XpressingMusic entrevista Carolina Coimbra.
Carolina Coimbra nasceu em Vila Nova de Gaia em 1992. Apesar de ser ainda muito jovem conta já com prestigiados prémios e mostra uma enorme vontade de melhorar a cada dia que passa. A Orchester des Opernhauses Zürich, a Akademische Orchester Zürich, a Orchester der Zürcher Hochschule der Künste, a Orquestra Clássica de Espinho, a Orquestra Filarmonia das Beiras, a Orquestra Sinfónica ESMAE, a Banda Sinfónica Portuguesa, a Orquestra do Norte e a Filarmonia de Gaia são algumas das formações que já contaram com a sua participação.
Carolina, muito obrigado por partilhar um pouco de si connosco e com os nossos leitores. Tudo começou aos sete anos, não foi? Quando entrou para a classe de harpa da Ana Paula Miranda, no Conservatório de Gaia, já tinha bem definido na sua mente que a sua vida iria forçosamente passar por uma carreira musical?
Claro que com sete anos não imaginava que neste momento estaria a seguir uma carreira musical. A música sempre foi uma grande paixão desde pequenina. Adorava estar no conservatório, era como a minha segunda casa. As aulas de harpa e piano eram sempre o momento mais esperado da semana.
Porque escolheu a Universidade de Artes de Zurique para aprimorar a sua formação? Procurava nomes como Catherine Michel, Irina Zingg e Sarah O'Brien?
Ter como professora a grande harpista Catherine Michel foi o que me fez escolher a Universidade de Artes em Zurique, ZHdK. No decorrer dos meus estudos na ZHdK, para além da Catherine Michel, tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com excelentes professores, como Irina Zingg e Sarah O'Brien, com as quais continuo a trabalhar.
Tem atuado com diversos conjuntos e orquestras tais como a Orchester des Opernhauses Zürich, Akademische Orchester Zürich, Orchester der Zürcher Hochschule der Künste, Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Sinfónica ESMAE, Banda Sinfónica Portuguesa, Orquestra do Norte e a Filarmonia de Gaia. Isto é um sinal de que está a cursar o caminho certo? É o reconhecimento do seu esforço explanado em tantos e prestigiados convites?
Acho que sim. Gosto muito de tocar em orquestras, por isso é sempre um enorme prazer quando surge um convite.
Em que consiste a Academia Internacional de Verão “HarpMasters”, na Suíça? Considera que quem ambiciona uma carreira enquanto harpista deverá passar por ali?
O HarpMasters é uma das melhores academias internacionais. Posso afirmar que o facto de ter participado nesta academia mudou a minha carreira. Na minha opinião acho que é importante uma experiência como a que nos é proporcionada pelo HarpMasters. É uma oportunidade única de descobrir o mundo da harpa. Aprendemos imenso, de uma forma intensa e apaixonada naqueles tão curtos dez dias. Para além disso criamos laços de amizade e respeito para com os outros participantes e para com os professores. Os professores convidados são sempre harpistas de alto nível, que ensinam nas melhores escolas mundiais. Claro que não posso deixar de referir a dedicação e excelente trabalho da professora e diretora do HarpMasters, Irina Zingg.
Milda Agazarian, Elinor Bennett, Mara Galassi, Skaila Kanga, Germaine Lorenzini, Isabelle Moretti, Marielle Nordmann, Isabelle Perrin, Ion-Ivan Roncea e Park Stickney são nomes que fazem parte do seu caminho. O que absorveu deles? Têm características singulares que os diferenciam claramente uns dos outros?
Poderia dizer que todos estes nomes fazem parte da história da harpa! São pessoas que nunca imaginei conhecer. No entanto tive o privilégio de trabalhar com estes grandes harpistas graças ao HarpMasters. De cada um aprendi coisas diferentes pois cada um tem o seu modo de tocar e o seu modo de ensinar. Numa fase de aprendizagem e crescimento é muito importante para os jovens harpistas como eu termos a oportunidade de contactar com a diversidade e dialogar com os grandes mestres.
Sonha vir um dia para Portugal partilhar todo o conhecimento que tem andado a absorver ajudando aqueles que sonham fazer mais e melhor num instrumento tão singular como a harpa?
Sim, esse é um dos meus sonhos. Infelizmente a harpa em Portugal ainda não tem o mesmo papel que tem na Suíça ou em tantos outros países na Europa. Começa agora a crescer e eu gostaria imenso de poder ajudar neste crescimento e transmitir tudo o que estou a aprender cá fora.
Muitas vezes as pessoas associam o músico a uma vida muito fechada no seu mundo musical, onde a vida social é escassa... O que faz nos seus tempos livres? Pratica desporto? Quais os livros e autores de que mais gosta? Qual a música que ouve no seu dia-a-dia?
É uma ideia errada que as pessoas têm dos músicos. Somos pessoas normais, com uma vida bastante normal! Pratico desporto 2 a 3 vezes por semana. E preciso mesmo de me “mexer” porque no meu dia a dia passo muitas horas sentada, a estudar harpa. Gosto muito de ler, os meus livros preferidos são policiais, principalmente os da Agatha Christie. Mas também gosto de um bom romance. Para além de música erudita, ouço muito bossa nova, de músicos como Elis Regina, João Gilberto, Tom Jobim, entre outros.
O seu percurso mostra que para seguir uma carreira musical devemos ter uma dose considerável de determinação... O que aconselha àqueles que sonham, um dia, vir a aprender a tocar harpa e, quem sabe, a ter uma carreira aliada a este instrumento?
Numa carreira musical é importante determinação, persistência e, na minha opinião, também paciência. Há coisas que funcionam com o tempo e muitas vezes não aceitamos isso. É preciso também fazer um estudo regular e determinado. E claro, muita paixão pelo que fazemos! A quem quiser ter uma carreia aliada à harpa aconselho a fazerem masterclasses ou academias no estrangeiro, pois neste momento há muita coisa a passar-se cá fora. É importante um espírito aberto a tudo que de novo possam aprender. Neste sentido, uma excelente oportunidade foi a “I Harp Week Porto”, uma organização conjunta da Academia HarpMasters e a Escola Superior de Música do Porto, que decorreu em março de 2013 nas instalações da ESMAE e dirigida pela Professora Irina Zingg.
Agradecemos-lhe mais uma vez ter aceitado este convite. Pode, por fim, dizer aos nossos leitores e seguidores quais os prémios que mais significado tiveram para si? Os prémios pesam muito na hora de concorrer a um determinado lugar numa orquestra ou grupo?
O prémio com mais significado que obtive foi em maio na Servia na competição Internacional “Petar Konjovic”. Não pelo prémio em si, mas sobretudo por todo o trabalho realizado. Os concursos são uma oportunidade para prepararmos um determinado repertório com mais cuidado e perfeição. No meu caso o caminho percorrido na preparação deste concurso teve muita importância no meu próprio crescimento como harpista. O prémio mais especial foi o que obtive em maio em Portugal, por ter sido “em casa”. O facto de ter obtido o 1º prémio na categoria B na IV edição do concurso “Marcel Tournier” em Itália em 2012 foi também muito importante. Foi na sequência deste prémio que fui convidada para o recital de abertura do V Festival Internacional “Suoni d'Arpa”, Salsomaggiore em Itália que ocorreu em maio deste ano.
Normalmente o concurso para um determinado lugar de orquestra tem 3 fases, primeiro concorremos com o nosso currículo, depois na segunda fase somos ou não convidados a fazer provas e finalmente ocorrem as provas que podem ter também várias fases eliminatórias. Deste modo, os prémios em concursos e também os graus académicos já obtidos, são importantes para passarmos à segunda fase e sermos convidados a fazer provas.
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