Cambraia. Entre a tradição e a inovação da música portuguesa.
Tiago Barbosa dos Cambraia respondeu às perguntas do nosso Portal do Conhecimento Musical. Cantar em português é um imperativo. «A nossa língua encerra em si uma musicalidade muito própria. Aliás, acredito que cada língua tem a sua musicalidade própria. E nos Cambraia procuramos aprofundar a nossa portugalidade a partir da nossa maravilhosa língua e dos nossos costumes». Mas este projeto da música portuguesa não para e já pensa noutros voos. «Estamos já entusiasmados com novas ideias para o próximo disco dos Cambraia. Queremos, por exemplo, explorar e experimentar coisas novas a partir dos ritmos tradicionais portugueses. E isso vai certamente levar-nos a descobrir novos caminhos, novas sonoridades».
Obrigado por nos concederem esta entrevista. “Concordar Com Gente Grande” é o vosso novo trabalho. Como o caracterizam?
Uma proposta arrojada: melancólica mas ao mesmo tempo irónica. Um disco onde não existe uma música igual à outra; onde cada canção pode ser apenas uma melodia agradável e fácil de ouvir ou uma reflexão mais complexa sobre uma miríade de ângulos de um certo assunto: logo, pode ser consumido várias vezes pelo mesmo ouvinte que a cada audição lhe irá removendo camadas até chegar à essência daquilo que ouviu.
“Apenas Um Sorriso” é o single de apresentação. Houve alguma razão especial para optarem por este tema? Consideram-no uma boa síntese daquilo que podemos ouvir no disco?
Na verdade essa canção era a nossa segunda escolha para single. Mas como foi escolhida para banda sonora da telenovela “Belmonte” da TVI e já chegou a muitas pessoas, achámos que a canção de certa forma conquistou esse lugar. E penso que é um bom cartão de visita.Não diria no entanto que exista uma só canção neste disco que o consiga sintetizar. É mesmo necessário ouvir o disco de uma ponta à outra.
Desde 2007 que caminham no sentido de conjugar as tradições da música Portuguesa com as inovações da música atual. Pensam que têm conseguido cumprir este propósito?
Sim, embora saibamos que nesse sentido ainda há algum caminho a percorrer. Mas a cada disco acreditamos que estaremos cada vez mais perto.
Como tem reagido o público à vossa música? Pensam estar a conquistar um lugar no universo da música cantada em português?
Nos concertos que demos até agora, quando eu olhava para as caras que nos viam e ouviam, vi alegria, melancolia, emoção à flor da pele, concentração, desconfiança. O que nunca vi foi indiferença e isso deixa-nos muito satisfeitos. Ainda é cedo para podermos dizer que estamos a conquistar esse tal lugar. Ainda agora chegámos. Mas dêem-nos tempo que nós vamos lá.
Cantar em português é algo a que não querem fugir?
Sim, não podemos mesmo fugir já que a música dos Cambraia nasce sempre das palavras do Ricardo e só assim nos faz sentido. A nossa língua encerra em si uma musicalidade muito própria. Aliás, acredito que cada língua tem a sua musicalidade própria. E nos Cambraia procuramos aprofundar a nossa portugalidade a partir da nossa maravilhosa língua e dos nossos costumes.
Podemos afirmar com segurança que o acústico também é um registo ao qual não pretendem fugir?
De facto, pensamos que o acústico é o melhor veículo para expressarmos aquilo que os Cambraia são neste seu começo de vida.
E quem são os Cambraia? Quais os nomes que sobem habitualmente ao palco?
Os Cambraia nascem da junção das palavras do Ricardo com a minha música (o Fábio Rodrigues, que já não integra o projeto, também me ajudou em termos de composição). No entanto, a primeira vez que tocámos estas canções ao vivo, o que aconteceu antes de sonharmos sequer gravar o disco, convidámos músicos amigos com quem já tínhamos tocado antes e logo no primeiro concerto aconteceu magia, uma química incrível. São eles o Pedro Soares (guitarra acústica e coros), o Luís Pinto (baixo e coros), o António Soares (guitarra elétrica e coros) e a Catarina Anacleto (violoncelo). E, claro, o Ricardo na bateria e eu, Tiago Barbosa, na voz e piano.
Este é o momento certo para apostar em projetos com características como as dos Cambraia? O auge da World Music pode tornar-se uma oportunidade para projetos como o vosso?
Julgo que todos os momentos são os certos para apostar em música que valha a pena ser ouvida e eu acredito firmemente que vale a pena ouvir Cambraia. Este projeto cabe definitivamente no género World Music e como, de facto, está no auge, acreditamos que poderá ser benéfico para nós, sem dúvida.
Onde poderão os nossos leitores escutar-vos em breve?
Já podem! Se recorrerem a plataformas digitais como o Spotify, iTunes, Google Play, Amazon e afins, poderão escutar-nos sempre que vos apetecer nos vossos auscultadores (será que ainda se usa esta palavra?), nos vossos carros e também (quero acreditar que sim) nos vossos sistemas hi-fi nas vossas casas. Se se deslocarem com os vossos pais e os vossos filhos no próximo dia 29 de novembro, domingo, ao Clube Recreativo Sobredense (Sobreda da Caparica) pelas 18 horas poderão assistir a uma espécie de ensaio aberto ao público onde tocaremos todo o disco ao vivo só para vocês. Se quiserem ir ao lançamento oficial do disco, apareçam em Almada, na mítica sala do Cine Incrível no dia 30 de janeiro a partir das 22horas. E haverá mais oportunidades brevemente.
Que tudo continue a correr bem para vocês. Para terminar gostaríamos de perguntar se já pensam no projeto que se segue. Estão sempre a surgir ideias para inovar a música portuguesa?
Sim. Estamos já entusiasmados com novas ideias para o próximo disco dos Cambraia. Queremos, por exemplo, explorar e experimentar coisas novas a partir dos ritmos tradicionais portugueses. E isso vai certamente levar-nos a descobrir novos caminhos, novas sonoridades. Desta vez espero que se juntem a nós os restantes músicos (que mencionei acima) para a composição e os arranjos. Não queremos esperar muito tempo até ao próximo disco.
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