Sebastião Antunes e Quadrilha apresentam o disco “Proibido Adivinhar”
A carreira de Sebastião Antunes e da Quadrilha é longa e no novo disco "Proibido Adivinhar" fica clara a maturidade adquirida ao longo dos anos. Não relegam o ponto de partida e incluem o que faziam, no início, na atualidade do que compõem. "Apesar de estarmos muito ligados às tradições, sempre procuramos uma certa contemporaneidade, não só pelo uso das máquinas, mas também nas formas de compor. No meu ponto de vista, a própria tradição está em constante mutação porque acompanhar a tradição é andar ao lado dos tempos, e também eles vão mudando". Muitas das influências vêm da Música Celta oriunda da Galiza, Irlanda, Escócia e Bretanha. No entanto, a Quadrilha deixa que o pop e a tecnologia se intrometam na música que fazem. "É um prazer muito grande receber influências e usá-las para descobrir caminhos novos. A eletrónica é um deles, mas há muitos outros e mesmo a tradição portuguesa é um mundo interminável".
Sebastião, muito obrigado por nos dispensar um pouco do seu tempo. Como caracteriza o disco "Proibido Adivinhar"?
O disco proibido adivinhar é um álbum que, de certa forma, faz todo o percurso da quadrilha desde o seu início até ao seu processo de composição atual. Tem músicas compostas de maneira muito parecida com as nossas primeiras composições e outras muito ao jeito daquilo que compomos presentemente, no entanto são originais. É um trabalho em que nos limitámos a seguir as coisas que estávamos a sentir.
Esta quadrilha já passou por vários momentos distintos de criação. Houve, de alguma forma, uma adaptação a novas correntes musicais ao longo dos tempos?
Apesar de estarmos muito ligados às tradições, sempre procuramos uma certa contemporaneidade, não só pelo uso das máquinas, mas também nas formas de compor. No meu ponto de vista, a própria tradição está em constante mutação porque acompanhar a tradição é andar ao lado dos tempos, e também eles vão mudando.
A tradição portuguesa prevaleceu sempre relativamente às influências da música Irlandesa ou da Bretanha?
Sim, embora eu goste de juntar várias influências, a música portuguesa é a raiz e também a condutora de todo o nosso trabalho.
A eletrónica também se faz sentir neste disco. Sentem que o recurso a esta foi realizado de forma "inteligente"? Não houve a tentação do abuso natural inerente a algum experimentalismo?
É claro que quando se está a compor um álbum se experimenta muita coisa, fazem-se muitas tentativas, muitas brincadeiras com as quais nos divertimos muito mas, no fim, tentamos deixar apenas aquilo que nos parece necessário. Algumas vezes neste caminho de descobertas ficamos agradavelmente surpreendidos com soluções de que não estávamos à espera e isso é bom adoro deixar-me surpreender.
"Proibido Adivinhar" foi um disco que contou com a participação de muita gente. Pode partilhar com os nossos leitores os nomes que o acompanharam nesta viagem?
Tivemos o prazer de partilhar este disco com muita gente. Foi um grande privilégio partilhar uma música com o Carlos Guerreiro, uma outra com a cantora Saharoui Mariem Hassan e as muitas vozes amigas Ana Alentejana, Raquel Esteves, Ana Mendes, Patrícia Marques, Sofia Adriana Portugal, Tânia Cardoso, Rita Santos, Diana Henriques, Mike Simões e Gonçalo Pratas. A gaita-de-foles irlandesa do Miguel Quitério e a bandola do Orlando Murteira.
Sebastião Antunes, sente que mudou muita coisa na música portuguesa desde aqueles anos 90 em que a Quadrilha dava os primeiros passos?
Sem dúvida agora há muitos mais grupos, festivais e muito mais contacto com músicas de fora. Há mais intercâmbios, festivais, o que nos permite uma visão muito mais abrangente da música no seu todo.
Pensa que a Quadrilha poderia ter tido um impacto maior se na altura em que deram início ao projeto se vivenciasse um momento de prosperidade da world music como aquele que hoje vivemos?
É difícil afirmar pois é proibido adivinhar. Se por um lado, atualmente temos muitos mais locais para nos mostrarmos, também há mais gente a mostrar-se. Penso que as dificuldades existem sempre, simplesmente vão-se transferindo de umas áreas para as outras.
Muitas das vossas influências vêm da Música Celta proveniente da Galiza, Irlanda, Escócia e Bretanha. Como entra o pop nestes compartimentos? O recurso à tecnologia funciona aqui como ponte?
Sempre tivemos muito contacto com grupos da Galiza, Irlanda e Bretanha. Muita troca de ideias e com isso chegam as influências. O pop também faz parte de mim. Vem da adolescência e é inevitável que ele apareça.
Ao longo de todos estes anos têm-se "intrometido" na vossa música ainda mais influências. Há um certo inconformismo aliado a uma enorme vontade de experimentar coisas novas na música que fazem?
Claro que sim. É um prazer muito grande receber influências e usá-las para descobrir caminhos novos. A eletrónica é um deles, mas há muitos outros e mesmo a tradição portuguesa é um mundo interminável.
Mais uma vez, muito obrigado por este tempo que dedicaram aos nossos leitores. Quais as próximas datas em que vos podemos ver e ouvir em palco?
Já estamos com muitos concertos e festivais tais como o Festival Flaviafest em Chaves, em agosto, o Terra Transmontana em julho em Mogadouro, o L Burro i L Gueiteiro - Festival em Miranda do Douro, em julho e alguns outros. Vamos andar por aí. Um grande bem-haja e um abraço a todos.
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