Dom Famularo. A bateria e a pedagogia como missão.

Dom FamularoNo final de junho entrevistámos o baterista e pedagogo Dom Famularo. Igual a si mesmo transbordou a sua boa disposição e enorme vontade de partilhar nas palavras que se seguem.
“A aprendizagem de um instrumento está relacionada com a habilidade para tocar música! A música é o que é importante. Uma canção é uma história e nós, como músicos, estamos encarregues de contar essa história. Tocar menos é sempre a melhor maneira de contar uma história. Tocar demasiado é tentar trazer a atenção para o baterista. A canção é a mensagem e nós somos apenas o mensageiro. Nós estamos ao serviço da música! Isto é tocar música, é comunicar com as pessoas para inspirá-las. Este é o poder da música!”

Dom Famularo tem espalhado pelo mundo a sua maneira de abordar a bateria. Qual é o ponto diferenciador da sua pedagogia? Será o facto de condensar em si não só competências ao nível da performance na bateria mas também de possuir uma enorme capacidade de comunicação?
Em primeiro lugar, é uma honra estar envolvido nesta entrevista. Obrigado! Já viajei por mais de 60 países durante mais de 35 anos, espalhando a diversão e a emoção de tocar um kit de bateria moderno. Tento partilhar histórias de bateristas lendários do passado que conheci ao longo da minha vida e explicar as técnicas do Billy Gladstone, George l. Stone e Sanford Moeller. A performance é apenas uma parte do que eu faço... As histórias e a componente motivacional são também muito importantes para os bateristas experienciarem. Eu já toco bateria há 50 anos e ensino há 45!

Qual é o ponto central para a evolução de um baterista?
Eu acredito que tudo começa com a imitação. Nós imitamos e copiamos os bateristas de que gostamos. Tentamos tocar o que eles tocam para aprender e crescer. Então, segue-se a assimilação, usar essas ideias que imitamos e conhecê-las tão bem que se tornem uma parte da nossa maneira de tocar, do nosso som! Por último, temos a inovação, tentamos expandir essas ideias para criar o nosso próprio estilo e sermos únicos na forma como tocamos. Imitar, assimilar e inovar!

Dom FamularoCertamente uma criança não entende a razão de praticar exercícios como o paradidle e outros... O que a criança quer é logo tocar... Como se motiva uma criança?
Devemos deixá-los tocar! Partilhar com eles gravações de grandes bateristas para que ouçam... Buddy Rich, Elvin Jones, John Bonham, Steve Gadd e muitos outros. Fazê-los tocar junto com eles. Em seguida, encontrar música em ‘play along’ sem bateria e deixá-los desfrutar do prazer de tocar. Ao longo da aprendizagem, eles vão perceber que a técnica e a teoria irão ajudá-los a tocar melhor. É um processo lento e agradável, este de ver um aluno crescer. Esta é a magia de ensinar!

Qualquer pessoa pode sonhar ser baterista?
Sim, toda a gente gosta da percussão. É emocionante e faz com que as pessoas se queiram mexer e dançar. Todos podem aprender bateria e divertirem-se sendo uma parte da música. A música é poderosa e a percussão é o mais emocionante... uma combinação perfeita!

Hoje há muitos mais bateristas do que havia há 30 anos atrás?
Sim, e também há mais professores hoje em dia. Os bateristas podem aprender e ser uma parte de um processo de aprendizagem divertido! Há lugar para todos os que queiram desfrutar da bateria!

Tem estado ligado a marcas como a Sabian, Vic Firth, Evans, entre outras. As marcas têm tido um papel importante na promoção da bateria enquanto instrumento e na evolução dos instrumentistas através dos momentos educativos que promovem?
Excelente questão! Sim, todas essas empresas apoiam a educação de bateristas pelo mundo inteiro. Eu viajo para cada país partilhando a mensagem dessas empresas que fazem um grande produto, mas também investem nos bateristas para que continuem a crescer e desfrutar de tocar bateria! Quando apoiamos estas empresas... elas também nos apoiam!

Dom Famularo

Com os seus livros pretende deixar registados os vários momentos da evolução das suas metodologias e da sua didática? Escrever os seus livros é uma oportunidade de refletir sobre as suas práticas pedagógicas?
Eu estou envolvido com a escrita de muitos livros e recolho ideias durante as minhas viagens. Os bateristas fazem imensas perguntas e eu escrevo os livros para ajudá-los a todos na aprendizagem da bateria. A minha editora é a ‘Wizdom Media’ com o meu parceiro Joe Bergamini. Joe é um baterista e professor fantástico. Nós encontramos jovens bateristas muito bons e ajudamo-los a libertar as suas ideias para o mundo. Se forem a www.wizdom-media.com irão encontrar alguns livros muito interessantes e divertidos para aprender. Cada livro vem acompanhado de um CD de áudio e um DVD de vídeo. É pura diversão e aprendizagem! Gostava de ver os bateristas por todo o mundo a desfrutar verdadeiramente deste processo de desenvolvimento do seu talento!

Quando o vemos tocar, não nos conseguimos desligar do seu sorriso constante. O baterista deve procurar “sorrir” sempre? Como pode um baterista construir dentro de si um pensamento positivo constante para ter sempre esse “sorriso” quando toca?
Sou muito feliz por tocar bateria, ensinar bateria, fazer workshops por todo o mundo e atuar em festivais de bateria. Eu sorrio porque eu estou em paz comigo mesmo o tempo todo. Eu quero que os bateristas percebam que uma atitude positiva sempre os levará para um lugar de felicidade musical! Amo a vida... amo a música e amo tocar bateria! Estudantes de todo o mundo abordam-me pelo Skype para terem aulas. Eles vão sempre ver-me sorrir!!!

Dom FamularoMuitos bateristas jovens, quando tocam em grupo, desejam mostrar todas as técnicas que dominam não deixando a música “respirar”, preenchendo todos os espaços vazios. Que conselhos costuma deixar no sentido de haver uma predominância do bom gosto e não do exibicionismo?
A aprendizagem de um instrumento está relacionada com a habilidade para tocar música! A música é o que é importante. Uma canção é uma história e nós, como músicos, estamos encarregues de contar essa história. Tocar menos é sempre a melhor maneira de contar uma história. Tocar demasiado é tentar trazer a atenção para o baterista. A canção é a mensagem e nós somos apenas o mensageiro. Nós estamos ao serviço da música! Isto é tocar música, é comunicar com as pessoas para inspirá-las. Este é o poder da música!

Quantos países visita por ano?
Eu já passei por nove países nos últimos três meses e estamos apenas em junho... ainda com mais de metade do ano pela frente! Viajo para cerca de 12 a 20 países por ano. Que agenda! Cumprimento cada baterista que vem ao meu concerto para lhe agradecer por estar presente e fazer parte de uma comunidade de bateristas maravilhosa.

O facto de correr por todo o mundo espalhando a sua pedagogia positiva e motivacional é encarado por si como uma missão?
Excelente questão, novamente! Sim, é uma missão. Imaginem viajar pelo mundo conversando e atuando para bateristas em mais de 60 países e partilhando com eles o mesmo sentimento e o mesmo espírito! É fantástico! Eu sou humilde para conhecê-los a todos e viver com eles o espírito de tocar!

Por vezes sente que abdicou de ser um músico de concerto para ser um músico de sala de aula? Gosta mais dos aplausos da sala de aula?
Eu gosto de ambos! Eu ainda toco com músicos, e também ensino e escrevo livros. Por isso eu desfruto dos vários aspetos da percussão e isso inspira-me todos os dias!

Muito obrigado por ter aceitado dar esta entrevista para a comunidade de bateristas e músicos em geral de língua portuguesa. Quais os principais projetos que abraçará em breve?
Eu é que agradeço! Esta é uma oportunidade maravilhosa de deixar bateristas ouvir a minha voz nestas palavras. Eu quero que eles ouçam a minha paixão e apreciem a forma de arte de tocar bateria! Eu continuarei a viajar se o meu destino o permitir. Estou também a trabalhar em mais ideias para livros, e estou a preparar-me para viajar ao pelos Estados Unidos, Alemanha, Itália, França, China, Espanha e Canadá. A aventura continua...

domfamularo.com

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