João Pedro Pais… Uma carreira e uma vida de partilha(s)…
João Pedro Pais tem uma carreira que dispensa apresentações. O que faz, transforma-se rapidamente em êxito pois a sua sinceridade artística, a sua humildade e o sentimento de partilha que o têm acompanhado ao longo da vida fazem deste artista alguém muito singular. Nesta entrevista tentaremos proporcionar aos nossos leitores uma viagem pela vida do homem, do artista que se transfigura em palco e que transforma o acorde simples em algo energicamente contagiante. Ficamos então com João Pedro Pais...
XpressingMusic (XM) – João, agradecemos-lhe muito sinceramente ter aceitado a nossa proposta para esta entrevista. Iriamos começar por tentar saber como foi a sua vida até ter sido revelado ao grande público no programa "Chuva de Estrelas". Quando começou a mostrar interesse pela música? Como foi a sua aprendizagem musical?
João Pedro Pais (JPP) – Na adolescência pensamos ser sempre alguma coisa, querendo ser isto ou aquilo e eu não fugi à regra, estando sempre ligado à música através da família e amigos.
XM – 1997 foi um grande ano para o João. Lança o seu primeiro disco e este torna-se campeão de vendas. O que sente um jovem quando sobe a um palco e vislumbra uma multidão a cantar de cor as suas composições?
JPP – Há uma grande generosidade por parte do público para comigo. Nota-se cumplicidade entre nós... É muito gratificante ver as pessoas a identificarem-se com as minhas canções.
XM – As letras que escreve são reconhecidamente genuínas... Elas são autobiográficas?
JPP – Escrevo sobre quem sou, o que penso, o que ouço, o que vejo e o que sinto... tudo aquilo que me rodeia e me envolve... Acalma-me e desassossega-me.
XM – O que vem primeiro... a letra ou a melodia? Como acontece o processo de composição na cabeça do João?
JPP – Tenho a minha forma de compor, fazendo o texto e a melodia ao mesmo tempo.
XM – A sua música movimenta-se dentro de um género pop-rock... Quais as suas principais influências? E, já agora... aprecia e ouve outros géneros musicais?
JPP – Sou ecleticamente musical, aprecio desde o clássico ao funk e soul, sendo as minhas influências, Sting, Bruce, Eddie Vedder, Eric Clapton, e muitos mais. Algumas das minhas influências musicais são também exemplos de personalidade, pelo menos do que me deram a conhecer. As suas músicas e textos marcaram momentos e ainda atravessam idades, incentivando-me para que eu tente conseguir fazer melhor.
XM – Já são muitos os discos gravados e os temas que se tornaram "hits". Na sua opinião, quais os temas que mais marcaram a sua carreira?
JPP – Muitas canções que não foram singles, para mim ainda estão actuais. As canções têm o seu próprio tempo e espaço e fazem mais sentido num determinado momento. Procuro e persigo uma busca constante da minha capacidade em conseguir fazer, contando as minhas e vossas histórias cantando-as, e só assim podemos e "havemos de lá chegar".
XM – O que sentiu em Fevereiro de 2003 quando foi convidado a fazer a 1ªparte da Tournée Ibérica de Bryan Adams? Foi uma grande oportunidade de internacionalização? Mudou alguma coisa na sua carreira e na sua vida?
JPP – À excepção do fado, a música cantada em Português não tem uma indústria discográfica abrangente no estrangeiro, mas foi muito importante para a minha divulgação no mercado nacional.
XM – O Rock In Rio torna-se já um hábito para o João... Pode levantar um pouco do véu relativamente à sua participação deste ano?
JPP – É uma honra para nós termos sido de novo convidados para atuar no Rock in Rio, é no entanto mais um concerto da nossa tour, e tenho como convidado para um dueto o meu amigo Jorge Palma.
XM – O projeto "Lado a Lado" com Mafalda Veiga mostrou haver uma ótima relação musical entre os dois. É algo que gostasse de repetir?
JPP – Fez sentido naquela altura, apenas e só.
XM – Pedro Abrunhosa, Jorge Palma e Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés foram alguns dos músicos com os quais já teve o privilégio de trabalhar... São nomes com os quais sente afinidades fortes? Identifica-se fortemente com as composições destes artistas?
JPP – Eu só faço parcerias musicais com quem me identifico, e depois há aqueles com quem tenho mais cumplicidade musical, e amizade.
XM – Ainda é certamente cedo para fazer uma retrospetiva biográfica do João Pedro Pais mas, até aos dias de hoje, quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira?
JPP – Ter feito a tour ibérica com Bryan Adams em 2003 e 2005, também os Coliseus do Porto e Lisboa em 2009 e, mais recentemente, as duas salas esgotadas no CCB em Outubro passado e o último Coliseu do Porto em março, com o Keith Scott, guitarrista de Bryan Adams como convidado.
XM – O João transparece uma genuína humildade e sede de aprender... Considera que a sua convivência com Adam Kasper acaba por ser um dos momentos de aprendizagem importantes na sua vida enquanto músico?
JPP – O Adam Kasper misturou o meu último disco. Trocámos algumas ideias e influências, esperando no futuro poder trabalhar com ele mais uma vez.
XM – Quem são os músicos que andam consigo na estrada atualmente?
JPP – São os meus companheiros e amigos de muitos anos de estrada, aqueles que me protegem quando eu estou na frente de um palco.
XM – Muito obrigado por este tempo que nos dedicou. Para terminarmos gostaríamos de lhe perguntar se tem a consciência de que é um exemplo para muitos jovens que hoje pegam na sua guitarra e compõem as suas canções... Que legado pensa deixar a esses jovens com uma carreira tão rica como a sua? Que conselhos poderá deixar àqueles que sonham construir uma carreira e viver da sua arte?
JPP – Sou o que sou, tendo as minhas manias mas também a minha irreverência e personalidade que fazem de mim o que eu quero ser e me levam para onde quero chegar.
Biografia e Discografia (2014)
Sistema de comentários desenvolvido por CComment