Eneida Marta fala-nos do novo disco “Nha Sunhu”
Eneida Marta tem sido um nome muito falado nestes últimos dias a propósito do lançamento do seu último disco "Nha Sunhu". Em entrevista ao portal do conhecimento musical, disse-nos que os poemas bem escritos não merecem estar só no papel mas também devem ser transformados em música para mais facilmente chegarem às pessoas. Sente-se livre e diz que é essa a condição que lhe possibilita cantar a "liberdade". Relativamente ao cargo de embaixadora da UNICEF referiu: "ser Embaixadora de Unicef significa que agora, mais do que nunca, terei que advogar a favor das crianças, fazendo cumprir todos os seus direitos". Aos jovens que ambicionam alcançar uma carreira musical como a sua, Eneida Marta diz para jamais perderem a humildade. "Nha Sunhu" é então o disco que conheceremos melhor nesta entrevista.
Eneida Marta, muito obrigado por partilhar um pouco do seu percurso com os nossos leitores. Qual a mensagem que nos pretende transmitir com "Nha Sunhu" (Meu Sonho)? A homenagem aos grandes nomes da poesia da Guiné Bissau é o cerne deste disco que agora partilha com o mundo?
O Nha Sunhu... pode-se dizer que é um disco temático, porque basicamente transmite mensagens fortes de um acordar de consciências. Sem sombra de dúvida, optei por homenagear alguns grandes poetas da Guiné-Bissau, porque acho que os poemas bem escritos não merecem estar só no papel. Devem também ser transformados em música para mais facilmente chegarem às pessoas.
Qual o principal significado que teve para a Eneida o facto de ser embaixadora da UNICEF?
O ser Embaixadora de Unicef significa que agora, mais do que nunca, terei que advogar a favor das crianças, fazendo cumprir todos os seus direitos.
Atuar na WOMEX e no Cabo Verde Music Awards são alguns dos pontos altos da sua carreira. Pensa que "Nha Sunhu" vai dar-lhe a oportunidade de aumentar ainda mais a sua galeria de admiradores?
As expectativas com o Nha Sunhu são altas, tanto da minha parte como da parte do público em geral, por isso Nha Sunhu tornar-se-á uma realidade e claro que os admiradores aumentarão (risos).
"Kabalindade" (Maldade) faz parte da banda sonora do filme "Espinho da Rosa", do realizador Guineense Filipe Henriques. Gosta de ver os sentimentos que transmite nas suas interpretações aliados à imagem e à representação?
Claro! Porque juntando a interpretação, a imagem e a representação acaba-se sempre por chegar mais além e mais facilmente tocar as pessoas. Principalmente aquelas que não percebem o crioulo.
A liberdade é um tema obrigatório nas canções que interpreta?
A liberdade começa em mim e depois passa para as canções, se assim não fosse não cantaria.
As suas participações e colaborações com artistas como Dom Kikas, Rui Sangara, Aliu Bari ou Iva Ichi constituíram-se como momentos de aprendizagem e estímulo?
Aprendi com eles sem dúvida e com todos os outros com que trabalhei.
Quais os aspetos que mais amadureceu desde 2001 até aos dias de hoje? Sente-se uma artista mais completa do que era quando apresentou Nô Storia?
Antes de mais sinto-me orgulhosa com meu percurso. Tirei proveito de cada momento, fosse ele bom ou mau, soube subir as escadas degrau a degrau. Por isso sinto-me muito mais madura como artista, como pessoa e como mulher.
Amari, Lôpe Kai, e tantos outros trabalhos adquirem significados idênticos para a Eneida Marta ou, por outro lado, cada disco tem um significado? Algum ocupa o lugar de predileto?
Os meus discos são para mim como um filho. Cada um deles foi concebido com muito amor e carinho e muita dedicação mas, o Nha Sunhu tem lugar especial por ser um disco no qual eu estive em todas as fases da sua conceção. O Nha Sunhu é um disco de luta e de vitórias.
Fale-nos um pouco mais deste último disco... Quem foram os músicos que a acompanharam nesta jornada? Ao vivo serão os mesmos?
Nha Sunhu foi gravado entre Bissau, Lisboa e Paris. É um disco que teve uma boa pré-produção feita pelo Ivan Barbosa, o que me permitiu dar o melhor seguimento à produção do mesmo. Grande parte dos poemas fora musicada pelo nosso génio da música Zé Manel Fortes e também contou com alguns temas de colegas meus como por exemplo o Manecas Costa, Toy Delgado, Umaro Candjalo, Remna Shewarz e Binham Quimor. Este disco contou com muitos músicos que deram todo o seu talento para que o resultado fosse este, tais como, o Gogui, Eliseu, Nganha, Manecas, Ernesto Leite, Dramane Dembele etc. Lógico que, se fosse possível, estaria toda a gente em palco mas, como isso não é possível vou ter um quarteto a acompanhar-me.
Mais uma vez agradecemos a sua amabilidade em responder às nossas perguntas. Para terminarmos gostaríamos somente que deixasse um conselho dirigido aos jovens que hoje ambicionam construir uma carreira no mundo da música. O que lhe ensinou o seu percurso?
Pela minha experiencia, a única mensagem que eu posso deixar aqui é: "Jamais percam a humildade!".
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