Francisco Lima. Aulas de bateria com inspiração na área dos recursos humanos.
Francisco Lima é baterista mas foi na área dos recursos humanos que encontrou os melhores caminhos e as melhores ferramentas para chegar aos seus alunos. Toca atualmente em três projetos mas a sua vida não se limita a tocar e ensinar. Com veia empreendedora e espírito de missão leva o seu saber e experiência aos quatro cantos do país com workshops e coordena o Festival de Percussão e Bateria de Lavra que parte este ano para a 7ª edição. A edição de 2015 contará com a presença do baterista, pedagogo e produtor alemão Jost Nickel. Francisco Lima recebeu-nos na sua sala de aula na Escola de Música do Centro Social Padre Ramos de Lavra para uma conversa onde nos falou da bateria, enquanto instrumento musical multifacetado, da sua carreira e dos projetos que abraça atualmente. Esta é uma entrevista onde bateria, bateristas e pedagogia caminham de mãos dadas.
Francisco, embora tenhas feito sempre formação na área da música, acabas por fazer uma licenciatura em Recursos Humanos. Foi algo ponderado?
Foi propositado. Há um baterista que funciona para mim como um guia. É o Dom Famularo. O Dom Famularo acaba por ser o mentor que tenho todos os dias na minha cabeça. A partir do momento em que assisti "colado" durante duas horas a uma clínica, ou workshop dele fiquei a pensar: "Como é possível alguém passar uma mensagem de uma forma tão clara e eficiente?". Eu já queria ser músico há muito tempo mas nunca tinha parado para pensar que a música também poderia estar ligada a workshops e todas aquelas iniciativas no âmbito da formação. Sendo eu uma pessoa que fala muito, aquilo fez-me parar para pensar se efetivamente eu estaria a falar da melhor forma para passar a minha mensagem. Fui então pesquisar um bocadinho. Pesquisei a formação do Dom Famularo, pesquisei alguns aspetos da área do "coaching"... O padrão da relação professor-aluno tem mudado muito ao longo dos últimos anos e poderemos tirar maior partido aplicando ferramentas mais inovadoras e esse tipo de respostas foi-me dado pela Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão de Vila do Conde, do Instituto Politécnico do Porto.
Eles tinham uma licenciatura em Recursos Humanos que abordava essas coisas todas. Eu continuava a estudar bateria... desde os meus 13 anos que tenho tido vários professores, todos eles excelentes e essa tem sido a minha sorte. O meu primeiro professor marcou-me muito. Todos eles me marcaram de uma forma diferente. Quando entrei para a Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão, os meus professores não queriam acreditar que eu estava ali, não querendo eu enveredar profissionalmente por nada que tivesse a ver com empresas. Eles diziam "Isto não vai ser possível!...". Eu dizia-lhes que sim e fazia todos os meus trabalhos, tal e qual como eles queriam mas sempre a refletir no sentido de como poderia passar aquilo para a música. Como ia eu desenvolver um recurso humano, ou seja, como iria eu desenvolver um talento? Como iria desenvolver as competências naturais de uma pessoa para tocar bateria? A minha capacidade de independência é boa? A minha articulação cognitiva é excelente?... Mas depois aquilo tem que ser tudo desenvolvido. Mesmo naquelas pessoas que não têm competências absolutamente nenhumas. Eu quero aprender a tocar bateria... OK mas isto não nasce com a pessoa. Eu era um "zero à esquerda" a tocar bateria. Na primeira aula que eu tive, o meu professor disse "Não queres experimentar outro instrumento?". A partir daí nunca mais parei de estudar. Estas coisas marcaram-me muito pois eu não tinha nenhuma aptidão para tocar. Adorei a minha licenciatura e os meus professores. Quando cheguei ao 5º ano, como os vários estudos que eu ia fazendo eram na área do "coaching" e na área do ensino para bateria, alcancei vários dos objetivos que tinha pré-estabelecido para a minha carreira. Aquilo em que os meus professores não acreditavam, pois pensavam que eu estava a brincar e que só queria ser músico nas horas vagas. Assim, fui posteriormente convidado para ir à faculdade mostrar o meu plano, apresentar o meu caso pessoal, porque nunca tinha havido ninguém que daquele curso tivesse enveredado pela música. Um dia mostrei à minha turma lá da faculdade um vídeo do Dom Famularo a comunicar, pedi-lhes que esquecessem que aquilo era música, que era bateria, e pedi que imaginassem como seria aquele senhor numa Microsoft ou numa IBM. Eles concordaram que de facto ele era um génio. Foi assim que optei pelos recursos humanos e bem.
Como disseste foste tendo paralelamente formação na área da percussão e da bateria. Quem foram os principais "mestres" com quem trabalhaste?
Trabalhei com várias pessoas que me marcaram muito. Tanto do ponto de vista profissional e musical, como do ponto de vista do crescimento cognitivo. Tive um professor, o professor Agostinho, que ainda dá hoje aulas. Penso que não poderia ter apanhado um melhor professor para o meu início de aprendizagem na bateria. Eu não conhecia ninguém. Eu só tinha um par de baquetas e um sonho: "Ser baterista". Na escola que eu tinha mais perto de casa, estava aquele professor. Fiquei a saber mais tarde que tinha sido uma coincidência enorme, pois ele dava e ainda dá aulas de bateria na Valentim de Carvalho no Porto e é dos melhores professores que já via a lidar com crianças. Eu tinha 13 anos e foi o melhor professor que me poderia ter aparecido à frente. Depois tive como professor o Hugo Danin que elevou as competências que eu já tinha adquirido com o professor Agostinho. Tive aulas com ele no Atelier de Percussão do Porto durante vários anos. Trabalhei muito com o Hugo Danin e continuo a trabalhar em várias ocasiões, principalmente pedagógicas. Ao longo dos tempos tenho tido várias aulas privadas/particulares que me ajudam a adquirir diferentes perspetivas da bateria, a chegar mais além e a definir a minha identidade como músico. É difícil para um baterista, sentar-se atrás de uma bateria e ser ele mesmo, ou seja, esquecer tudo. Tem que esquecer milhões de vídeos do YouTube que já tenha visto. Houve um professor na Alemanha que puxou por mim a um nível que realmente foi uma loucura. O Claus Hessler servia-me uma chávena de café e a primeira coisa que me dizia era: "Vamos discutir os nossos objetivos diários". Aquela frase era algo que me assustava imenso. Tive longos períodos de aulas com ele. Nós aqui em Portugal temos uma ou duas horas... Eu cheguei a ter 5 ou 6 horas seguidas com ele. Eu chegava à noite psicologicamente devastado porque realmente era muita informação. Quando cheguei a Portugal vinha completamente exausto do ponto de vista psicológico. Claus Hessler mostrou-me o que é efetivamente o rigor!
Ainda manténs contacto com ele?
Sim. Sempre que preciso de um conselho recorro aos professores que tive.
Ficaste com uma forte ligação à Alemanha pois ainda este ano terás aqui no Festival um convidado alemão...
Sim. Eu sempre tive uma forte ligação à Alemanha porque tenho família lá. A minha mãe e o meu irmão estão em Dortmund. Cheguei a trabalhar lá para comprar algumas coisas como aquela tarola com que sonhamos, ou aquele prato que sempre quisemos... Comecei a assistir a workshops na Alemanha que era raro assistir cá em Portugal, comecei também a assistir a festivais, concertos de música jazz... Na altura eu nem sequer me atrevia a meter as mãos numa bateria, porque tinha aquele complexo "sou português, se calhar não estou à altura"... Foi excelente porque eu ia a Alemanha várias vezes para matar saudades da família, quando acabo por perceber que aquilo poderia ser uma boa rampa de lançamento. Em novembro estive com o Jost Nickel que este ano vem cá ao 7º Festival de Percussão e Bateria de Lavra, fiz uma masterclasse com ele e fiz logo ali um amigo. Portanto a Alemanha fica para mim sempre ligada a um país que me tem dado coisas muito boas e que me tem aberto muitas portas. Quando lá vou sou muito bem recebido.
Quando começaste a tocar em grupos?
Tive uma banda que eram os Zebra com a qual gravei um EP. Mas a minha ligação a bandas esteve sempre mais relacionada com o trabalho de estúdio. Também vou estando ligado a projetos na área do jazz como por exemplo com a família Goulart. Sempre toquei muito com o Giovanni Goulart. Trabalhei muito em estúdio em parceria com outras bandas. Eu adoro trabalhar em estúdio. Fascina-me e ao mesmo tempo intriga-me como é que um microfone consegue captar emoções. Acho incrível estar no meio de uma sala som 14 ou 15 micros que têm que captar a emoção com que estás a tocar. Neste contexto cheguei a tocar com The Bigger Banger Theory por exemplo. Relativamente aos meus projetos atuais, posso adiantar que tenho aí três projetos a "cozinhar" e todos se encontram em fazes de cozedura diferentes (risos). Os projetos são distintos entre si. Gravei recentemente um disco com os Bombs and Bullets. O nome do disco é "Real Medication". Foi um trabalho que me agradou imenso. É um disco de rock. Não sou um rockeiro puro pois gosto de ser o mais versátil possível a tocar e quando me vieram convidar deixei isso bem claro. Perguntei o que pretendiam de mim... Resultou e o disco está para sair nestes próximos dias. Tenho depois outro projeto giro que me está a dar muito gozo na área do jazz e que se inspira num grande músico português que não tem nada a ver com o jazz... para já não posso adiantar muito mais sobre este projeto. Estou neste projeto com o Luís Ribeiro, o João Paulo Rosado e com o Domingos Lasev. Tenho ainda uma banda mais virada para o funky e para o soul. Nesta banda ainda estamos numa fase de junção de ingredientes. Este vai ser portanto um ano de muita luta e de muito trabalho pois durante a semana tenho muitos ensaios e todos são diferentes. Mas isso tem a ver com o trabalho que eu faço todos os dias e que é adaptar-me a todos os alunos que entram aqui dentro.
Falaste-nos já de uma boa parte da tua vida e das tuas facetas mas há uma em que ainda não tocámos. Falo do teu lado empreendedor. Tu não te contentas em dar as tuas aulas nesta sala. Sempre que podes, tentas levar os teus contributos para outros contextos. Fazes workshops, masterclasses... Culminando tudo isto num grande evento que já vai para a sua 7ª edição, ou seja, o Festival de Percussão e Bateria de Lavra.
Penso que Portugal tem muito para evoluir. Portugal tem excelentes bateristas, excelentes músicos e constato isso cada vez mais, com as minhas viagens pela Europa. Temos bateristas mesmo muitos bons. Quando cheguei a Portugal o que havia era um ou outro workshop produzido por uma marca, mas muito poruca coisa. Para música clássica já havia uma ou outra coisa... O conceito de partilha de conhecimento estava muito pouco desenvolvido, o que era pena. Quando me sento numa mesa de café com os meus antigos professores venho sempre mais rico, e penso que eles também precisamente porque partilhamos muito daquilo que estamos a fazer. Nasceu então o projeto "A Bateria vai à Escola". Passado um mês de ter começado a dar aulas e de ter o meu primeiro aluno disse "isto não está bem assim". Peguei na bateria, coloquei-a no meu carro, saí da escola de Lavra e comecei a ir a todas as escolas do 1º ciclo do ensino básico aqui no concelho de Matosinhos para mostrar o que era uma bateria. Contactei os professores de educação musical e aquilo começou a ter bastante aceitação. Na altura pedi para ir a duas ou três escolas e depois começaram os convites. Enquanto eu ia dando aulas e o processo ia avançando, mostrando que aquilo que eu tinha idealizado na faculdade estava a dar certo, comecei a perceber que havia algo em mim que poderia ser diferente dos outros. Foi aí que comecei a desenvolver "Conversas Rítmicas com Francisco Lima". "Conversas Rítmicas" foi a primeira matéria que eu comecei a desenvolver e em que me debrucei fazendo-me crescer dada a quantidade de workshops que lecionei. Estes workshops fizeram com que eu começasse a ser contactado por outras escolas. Comecei a ir a conservatórios, escolas, Fnac's... Entretanto reparei que havia na Alemanha um festival de bateria e vi que aquilo era espetacular. Eram vários bateristas na mesma tarde... Surgiu a ideia: "Vou desenvolver um festival de percussão e bateria!". Falei com a malta daqui do Centro Social Padre Ramos de Lavra ao que me responderam afirmativamente dizendo que tinha à disposição o auditório e a escola de música para me apoiar. Na altura, era o primeiro festival, sabíamos que não se podia gastar muito dinheiro... Podemos dizer que o 1º Festival de Percussão e Bateria foi um milagre porque aconteceu e teve muito sucesso e eu dei o exemplo, mesmo não sabendo na altura que eu ia coordenar 6 ou 7 edições, fui o primeiro a tocar. Depois fomos ter com um colega que trabalhava na altura na Casa da Música e que era o Jorge Queijo e dissemos-lhe que precisávamos dele fazer um workshop, e assim sucessivamente as pessoas começaram a disponibilizar-se. Nós não tínhamos cachet. Só podíamos prometer que iriam estar presentes, muitos bateristas, muitos deles pequeninos e que teríamos que fazer alguma coisa por aqueles miúdos. Falei também com o Hugo Danin e tocámos os três. Conseguimos fazer a primeira edição com custos reduzidíssimos. Conseguimos vários parceiros e, se reparares, alguns daqueles parceiros que estão naquele cartaz, também estão no 7º. Ao longo do tempo fui conhecendo outros bateristas, fruto do meu trabalho na estrada e no estúdio e as pessoas começaram a "exigir" uma segunda edição. Vamos para o 2º Festival de Percussão e Bateria tendo já as pessoas que tocaram no 1º a ajudar e como eu dava aqui aulas começaram a pedir-me para coordenar o evento. Tentámos conseguir novos parceiros e neste já tivemos pessoal de mais longe. Veio o Vicky de Lisboa.
Entre o 2º e o 3º continuámos a refletir no sentido de trazer algo novo e isto coincide com uma das minhas maiores tournées do "Expressão do Ritmo. Dentro de Nós?" em que tive 10 datas seguidas, dando aulas durante a semana, saía ao sábado de dar orquestra e tinha workshops sábado e domingo. Às vezes tarde e noite ou sábado e domingo... Isto aconteceu no final do ano (novembro e dezembro). Cheguei ao Natal completamente esgotado. Mas tudo isto aconteceu graças a este festival pois comecei a perceber que o ritmo está onde menos se espera. Nesses workshops trabalhei a expressão do ritmo porque eu via ritmo em tudo à minha volta. Num telefonema ou numa simples criança a brincar eu via ritmos espetaculares. Se eu dissesse a um miúdo para fazer quatro semicolcheias a 120 bpm ele ficava a olhar para mim mas se lhe dissesse para fazer os batimentos com a palavra ba-te-ri-a, ba-te-ri-a... ele já conseguia e então partíamos daí. Posteriormente avançávamos com as terminologias certas inerentes à música e ao instrumento mas aquela motivação extra alcançada através de uma prática imediata dava-lhe a força necessária para avançar depois para a outra parte. Percebi que as crianças começavam a falar com 1 ano de idade e que tinham muita vantagem no ensino da bateria. Comecei então a utilizar as palavras, situações do quotidiano, etc. Os workshops eram fantásticos porque durante duas horas as pessoas tinham também um instrumento de percussão na mão e também tocavam. Chegamos então ao 3º festival em que me disseram. Fizemos o 2º também temos que fazer o 3º mas, teremos que internacionalizar. Eu disse-lhes que deviam estar "doidos". Mas, como a escola de música sempre me apoiou, assim como os meus antigos professores, eu acabava por me sentir um bocado protegido no meio disto tudo. Por exemplo os colegas que tocavam comigo nos Zebra eram quase meus irmãos. Crescemos musicalmente juntos. Fazíamos praia juntos e dizíamos: "eu quero ser baterista" outro dizia que queria ser guitarrista, etc. Todas estas pessoas me apoiavam muito nisto. A Maria João (minha namorada) está à frente de toda a parte burocrática disto tudo... Até os meus avós vêm ver o festival. O meu avô nunca tocou bateria na vida mas percebe imenso pois foi carpinteiro. Para ele uma bateria tem que ser construída com uma madeira de excelência. Vou dar um exemplo. O festival acontece num sábado e eu vou lá almoçar no domingo. O meu avô vira-se para mim e diz-me "gostei do segundo baterista. Gostei do som e também da bateria" e eu pergunto-lhe "Mas o que é que sentiste?" e ele responde: "ele tinha muita energia." O meu avô gosta imenso do Vicky a tocar. Agora já sabe o nome. Antes não sabia mas já gostava. Apesar da idade continua a mostrar-se sempre disposto a ajudar-me no festival. Na 3ª edição tivemos então o Salvador Nieba que foi o primeiro espanhol e que já tinha sido também professor do Hugo Danim. O Hugo falou com ele e ele veio cá. Estava feita a primeira internacionalização e correu tudo muito bem. À medida que vamos organizando festivais, a casa vai enchendo.
No 4º festival começamos a jogar na liga dos campeões. Começámos a ter contacto com marcas muito conhecidas no mercado. O Claus Hessler já era nessa altura um grande baterista tendo já feito os maiores festivais de bateria. A presença do Nuno Aroso fez com que trouxéssemos ao festival pela primeira vez música contemporânea. O David Jerónimo trouxe-nos o Metal. Considerei interessante colocar aquelas crianças que agora estão a aprender bateria perante o Nuno Aroso que tem uma visão completamente diferente da percussão e este é o David Jerónimo que é muito "rockeiro". A partir do 4º já não tínhamos dúvidas de que este era um evento vencedor. Quanto mais trabalho íamos tendo, mais eu gostava de organizar isto. Chega-se a um ponto que deixamos de ter vida própria. Ou estamos a dar aulas ou estamos em reuniões. Por isso temos que fazer o festival quando estamos a almoçar, a jantar... No 5º festival já vieram cá o Gergo Borlai e o Mauro Ramos. Neste 5º festival começámos a apostar em novos valores. A Escola de Música de Lavra estabeleceu uma parceria com o Atelier de Percussão do Porto em busca de novos talentos e correu muito bem. No 6º festival já trouxemos cá o Craig Blundell. Se no ano anterior tínhamos apostado no Gergo Borlai, alguém muito conhecido das redes sociais, no 6º apostámos num excelente pedagogo de Inglaterra, Craig Blundell, e no Carlos Miguel. Agora vem aí a 7ª edição...
Porque optaste pelo Jost Nickel para esta 7ª edição do Festival de Percussão e Bateria de Lavra?
Eu respondo sempre no plural porque não sou eu sozinho a escolher. Eu já me tinha encontrado com o Jost Nickel na Alemanha e na segunda vez que nos encontrámos por motivos profissionais percebi que ele era a pessoa ideal. Reuni com os diretores daqui da escola e, em conjunto também com o Hugo Danim que nos vai dando uns conselhos e com os parceiros que continuam desde há sete anos atrás. Parece quase uma ceia de Natal (risos) porque somos muitos. O mês de dezembro é normalmente o mês em que refletimos sobre as propostas que aparecem em cima da mesa. Chegámos à conclusão que o Jost Nickel é a pessoa certa para este ano. Ele é o chamado "homem groove". Ele lançou um recentemente um livro de groove, o "Jost Nickels Groove Book". É um livro muito completo. Explica as várias perspetivas do ritmo. Tal como fizemos com os nomes anteriores, contactámos com ele que já tinha ouvido falar do festival e que gostava muito de conhecer Portugal. Perguntou-me onde é que era o festival e eu, como faço sempre, disse-lhe que era em Lavra. Ele respondeu: "Lavra? Onde é que isso fica?" e eu respondi-lhe "Matosinhos". Espantado retorquiu "Matosinhos?", ao que eu lhe respondi: Porto... "Ah!!! Porto" (risos). Perguntou-me se era perto do mar e eu disse-lhe que ficava mesmo ao lado do mar. Depois vem a pergunta do costume: "Porquê fazer isto numa vila?". É aí que está a piada porque se nós fizéssemos isto no Porto iria ser só mais um evento numa cidade grande. Assim, invertemos a questão fazendo um evento grande numa vila. Tal como temos feito nas edições anteriores, temos sempre alguém que vem representar as terras lusas porque achamos que temos cá imenso talento. Este ano será o Sérgio Nascimento.
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