Best Youth, o duo Indie Rock do Porto em entrevista...
Ed Rocha Gonçalves e Catarina Salinas compõem os Best Youth. Conhecidos pelo tema Hang Out que emana do seu EP Winterlies, os Best Youth, cedo obtiveram reconhecimento internacional sendo a banda nomeada como uma das principais bandas portuguesas a seguir, pelo site francês Les Inrocks. Optimus Primavera Sound, SwTMN, Optimus Alive e Paredes de Coura, foram alguns dos festivais que contaram com a presença dos Best Youth em 2012. Os Best Youth lançam-se em 2013 para o primeiro disco de longa duração que será editado internacionalmente pela [PIAS] Recordings cujo primeiro single, "Still your Girl" já anda a tocar nas rádios.
Muito obrigado por nos dedicarem um bocadinho do vosso tempo. Os Best Youth são um duo composto por Ed Rocha Gonçalves e Catarina Salinas. Como se conheceram? Falem-nos um pouco desta vossa parceria que resulta tão bem em palco, em estúdio e na própria criação do universo inerente aos Best Youth...
Eu e o Ed já nos conhecemos há muitos anos, desde a adolescência. Os nossos pais tinham amigos em comum e por isso não era difícil estarmos juntos.
A nossa entrada no mundo musical foi um pouco de rompante... O Ed precisava de uma vocalista e eu já cantava há algum tempo, mas sempre para mim, nunca para um público... Lembro-me que o Ed me abordou para tocar uns covers num bar e que o "concerto" seria logo naquela semana! Entendemo-nos logo. A química era evidente. Já estivemos em outros projetos mas voltámos sempre um para o outro. Acho que podemos dizer, musicalmente falando, que é o casamento perfeito.
Quais os músicos que se juntam a vocês em palco?
Neste momento trabalhamos com o Nuno Sarafa que é baterista nos X-Wife, We Trust, Weatherman e Fat Freddy e com o Fernando Sousa dos X-Wife. É um prazer gigante trabalhar com estes dois senhores, não só porque são excelentes músicos, mas porque também desenvolvemos uma relação de amizade muito especial com eles.
Winterlies foi lançado em meados de 2011 em edição de autor e, posteriormente, editado no final do mesmo pela Optimus Discos. O facto de terem partido para uma edição de autor inicialmente queria dizer que a vossa confiança na força da música que produziam era muito grande? Como surgiu a oportunidade de editarem pela Optimus Discos?
A edição de autor aconteceu mais por necessidade. Nós estávamos ansiosos por pôr o nosso trabalho cá fora, mas na altura nenhuma editora nos deu uma resposta concreta. Optámos por colocar online sozinhos à nossa maneira sem grandes ambições e depois logo se via...
A edição pela Optimus Discos veio através do Henrique Amaro. Assim que o EP ficou pronto, o Henrique foi uma das primeiras pessoas a quem nós enviámos uma cópia. Ele ouviu, gostou, e assim surgiu a proposta de um relançamento pela Optimus Discos.
O tema Hang Out rapidamente se tornou um dos maiores sucessos de rádio do ano de 2012. O que de mais positivo vos trouxe essa exposição mediática?
O mais positivo foi mesmo ter-nos dado a conhecer a muita gente e ter criado muitas oportunidades para tocarmos ao vivo. Tivemos um verão incrível em que tocámos em quase todos os maiores festivais tendo só um EP editado. Foi um ano de trabalho muito intenso e com muita correria à mistura, mas valeu muito a pena.
Foram a banda nomeada como umas das principais bandas portuguesas a seguir pelo site francês Les Inrocks. Isto abriu-vos portas para uma internacionalização? Surgiram contactos para que os vossos espetáculos extravasassem as fronteiras de Portugal?
Essa nomeação foi recebida com muita surpresa e orgulho. Não só por ser na publicação que foi, mas porque ao nosso lado vinham nomes portugueses já muito mais estabelecidos, como a Luísa Sobral e os X-Wife, entre outros. Abre de certa forma uma porta, claro, mas para uma banda portuguesa conseguir conquistar uma carreira internacional é preciso ter uma série de recursos, meios e condições que não são fáceis de obter, já para não dizer, uma enorme dose de sorte e muito, muito trabalho e esforço. Vamos agora em Dezembro dar o nosso primeiro concerto fora de portas na Bélgica. Já têm havido outras propostas mas nem sempre é exequível em termos logísticos. Vamos, aos poucos, tentando chegar um pouco mais longe...
A vossa entrada em festivais como o Optimus Primavera Sound, SwTMN, Optimus Alive e Paredes de Coura era a confirmação do sucesso do vosso trabalho? Sentiram-se reconhecidos, ou melhor, sentiram o vosso trabalho reconhecido com estes convites e com estas presenças?
Claro que sim, estamos a falar de festivais que são conhecidos mundialmente e dos quais somos fãs e frequentadores assíduos há muitos anos. É um orgulho enorme ver o nosso nome num cartaz ao lado de nomes como Radiohead, The Kills, Metronomy, Kings of Convenience, XX, Ornatos Violeta, etc... bandas das quais somos fãs assumidíssimos. Mais ainda tocar para o mesmo público. Aí sim sentimos o nosso trabalho reconhecido, quando vemos que a música que fazemos tem um impacto nas pessoas e elas nos retribuem.
Falem-nos também um pouco da experiência que tiveram ao fazer uma tournée com os We Trust...
Foi uma experiência muito feliz e não poderia ter vindo em melhor altura. Nós já somos amigos do André há muito tempo, partilhamos o mesmo baterista (Nuno Sarafa) e juntar o resto das pessoas (Sofia Ribeiro e Fernando Sousa) foi fácil.
A ideia surgiu durante o Optimus Alive 2012. Nesse ano tocámos os dois (Best Youth e We Trust) no festival e a ideia surgiu enquanto estávamos juntos no Hotel. O Inverno é sempre uma altura em que há poucos concertos e tendo em conta que seríamos duas bandas num só projeto, aliciou-nos a nós (Best Youth e We Trust) e claro, às salas que nos receberam.
Em termos criativos foi muito interessante, pois pudemos perceber como é que a música de cada projeto era entendida pelo outro e que versões seriam possíveis de fazer sem desvirtuar os temas originais. O principal objetivo, que ficamos muito contentes por conseguir concretizar, foi conseguir dar a conhecer a nossa música por todo o país, e, essencialmente conseguir chegar aos locais mais pequenos aos quais não tínhamos conseguido ir nas tours individuais.
Qual a reação que percecionam do público relativamente a "Still your Girl"?
O lançamento da "Still Your Girl" acabou por ficar muito próximo dos lançamentos de TMBAP, o que influenciou o seu impacto no público e nas próprias estações de rádio. Na altura as rádios ainda passavam muito a "Nice Face" (versão TMBAP) e por isso sentimos que a "Still Your Girl" acabou por ficar um pouco perdida e se calhar não chegou a tanta gente como queríamos... a ideia era a música preceder o nosso novo disco, que sairia pouco depois mas tivemos que alterar os nossos planos. No entanto na Optimus Debandada na Praça dos Leões este ano sentimos que público conhece a música, e houve imensa gente a cantar connosco o que foi surpreendente.
Este vosso percurso que temos vindo a passar em revista já vos permite dar alguns conselhos aos jovens músicos que hoje se encontram a tentar lançar os seus projetos? Têm alguma receita relativamente à melhor forma que existe para um projeto se dar a conhecer?
Acima de tudo, muita paciência e perseverança. É um processo lento que muitas das vezes leva as pessoas a desistirem. Nem sempre tem a ver com a qualidade do projeto em si, mas sim com os timings, não nos podemos esquecer de que a música como qualquer outro formato artístico é subjetiva...
O melhor conselho que podemos dar é: trabalhar muito e não desistir ao primeiro ou segundo ou até mesmo ao terceiro obstáculo que apareça.
Mais uma vez muito obrigado por partilharem as vossas vivências com os nossos leitores. Quais os vossos "sonhos" para 2014?
Nesse departamento acho que partilhamos os sonhos de qualquer banda emergente, muitos concertos e a internacionalização (risos).
Obrigada nós!
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