. Fiz o melhor que pude e soube, diverti-me, - tendo sempre um grande sentido de responsabilidade para estar com a voz e a mente descansadas - tentei ser uma boa relações-públicas que não é difícil visto que temos um país belíssimo, em todos os aspetos. Além de tudo, tanto eu quanto a canção, fomos muito bem recebidas portanto sentia-me bem e usufrui ao máximo. Fiquei em 12º Lugar, uma excelente posição porque a música era boa, os arranjos também e porque levei as coisas com alguma leveza
Após o lançamento de «Leva-me» em 2000 pela BMG a sua carreira passou por várias e distintas fases. Pode falar-nos um pouco desse período? Foi cantora residente em casinos, programas de televisão, fez revista à portuguesa, colaborou com imensos projetos... As coisas foram acontecendo ou procurava mesmo essa diversidade e polivalência artística?
As duas coisas. Acredito que as coisas nos acontecem se tivermos uma postura aberta perante a vida, Se somos pessoas que constantemente “cirandam” acabamos por encontrar sempre novos “recantos”, neste caso projetos.
Sente que o disco que aí vem será uma boa amostra da maturidade conquistada ao longo de todos esses anos?
Não tenho qualquer dúvida.
Quem embarca com a Inês no novo disco do qual sai agora o single “Gramática do Mar”?
Ui, tanta gente, tanta gente boa. O Rão Kyao que sempre foi uma referência para mim. A Sara Tavares que admiro muitíssimo. O João Gentil, acordeonista, grande amigo e músico. Os três músicos base, Miguel Veras, Sebastian Scheriff e o também produtor Fernando Júdice que foi quase um anjo da guarda. O Mestre Luís Guerreiro com quem tinha o sonho de trabalhar. O letrista e amigo Tiago Torres da Silva que, quando lhe pedi uma canção, me enviou logo esta e eu respondi: “Amo! É mesmo isto que eu quero. Entendeste-me perfeitamente”.
Este disco teve encontros divinos, coisas que a razão não pode explicar. Tanta gente boa.
Por fim a cantautora da música Thamires Tannous, que juntamente com o Tiago me disse logo que sim. Espero poder cantá-la com ela, aqui ou no Brasil, ou nos dois países pois faria todo o sentido visto que este disco é uma viagem por Mar à Lusofonia.
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