Os HMB em Entrevista.
A Soul, R&B e Gospel são a sua "língua materna" e Al Green, Bill Withers, D'Angelo e ErykahBadu são os seus heróis mas ultimamente têm ouvido também Mayer Hawthorne, Bruno Mars, Prince, Janelle Monae, Pharell Williams, Lenny Kravitz antigo, J DIlla, Kanye West, Frank Ocean, Justin Timberlake, Flying Lotus entre outros. Os HMB apresentam ao público o disco "Sente". Sobre o quadro da música portuguesa, dizem-nos que, apesar de ainda andarem por aqui há pouco tempo, já se aperceberam de que o fator "C" (cunha), acaba por ter mais força do que o fator "X". A entrevista que aqui apresentamos transborda alegria, motivação e entusiasmo. Os HMB têm o desejo muito forte de ver a sua "família aumentar" e de que esse crescimento os leve para lá das fronteiras nacionais.
Agradecemos desde já a vossa amabilidade aceitando o nosso desafio para esta entrevista. Quais foram os vossos percursos musicais antes de se juntarem em 2007 para formarem os HMB?
A maior parte de nós cresceu na Igreja, foi lá que aprendemos a tocar Temos uma longa tradição de bons músicos na Igreja. O Fred (Guitarrista) é o único que aprendeu fora desse circuito.
O gosto pela Soul, R&B e Gospel é transversal a todos os elementos do projeto?
Completamente. É a nossa língua mãe. Tudo o que fazemos vem daí. Ainda agora fizemos uma colaboração com o Tiago Bettencourt numa canção dele, que é claramente rock, e quando lhe metemos a mão ganhou logo um sabor Soul. É inevitável.
Al Green, Bill Withers, D'Angelo e ErykahBadu são algumas das referências que inspiram a sonoridade dos HMB. Há outras referências que mereçam ser aqui partilhadas com os nossos leitores?
Esses são os nossos mestres e heróis, aqueles que estarão sempre presentes e aos quais podemos sempre voltar se alguma vez nos perdermos. Mas temos vindo a alargar o nosso espectro de influências como se pode escutar neste disco. Temos ouvido Mayer Hawthorne, Bruno Mars, Prince, Janelle Monae, Pharell Williams, Lenny Kravitz antigo, J DIlla, Kanye West, Frank Ocean, Justin Timberlake, Flying Lotus entre outros.
"SENTE" é o vosso segundo e mais recente álbum de originais. O que nos traz este álbum de diferente relativamente ao primeiro? Falem-nos um pouco de todo o percurso realizado até à concretização de "SENTE".
O processo começou mal. O primeiro disco saiu, a última canção que gravamos para o primeiro disco foi o " Sabe Bem". Essa gravação foi o início de um novo método de produção que viemos a aprofundar e a otimizar ao longo dos 2 anos que se seguiram. Foram 2 anos de muitos concertos, mas sempre que tínhamos oportunidade escrevíamos e fazíamos pré-produção, quando fomos para estúdio no início de 2013 tínhamos cerca de 30 canções e não sabíamos por onde havíamos de começar. Mas as canções mais fortes foram sobressaindo e conseguimos concentrarmo-nos em cerca de 12. Após um longo processo e inúmeras sessões de estúdio à procura do som perfeito para cada uma, o Héber apareceu com mais duas canções incríveis, "Naptel Chulima" e " Tua Maneira", acabámos por encaixa-las no disco. A última canção a entrar foi o " Sorri para Mim" que o Héber escreveu e gravou tudo sozinho Ele tinha-a lançado para a mulher no dia dos Namorados, mas a canção é tão boa que decidimos ficar com ela no disco.
Ao gravarem "SENTE" sentiram uma maior maturidade musical e artística?
Totalmente. No primeiro disco não sabíamos bem o que estávamos a fazer, tocávamos as canções como se estivéssemos na sala de ensaio. Foi uma abordagem muito naif que resultou bem, soou ao que éramos na altura, mas ficávamos logo com a necessidade de querer fazer melhor. Todo o trabalho de pré produção e de escrita nestes dois anos, permitiram ganhar experiência de produção, nomeadamente com os softwares de gravação. Isso abriu-nos um mundo de possibilidades para o nosso som, permitiu-nos criar a atmosfera certa para cada faixa. Podem escutar as diferentes cores do disco, há canções mais cruas em que se sente a banda muito presente, outras são mais lideradas pelo Beat. A própria escrita também evoluiu. O primeiro álbum foi totalmente escrito pelo Héber. Neste, a escrita resulta da parceria sobretudo entre o Fred e o Héber. E, por exemplo, no caso do "Talvez" a canção foi escrita pela banda em conjunto na sala de ensaio, num momento iluminado, daqueles que não acontecem muitas vezes. Creio que a nível artístico do coletivo existe uma maior coesão conceptual entre tudo o que HMB lança para o público, desde a imagem da banda, ao som do disco, à temática de cada canção, ao concerto ao vivo. Por exemplo o título do disco "Sente", que também é o Hastag que temos utilizado é apenas uma continuidade duma expressão que era utilizada pela banda, a fluidez do que é verdadeiro chega ao público como uma grande eficácia.
Da Chick, Samuel Úria, DJ Ride e Sir Scratch foram nomes aos quais quiseram associar o vosso trabalho neste último disco. Há alguma razão especial para a escolha destes nomes? Gostariam de ter contado com outros nomes para além destes?
Gostaríamos de ter contado com o Prince, mas ele não podia... Agora a sério, estes são os nomes que queríamos ter neste disco. Não ficou ninguém de fora que fizesse sentido para este disco. Temos inúmeras colaborações que queremos realizar e que esperamos que façam sentido nessa altura. Destaco os D'Alva que estão a partir a loiça toda, e os Expensive Soul. Neste disco fazemos também o apadrinhamento do Enoque que brilha na canção "Naptel Chulima". Acreditamos que ele seja um dos candidatos ao trono da Soul Nacional. Neste momento ele é parte integrante dos HMB ao vivo, faz vozes para nós desde a tournée do primeiro disco. Esperamos que em breve ele deixe de o fazer porque a sua carreira se tornou grande demais...
"Talvez" foi o primeiro single de apresentação deste álbum. Como foi a reação do público? Esperavam a recetividade alcançada?
É uma canção que está neste disco, mas já existe há algum tempo e o público já a conhece desde a altura em que fizemos um vídeo de promoção no Largo de Camões. Sentimos que é uma canção que não é um fenómeno de explosão mas sim uma canção que vai ganhando dimensão junto dos fãs. Hoje em dia é momento alto dos nossos concertos ao vivo.
Foi então com naturalidade que assistiram à explosão do single "Feeling"?
É sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido e acarinhado pelo público, mas sem dúvida que é uma das canções que vai ficar no nosso set list para sempre. É incrível ver a dimensão que está a ganhar e ouvir as pessoas a cantá-la nos concertos recordando o momento em que a fizemos.
Como vêm o panorama atual da música portuguesa? Há mais espaço para projetos como o vosso, do que quando o iniciaram em 2007?
Os HMB começaram em 2007 enquanto banda, ou seja foi a fase embrionária, mas enquanto banda do conhecimento público surgimos apenas em 2012, ou seja, esse é a nossa data de "nascimento". Ainda estamos cá há pouco tempo, mas já deu para perceber o que se passa. O mercado é muito limitado e em Portugal nem sempre a oportunidade e o mérito estão de mãos dadas. O Fator C (Cunha) é mais importante que o Fator X. No entanto, encorajamos todos a perseguir os sonhos e a fazer música da forma como a sentem. Se houver boa música, boa estratégia, uma boa equipa e muita vontade, tudo se faz. Mas a realidade é que, do ponto vista artístico, Portugal está cheio de projetos incríveis nas diferentes áreas. Acho que vivemos um momento criativo muito fértil.
Há algum sonho conjunto que ainda não tenham concretizado e que gostassem de ver materializado a curto prazo?
Muitos, mas o maior sonho é continuar a crescer junto do público, ver a família HMB cada vez maior ao ponto de termos que ir para além-fronteiras. Isso sim é um grande sonho, conseguir que HMB marque para sempre a cena musical portuguesa.
Muito obrigado por esta partilha com os nossos leitores.
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