José Afonso Sousa, vencedor do concurso "Italy Percussion Competition", em entrevista.
Embora ainda muito jovem, José Afonso Sousa privou já com grandes nomes da percussão no seu percurso formativo. Falamos de nomes como Bart Quartier, David Friedman, Jean-François Lézé, Emmanuel Séjourné, Casey Cangelosi, Pius Cheung, Eriko Daimo, Liu Heng, Peter Vulperhorst, Bruno Costa, Mário Teixeira e Jeffery Davis. Atualmente é reforço do Naipe de Percussão da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Em 2011 participou no V Paços Premium onde ganhou Menção Honrosa. Em 2013 participou no II Estágio Nacional de Orquestra Sinfónica de Jovens. E já no presente ano, ganhou o 1º prémio no concurso "Italy Percussion Competition" na categoria A, nos timbales, organizado pela "Percussive Arts Society".
Muito obrigado por nos dedicar este tempo para que os nossos leitores fiquem a conhecê-lo melhor a si e ao seu trabalho. O que significa para um jovem português vencer o "Italy Percussion Competition",categoria A, em timbales?
Estou muito feliz com o meu desempenho durante todo o concurso e com a opinião do júri a meu respeito. Era constituído por 3 grandes percussionistas internacionais. Os prémios não surgem por acaso, por detrás deles está sempre muito trabalho e dedicação, o que lhes dá um sabor especial. Por outro lado, permitiu-me privar com os melhores e tocar para nomes como David Friedman, Emmanuel Séjourné, Casey Cangelosi, Liu Heng, Ignacio Ceballos Martin, entre outros nomes sonantes internacionais. Hoje sinto-me mais forte e motivado para estudar afincadamente de forma a tornar-me um percussionista cada vez melhor.
O jovem português, Carlos Brás foi semifinalista, também em timbales. O facto de termos dois portugueses a disputar lugares cimeiros numa competição com esta exigência significa que está a ser feito um bom trabalho no campo da formação de músicos, nomeadamente de percussionistas, em Portugal?
Sim. Essas boas performances dos jovens percussionistas devem-se ao trabalho desempenhado pelos mesmos, mas também pela qualidade de ensino de percussão em Portugal. Existem boas escolas de percussão em Portugal.
Jean-François Lézé foi uma das pessoas que fez parte da sua formação. O seu contributo foi marcante para que atingisse este patamar de excelência?
Foi o professor mais marcante na minha formação. Comecei a ter aulas com o prof Jean-François há cerca de um ano. Durante esse ano, as aulas e o trabalho levaram a que o meu nível de execução dos timbales crescesse muito, melhorando muito a minha técnica e a minha musicalidade no instrumento.
Que outros nomes fizeram parte da sua caminhada formativa? Pode partilhar alguns dos nomes de professores mais marcantes no seu processo de aprendizagem?
Na minha, ainda pequena caminhada procurei vários professores que me pudessem ajudar em diferentes instrumentos da percussão, tais como o prof. Bruno Costa e Mário Teixeira no ramo da percussão erudita.
Estudo também "world percussion" com Andres Tarabbia "Pancho". Nessas aulas procuro ter um conhecimento vasto dos instrumentos de percussão que existem pelo mundo fora e aprender a dominá-los.
Competiu com jovens timpaneiros oriundos de vários países da Europa e de China. Notou muitas diferenças na forma de interpretar?
Entre os vários candidatos no concurso não vi grande diferença. Eu era diferente deles, pois toco com a pega Alemã das baquetas, mas com os tímpanos pela ordem inversa, do grave para o agudo, como a escola Francesa de tímpanos.
A percussão foi sempre a área que mais o fascinou no mundo musical?
Sim, desde muito jovem que a percussão me fascina, embora tenha começado os meus estudos musicais em Flauta Transversal. Os instrumentos de percussão são instrumentos muito usados na música tradicional portuguesa, o que me despertou entusiasmo desde muito jovem.
Gostava de ir fazer algumas experiências a outros países? Sente que poderia ganhar maior polivalência artística se surgisse a oportunidade de ir trabalhar com outros percussionistas de outras partes do globo?
Acho que cá em Portugal existem boas escolas de percussão, mas estudar pelo mundo fora abre novos horizontes. Conhecemos pessoas novas, aprofundamos o nosso conhecimento e criamos novos contactos profissionais.
Quais os seus sonhos, as suas ambições para o futuro próximo?
O meu objetivo é ingressar no ensino superior, cá em Portugal, ou quem sabe no estrangeiro. Não sei se irei já para fazer a licenciatura ou, mais tarde, para o mestrado... e, quem sabe, para o doutoramento! O meu sonho é ser timpaneiro numa orquestra profissional e ser reconhecido a nível internacional.
Portugal é um país pequeno... Considera o nosso país pequeno demais para albergar tantos jovens músicos de qualidade?
O nosso pais não é pequeno. Existem muitos jovens músicos de qualidade, mas como a cultura em Portugal é posta um bocado à parte, faz com que os jovens músicos "fujam" do nosso país. Mas, por outro lado, a nível de ensino, Portugal não é capaz de albergar tantos professores para as nossas escolas de música.
Embora ainda seja estudante, já se encontra a trabalhar com alguns projetos musicais?
Sim. Pertenço à Banda Musical de Lousada, Dogma Brass Band, Lousada Big Band e Orquestra Ligeira do Vale do Sousa. Sou reforço do naipe de Percussão da Orquestra Sinfónica do Porto, Casa da Música.
Os compositores atuais dão maior destaque às percussões? São mais ambiciosos?
Sim, cada vez mais os compositores usam percussões nas suas peças, porque talvez queiram compor peças, em que o uso de diversos instrumentos de percussão possa trazer algo de novo à música.
Que conselho deixaria a outros jovens músicos que sonhem com uma carreira no âmbito da música?
Trabalho e dedicação, nunca desistir. Chegará a vez de todos triunfarem.
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