Zé Perdigão fala da sua carreira e do seu mais recente trabalho “Sons Ibéricos”…

Zé PerdigãoZé Perdigão recebeu o XpressingMusic para uma entrevista onde ficam bem claros vários aspetos e características que tornam este artista numa pessoa singular. O caráter que nos transmite quando canta é exatamente o mesmo que transparece quando responde às nossas questões. A sua honestidade artística tem impressionado todo o mundo com especial destaque para os países sul-americanos e, obviamente, a nossa península ibérica. Vamos então conhecer um pouco melhor Zé Perdigão que nos apresenta o seu mais recente trabalho "Sons Ibéricos".
(disponível também em vídeo)

XpressingMusic (XM) – Zé Perdigão, muito obrigado por ter aceitado este nosso convite para partilhar com todos aqueles que seguem o XpressingMusic um pouco da sua vida e obra. Gostávamos de começar esta entrevista pelas suas origens, ou pelo menos, pela origem da sua vida enquanto músico. Quando foi que tudo começou? Quando descobriu que a sua vida iria ser dedicada à música?

Zé Perdigão (Z.P.) – Começa muito cedo. Ainda enquanto criança comecei a cantar num orfeão de música litúrgica na minha freguesia de Fermentões. A partir daí tudo despoletou e veio o interesse pela música. A música foi sempre o que mais me interessou. E porquê? Porque sempre fui uma criança muito rebelde e a única coisa que me despertava e que me chamava a atenção era a música. Foi na música que encontrei aquilo de que necessitava... a paz. Pode-se dizer que eu era uma pessoa de fácil aprendizagem. Muitas vezes parecia que estava distraído mas não... Lembro-me perfeitamente de estar a brincar com um amigo e da professora me perguntar de que é que estava a falar e eu sabia perfeitamente o que ela tinha ensinado. ... E para colmatar essa rebeldia eu encontrava maior foco de concentração na música. Então, a partir daí, a música foi onde sempre me encontrei. Sou autodidata como cantor e não toco nenhum instrumento musical.

Zé PerdigãoXM – Como surgiu em 2008 o convite do José Cid que deu origem aos seu primeiro disco "Os Fados do Rock"? Já se conheciam? (Como foi a reação do público a este trabalho)

Z.P. – Não foi em 2008... foi antecedente a 2008... Para aí no ano 2000. Eu participava todos os anos num festival em Guimarães... um festival da canção que ainda hoje se realiza e que se chama "Guimarães a Cantar". Ganhei uma série de vezes esse festival até que achei que deveria parar um pouco para dar oportunidade que mais alguém pudesse ganhar esse festival. Então, nesse preciso ano em que decidi não participar no Festival "Guimarães a Cantar", convidaram-me para participar no festival simplesmente como convidado e eu enderecei esse convite também a José Cid que acedeu participar e a partir daí tudo despoletou. O José Cid tinha em mente "Os Fados do Rock" e ainda não tinha encontrado a voz para esse trabalho. Aí fez-se luz e convidou-me para que esse trabalho fosse gravado. Foi assim... simplesmente.

XM – Em 2009, o Francisco Ribeiro, membro fundador dos Madredeus, também lhe endereça um convite interessante... Foi importante para o Zé Perdigão a participação na gravação do disco Desiderata – "A Junção do bem"?

Z.P. – Sim, é sempre importante. O Francisco Ribeiro foi convidado a trabalhar comigo durante a tournée dos Fados do Rock. Foi um amigo, companheiro, um grande músico por excelência, não fosse ele membro fundador dos Madredeus, e não fosse ele também autor e compositor de vários temas que hoje conhecemos como Pomar das Laranjeiras, o Pastor... Entretanto, decorria o ano de 2009 quando o Francisco decidiu gravar o seu próprio projeto, algo que ainda não tinha acontecido até então e fez-me o convite... Ele convidou quatro vozes para esse projeto: Tanya Tagak que é back vocal da Björk, a Natália Casanova, a Filipa Pais e eu. Escolheu estas quatro vozes para este projeto que era com orquestra sob a direção do maestro britânico Mark Stephenson. Não chegámos a apresentar este disco ao vivo... isto também porque eu não pude porque tinha o Campo Pequeno nesse ano e andava muito ocupado com "Os Fados do Rock" que ainda era um bebé, com um ano de idade... Mais tarde percebi que aquele álbum tinha sido um réquiem que o Francisco tinha feito pois desaparece no ano seguinte e fica o disco para recordar a sua memória.

XM – Também foi convidado a fazer a primeira parte de José Cid no Campo Pequeno... Como reagiu o público nesta altura?

Zé PerdigãoZ.P. – Tudo era novo na altura. Eu sou um cantor, acima de tudo um cantor, sou uma voz! Sei precisamente até onde posso ir, percebo as minhas limitações e sei precisamente, dentro deste panorama, aquilo que posso fazer. Assim, o Campo Pequeno foi um desafio muito grande.... fazer a primeira parte de um concerto Pop Rock, sabendo precisamente que "Os Fados do Rock" tinham uma roupagem de fado... embora cantasse muitos temas que as pessoas conhecessem como "O Homem do Leme", "Amanhã é sempre longe demais" dos Rádio Macau, o "Fado" dos Heróis do Mar, "Bairro do Amor" do Jorge Palma e todos os outros temas que fazem parte dos "Fados do Rock". Resultou! No Campo Pequeno, perante 7000 pessoas ficámos atónitos – Bem, as pessoas afinal sabem perfeitamente assistir... e quando o produto é de qualidade, as pessoas sabem apreciar o que lhes estão a dar. Foi muito bom...

XM – Foi esta oportunidade que gerou a outra grande oportunidade de atuar com o artista internacional Michael Bolton?

Z.P. – Sem dúvida. Nesse ano de 2009, quando faço a primeira parte do José Cid no Campo Pequeno sou visto como que por um "olheiro", produtor de Michael Bolton, que me convida para que em janeiro fizesse a primeira parte europeia da digressão de Michael Bolton, o que acabou por resultar muito bem na altura e que acabou por resultar também muito bem no Coliseu de Lisboa. Faço simplesmente 40 minutos na primeira parte desse concerto de Michael Bolton e em 40 minutos consigo quatro stand-ups. O Bolton, que é uma pessoa simpatiquíssima para além de todas as qualidades que lhe são atribuídas e tem também uma grande voz, pergunta-me se eu sou já um cantor conceituado em Portugal. Eu disse-lhe que não, que a minha carreira estava a começar em Portugal e ele então disse-me "Então não sei o que se passou aqui hoje nesta sala".

XM – Em 2010 e 2011 corre várias cidades do País, com o concerto Zé Perdigão & Outros Fados. Tendo em conta que a "estrada" nos vai trazendo várias aprendizagens, podemos dizer que esta tournée deu importantes contributos ao trabalho que agora lança, o "Sons Ibéricos"?

Z.P. – Sem dúvida. Eu sou uma pessoa que experimenta primeiro as coisas na estrada para que depois sejam transportadas para o estúdio. Eu não gravo em estúdio aquilo que pode não resultar. Este "não resultar" é também para mim, ou seja, o poeta que vou cantar, a composição que vou interpretar, tenho que a sentir e também tenho que a experimentar para o público porque é para "eles" que eu canto. Toda a estrada, todo o palco que pisei foram sem dúvida também um experimentalismo, se assim quisermos... entre aspas... para os "Sons Ibéricos". Ao longo de cinco anos eu fui gravando, claro que sim, tenho mais de vinte canções gravadas para além destes catorze temas que estão no "Sons Ibéricos". Para chegar a este resultado, houve esse leque diverso de temas que eu gravei e que me deram a oportunidade de escolher juntamente com o meu produtor. Posso dizer que todos os temas foram experimentados na estrada antes de serem gravados em estúdio.

XM – Ainda falando do disco "Sons Ibéricos", gostávamos que partilhasse com os nossos leitores e seguidores quem são os músicos que o acompanham nesta viagem?

Z.P. – Em estúdio houve uma equipa escolhida pelo produtor... Eu gravo em analógico, ou seja em fita, para que as pessoas percebam do que falo... portanto, não há direito a correções, o que fica gravado lá terá que ficar. Aquilo a que chamam o lixo ruidoso nas gravações está lá, portanto isso é puro! Eu acho que o analógico passa muito mais a verdade para o outro lado para além do som, em meu entender, ser muito mais quente, ser muito mais verdade. Os músicos de estúdio, portanto, foi o meu produtor, José Cid, que os escolheu, tal como os que andam na estrada. Em estúdio, este trabalho está gravado com três guitarras portuguesas com maior incidência para um guitarra portuguesa, que é por excelência a grande promessa da guitarra portuguesa e que é o Ângelo Freire. Tenho também o Luiz Petisca num outro tema específico, Bandoleiro. Tenho um outro guitarra portuguesa que vive em Paris, filho de pai português e mãe francesa que é o Philippe. Ele veio gravar comigo o tema "Esquinas" do Djavan por que eu gostei muito da guitarra portuguesa que ele executa, uma sonoridade diferente. Embora me pareça uma sonoridade coimbrã, se assim quisermos, usa as suas próprias unhas e tem um toque muito especial, daí a escolha recair sobre o Philippe de Sousa. Os violas que escolhemos foram precisamente duas pessoas de topo em Portugal: Amadeu Magalhães fez muitas guitarras com guitarra clássica e o Pedro Joia que também fez algumas guitarras flamencas, pois na realidade o "Sons Ibéricos" contém esta identidade que é muito nossa, desta jangada de pedra, se assim quisermos, e já dizia Saramago, que não existe em nenhuma outra parte do mundo, que poderíamos contemplar só em nós, neste nosso universo que é a Península Ibérica. Então como a fusão neste disco recai sobre a guitarra portuguesa e a guitarra flamenca, estes foram os músicos eleitos para gravar em estúdio. São músicos em que o produtor aposta sem risco porque entram em estúdio e tocam do início ao fim a peça sem que haja qualquer problema. Neste disco temos ainda a participação do saudoso Francisco Ribeiro, pois os violoncelos ficaram todos gravados. É a última viagem musical de Francisco Ribeiro... este disco.
Os músicos que me acompanham ao vivo são: o João Silva, que é de aqui perto, de Cantanhede, tocando gaitas de foles, flautas e acordeão; o Daniel Oliveira que é um guitarra portuguesa natural de Guimarães; Alain Carvalho que é contrabaixista que também é de Cantanhede; Edgar Petejo da Póvoa de Varzim, na guitarra Flamenca e o Joel Silva que é de Espinho, nas percussões.

Zé Perdigão, Sons IbéricosXM – Estes dois últimos anos têm sido muito intensos... Participou no espetáculo de homenagem à Obra de António Variações, fez uma digressão nacional acompanhado ao piano pelo compositor André Varandas, interpretando temas de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira... Houve tempo para pensar nos "Sons Ibéricos"?

Z.P. – Houve sempre tempo... Costumo dizer que sou plural no singular e é bom que estejas em vários projetos ao mesmo tempo, em várias linguagens até para que te distraias da concentração e daquilo que te prende mais, neste caso, era a gravação dos "Sons Ibéricos" e eram os concertos do Zé Perdigão. Isto dispersou-me um bocado... e aprendemos sempre mais quando estamos dispersados como por exemplo na minha participação no aCidJazz com o José Cid que é um projeto que é paralelo à sua carreira, e isso abre-nos horizontes e dá-nos maior aprendizagem, maior bagagem musical, se assim quisermos. É sempre bom beber em várias fontes para que nos possamos encontrar na fonte que mais nos prende, aquela que mais desperta a nossa atenção.

XM – Considera que nos dias que correm, com o aparecimento das redes sociais na internet e de outros veículos de comunicação, se torna mais fácil para um músico dar visibilidade ao seu trabalho e, consequentemente, aumentar o seu mercado?

Z.P. – Se assim quisermos e se organizadamente isso estiver, é sem dúvida uma maior visibilidade. Não concordo com a pirataria em termos de downloads porque tudo custa muito dinheiro, tudo custa muito tempo... são obras. É preciso elucidar as pessoas de que a música é igual a uma pintura, portanto não podem entrar no Louvre e roubar um quadro saindo com ele debaixo do braço... É a mesma coisa que entrar na internet e retirar uma música de autor, portanto isso é um roubo. É precisamente um roubo, o que se está a fazer... Ou então, se quisermos, assinar um tema que já é da autoria de alguém, isso também é um roubo. Portanto a única imagem que eu tenho para dar conhecimento de que isto é um roubo, é esta... fazer um download na internet de um determinado tema, é exatamente a mesma coisa que entrar no museu do Louvre e retirar um quadro da parede e trazê-lo debaixo do braço. É preciso educar as pessoas para que isso não aconteça. Ou então... as instituições que têm a supervisão desse lado, devem bloquear à partida, em satélite, esse tipo de consulta não permitindo que isso seja possível.
A mim só me compete gravar e colocar no mercado a obra que gravo. Depois, toda essa inerência à volta é prejudicial porque sinto que perdemos a cada dia mais, e hoje em dia, um músico vive essencialmente dos concertos e o disco quase que é uma apresentação do seu trabalho, portanto já quase ninguém compra discos. Quase que se vai tornando escasso o real... Eu gosto do real. Posso-lhe dizer que na minha discografia em casa, a música de que gosto, a música que ouço, tenho físico porque senão sinto um vazio imenso. Mesmo fazendo um download pago, eu sinto um vazio. Eu gosto do físico. Posso-lhe dizer que o disco "Sons Ibéricos" está à venda em todas as Fnac do país, no El Corte Inglés também e vai ser comercializado agora em breve também na Worten para que naqueles núcleos do território português em que não existe Fnac ou El Corte Inglés, como nos Açores e no interior do país as pessoas possam adquirir o disco. De qualquer das formas eu gostava que tomassem as devidas providências e, quem tem a obrigatoriedade de fiscalizar, que atue rapidamente para que acabem estes roubos...
O Disco está também disponível no iTunes e para audição no Spotify. E, o "Sonidos Ibericos", ao contrário do que se passou com o "Sons Ibéricos", também já está no iTunes à venda. O "Sonidos Ibericos" é outra edição da editora em Espanha e o físico só sai para o próximo ano. Este disco também vai para a América do Sul, para os países sul-americanos.

Zé PerdigãoXM – Em Novembro e Dezembro de 2012 passa por países como Argentina, Chile e Uruguai. Pode resumir um pouco desta(s) experiências?

Z.P. – É difícil expressar, o que é fazer uma digressão de mais de dois meses por países latino-americanos. O Chile... foi sem dúvida uma paragem apoteótica. Tive uma série de concertos no Chile durante mais de um mês, sempre com casas cheias, com críticas sublimes e depois... houve coisas muito caricatas que foram acontecendo como por exemplo... acordo de manhã e vou comprar o periódico mais vendido, o "El Mercurio", e vejo duas páginas a falar sobre mim... acordo de manhã e ligo a televisão e, como no Chile existe o CNN Chile, ligo para saber as notícias do mundo e, na parte cultural, passam 11 minutos de Zé Perdigão porque nesse dia o Zé Perdigão estava no Centro Cultural Gabriela Mistral em Santiago do Chile... acordo de manhã porque me batem à porta do hotel dizendo que tenho um canal televisivo que me quer entrevistar. Tudo isto aconteceu sem publicidade, sem marketing, sem absolutamente coisa nenhuma que me pudesse catapultar para isto que aconteceu. Tudo aconteceu naturalmente. Porquê? Porque as pessoas foram aos concertos e falaram sobre o concerto do Zé Perdigão. Aconteceram coisas muito bonitas no Chile. Tive pessoas a repetir mais que três vezes o mesmo concerto. Tenho o Centro Cultural Gabriela Mistral, que é o centro cultural com maior visibilidade no Chile, e onde ficam mais de trezentas pessoas à porta sem ingresso para entrarem na sala e que depois foram procurando em que salas é que eu iria estar para assistirem ao concerto. Tenho telefonemas de deputados, posteriormente a concertos, a convidarem-me para jantar porque tinham curiosidade de conversar comigo e de saber o porquê de o Zé Perdigão ser aquela pessoa com quem estiveram a privar durante quase duas horas em concerto e que os deixou ir embora de alma cheia. Quem é aquele rapaz que vai cantar Pablo Neruda e Gabriela Mistral e Frederico Garcia Lorca e que mescla a cultura musical portuguesa que é muito idêntica a muitos destes autores que são prémios Nobel da literatura? Eles quiseram saber precisamente, quem era eu. Portanto... tudo isto foi acontecendo... Depois tinha passagens aéreas para a Argentina, onde fiz também uma série de concertos e decidi não ir de avião. Eu queria ver os Andes, portanto eu queria ver a Argentina pois era a minha primeira vez nestes países. Eu queria saber como eram os autocarros. Não quis um carro particular para viajar. Queria mesmo ver como eram os autocarros. Então... os autocarros são até melhores que os aviões (risos). Têm simplesmente 25 lugares com poltronas semi cama onde tudo é muito confortável e fiz muitos milhares de quilómetros assim privando com as pessoas comuns e passei os Andes para a Argentina. A Argentina é um país belíssimo que também me acolheu muito bem. Entrei por Córdova, Villa General Belgrano, onde estive durante uma semana e que é uma vila lindíssima que é comparável à nossa vila do Gerês. Depois fui para Mar Del Plata, no sul, portanto no lado Atlântico já e, depois, Buenos Aires. Depois tive que passar de barco para Montevideu onde fiz dois concertos, um na Faculdade de Letras e outro na Biblioteca Nacional, onde fui muito bem recebido e as críticas foram sublimes. Voltei a Buenos Aires onde tive honras de abertura do Primer Festival Porteño de Fado y Tango, portanto a partir de agora todos os fadistas portugueses têm as portas abertas para aquele festival Porteño. Fui o primeiro português a ser convidado e sinto-me muito regozijado por esse convite. E depois voei para Portugal novamente e tenho novamente digressão marcada para a América do Sul no próximo ano. Esperemos que tudo corra tão bem como esta digressão anterior... As pessoas por lá estão muito ansiosas por ouvir "Sons Ibéricos", o que para mim é muito bom e eu quero muito também estar com as pessoas do sul da américa...

Zé PerdigãoXM – O que faz o Zé Perdigão quando não está nos palcos ou em estúdio?

Z.P. – Eu tenho muito pouco tempo para dedicar aos meus amigos e às pessoas de quem gosto, ou às pessoas mais próximas, porque eu gosto de todas as pessoas... Entretanto, eu estive todos estes anos sempre muito multiplicado por projetos e com a gravação do "Sons Ibéricos" e também do "Sonidos Ibericos", não esqueçamos que há aqui a gravação de dois discos, que são dois discos totalmente diferentes. O "Sonidos Ibericos" é um disco contemplado e cantado em castelhano para o mercado espanhol e o mercado sul-americano e contempla temas que não estão no "Sons Ibéricos", foi quase... eu multiplicar-me em gravações para estes dois discos. O meu tempo livre, dedico-o simplesmente a estar com as pessoas de quem gosto, a partilhar os meus conhecimentos e também a receber conhecimentos das pessoas com quem privo... e gosto de ir a um jogo de futebol, gosto de ir a um grande prémio de equitação, gosto de ir a um cinema, gosto de ir a um concerto, a um teatro. Gosto de dividir o meu tempo assim, socialmente.

XM – Muito obrigado mais uma vez por ter aceitado participar nesta entrevista. Para terminarmos gostaríamos de lhe lançar um desafio... Imagine que amanhã o convidavam para ministro ou secretário de estado da cultura... Quais seriam as suas primeiras medidas?

Z.P. – Como sabe eu sou republicano até ver... Sou um democrata, claro que sim... Sou apartidário. Sou monarca e como ela não existe no seu pleno, sou anarca... Portanto sou monárquico/anarca, se assim quiser entender. Participar de um governo está longe dos meus parâmetros, dos meus alcances, portanto não é isso que eu quero para a minha vida. E também não vejo com bons olhos as pessoas que fazem da política carreira. Penso que a política deve ser um serviço para o povo e com o povo, não deve ser um emprego. Vejo a política como uma pré-disposição de colocarmos o nosso melhor saber em favor de um país ou de um povo. Portanto... jamais aceitaria esse lugar e não me estou a ver nesse lugar que me coloca.
Conselheiro poderia ser sempre mas ainda me faltam alguns anos para que isso seja possível. Sou muito novo para ser conselheiro. Quando eu for velhinho talvez dê alguns conselhos às pessoas que estão a governar Portugal e espero que estejam já a governar bem nessa altura.

Zé Perdigão

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