Rita Guerra apresenta “Volta”. Entrevista.

Rita GuerraRita Guerra fala-nos do novo disco "Volta" que será apresentado no próximo dia 11 de outubro no Teatro Tivoli em Lisboa. Nunca gostou da ideia de ir atrás dos outros e do que está na moda. "Sou fiel a mim e prefiro não fazer algo, do que fazê-lo porque é conveniente a terceiros. É verdade que há muitos artistas que o fazem, mas isso é um assunto que a eles diz respeito". Relativamente à música nos dias que correm diz-nos não ter dúvidas de que hoje qualquer pessoa grava... "as máquinas fazem milagres (ou quase sempre), o que faz com que o mercado esteja inundado de fraudes. (...) No tempo em que eu gravei o meu primeiro disco, só gravava quem cantasse a sério. Enfim..."

Muito obrigado por nos conceder um pouco do seu tempo. "Volta", é o resultado de quatro anos de espera calculada pelo momento certo de reaparecer ou, pelo contrário, é o produto de quatro anos de maturação e de enriquecimento enquanto artista e intérprete?
Eu diria que é um pouco de ambas... Por um lado, devemos apresentar trabalhos novos ao público com alguma regularidade. Sem prazo concreto, mas devemos apresentá-lo. No meu caso, houve realmente uma maturação a vários níveis, surgiu a oportunidade, surgiram as condições e aqui está o resultado. Um disco não deve ser feito porque "TEM de acontecer" contratualmente. Deve acontecer respeitando um acordo mas sempre tendo em conta que deve ser feito com verdade e vontade. Foi o que aconteceu. Numa fase diferente da minha vida, enquanto música, cantora, mulher e tudo o mais, achei que faz todo o sentido que este trabalho tenha sido gravado agora, com as pessoas que nele estão envolvidas.

O aparecimento de Mikkel Solnado na produção deste disco é uma decisão pessoal ou fruto de uma determinação conjunta entre a Rita Guerra e a Farol?
Rita GuerraO aparecimento do Mikkel Solnado acontece por mais do que uma razão. Há uns tempos, quando ele fez a apresentação do trabalho que havia saído na altura, tive a felicidade de estar no mesmo programa que ele e pude ouvir a música dele pela primeira vez. Fiquei fã da voz, do estilo musical e da pessoa. Nessa tarde disse-lhe que adoraria um dia poder trabalhar com ele, pois era óbvio que o facto de ele ter vivido tantos anos na Dinamarca, lhe deu uma bagagem grande e muita informação musical muito interessante. Então, foi o nome sugerido pela editora (tendo em conta o facto de saberem que eu sou grande apreciadora do seu trabalho) e eu concordei imediatamente.

Um disco próximo de sonoridades eletrónicas e de R'n' B nasceu daquilo que queria e desejava fazer já há algum tempo, ou resultou precisamente do facto de ter no leme desta produção uma figura como o Mikkel Solnado?
Não. O facto deste cd ter as sonoridades que tem, deve-se essencialmente ao facto de eu gostar muito delas. Sou uma devoradora de música e gosto de poder abordar e interpretar outras áreas musicais. Sinto-me muito confortável noutros estilos, porque gosto deles. Poder ter no meu cd sonoridades semelhantes às que mexem comigo, que me dão pele de galinha e que me fazem sentir completa musicalmente, é algo que não poderei nunca ignorar. Sou camaleónica nos meus gostos e feliz por arriscar.

Sente que, com trinta anos de carreira, já se pode "dar ao luxo" de não ceder à força do mercado e de ter um papel mais pedagógico para com o público? Em Portugal os artistas cedem muito às tendências do mercado?
Eu sempre fui muito perentória sobre alguns assuntos, e esse é um deles. Nunca gostei da ideia de ir atrás dos outros e do que está na moda; em área nenhuma. Sou fiel a mim e prefiro não fazer algo do que fazê-lo porque é conveniente a terceiros. É verdade que há muitos artistas que o fazem, mas isso é um assunto que a eles diz respeito. Quanto ao facto de a minha postura ser pedagógica ou não, perante o meu público, eu espero sinceramente que sim, pois acredito piamente no que faço, e o que apresento é feito sem pressões ou conveniências. O que ouvem é, e será sempre, - embora em fases diferentes da minha vida e com as "cores" que a vida nos vai dando - eu.

A participação dos "Guess What", banda do seu filho Diogo, era algo com que sempre sonhara? Sente que as suas "pegadas" enquanto artista estão a ser seguida pelo Diogo?
Os "GuessWhat" são o meu filho Diogo e o seu amigo Tiago, sim. São uma dupla que aposta muito na música eletrónica e eu não poderia deixar de lhes pedir um tema, já que gostei tanto de vários que eles compuseram e produziram, tal como adorei a experiência de gravar dance music com o Mastiksoul. Tendo gostado tanto, faz todo o sentido que tenha os GuessWhat no cd. Eles fazem parte da minha vida e contribuem muito para que eu esteja mais atenta ao que se passa nessa faixa do mercado. Ouço muitas das coisas que compõem e sou várias vezes solicitada para lhes dar opinião (por pertencer a uma faixa etária mais velha). Creio que o Diogo se manterá sempre na composição e produção, nunca arriscará no canto. Não é isso que o move.

Rita GuerraUma das faixas mais aguardadas deste álbum é aquela em que protagoniza um dueto com Michael Bolton. Como surgiu esta oportunidade? Fale-nos um pouco de como tudo aconteceu...
O Michael Bolton surgiu no meu caminho quando ele me escolheu para o acompanhar em dois temas no Pavilhão Atlântico. Depois desse concerto, convidou-me a estar também no Coliseu do Porto, onde me convidou a cantar o seu tema mais emblemático: "How Am I Supposed To Live Without You". Depois de me ouvir cantá-lo sozinha num ensaio da sua banda, à tarde; aproveitei para aquecer a voz e quando a canção acabou, ele estava meio escondido na lateral do palco e disse-me "Logo tens de cantar essa canção comigo". Depois disso, mantivemos uma comunicação assídua por mail e surgiu a oportunidade de eu o desafiar... E ele aceitou (risos).

O disco "Volta" vai ser apresentado no dia 11 de outubro no Teatro Tivoli em Lisboa. Está tudo pronto para o grande dia? Este espetáculo versará somente os temas do disco, ou podemos esperar uma viagem que passará também por temas que marcaram estes trinta anos de canções e de partilhas com o público português?
No dia 11 de Outubro vão poder ouvir algumas das canções do album "Volta" e algumas das canções que mais marcaram a minha carreira, sim.

Como vê a música portuguesa nos dias que correm? Mudou muita coisa desde o tempo em que deu os primeiros passos nesta área profissional? Mudou-se para melhor? Quais as principais diferenças que vislumbra?
Muito sinceramente, creio que não haverá dúvida de que hoje qualquer pessoa grava... as máquinas fazem milagres (ou quase sempre), o que faz com que o mercado esteja inundado de fraudes. Sinto-me à vontade para falar do assunto, pois sei o que acontece na hora da verdade: vejam os artistas que temos ao vivo e constatem quantos não fazem playback e não desafinam. No tempo em que eu gravei o meu primeiro disco, só gravava quem cantasse a sério. Enfim...

Sente que o disco "Volta" poderá trazer muitos espetáculos para os tempos que se aproximam? Já tem algumas datas que possa partilhar com os nossos leitores?
Sinto que o disco "Volta" trará muitos espetáculos, sim. Por ser um trabalho diferente, fresco, romântico, genuíno (sorriso). As datas estão a cargo da agência, que tem sempre a agenda completa e a partilha na minha página oficial.

Desejamos que tudo corra bem e que "Volta" simbolize um regresso para próximo de todos aqueles que a admiram. Muito obrigado.
Muito obrigada pela simpatia e espero que seja do agrado do público. Quanto ao próximo... será com certeza diferente (risos).

Rita Guerra

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