O músico Francisco Reis em entrevista ao XpressingMusic...
Francisco Reis nasceu em Arrifana, Santa Maria da Feira. Marcou presença em vários festivais de jazz e de teatro. Grécia, França, Itália, Brasil, Macau, Luxemburgo, Espanha e obviamente Portugal são alguns dos países por onde passou enquanto músico integrado em festivais e eventos bastante conceituados. Enquanto saxofonista já gravou com nomes nacionais e internacionais de reconhecido valor. Francisco Reis esteve e continua a estar também ligado a alguns programas de televisão. Mas a sua carreira musical não se limita ao saxofone. Francisco Reis estudou também canto e neste âmbito o seu nome já esteve ligado à interpretação de obras como: Cavallaria Rusticana de Mascagni como Turidu; Pagliacci de Leoncavallo como Canio; Il Tabarro de Puccini como Luigi; Andrea Chenier de Umberto Giordano como Chenier; Tosca de Puccini como Cavaradossi; Il Trovatore de Verdi como Manrico; Carmen de Bizet como D. Jose e Otello de Verdi como OTELLO. Colaborou com os maestros Ferreira Lobo, João Lourenço, Marco Ferruzi, António Saiote e com a Orquestra do Norte e a Orquestra das Beiras.
XpressingMusic (XM) – Francisco Reis, agradecemos desde já ter aceitado o nosso convite. Quando descobriu que a sua vida iria passar em regime de exclusividade pela música? Sabemos ter iniciado os seus estudos musicais aos 16 anos… Foi nessa altura?
Francisco Reis (F.R.) – Desde criança que a minha relação com a música sempre foi muito forte. Comecei a estudar e a ter contacto com o piano tinha 4 anos de idade. Desde esse momento foi um processo gradual. O que começou como uma brincadeira de criança ao longo do tempo foi ficando cada vez mais sério, até chegar ao momento em que senti que a música era o meu caminho. Posso dizer que um dos momentos decisivos foi aos meus 16 anos de idade, pois foi nessa altura que decidi realmente começar a estudar e a envolver-me com a música de uma maneira muito mais responsável e apaixonada.
XM – O que o leva a ter enveredado pela aprendizagem do Jazz em 1990 com o saxofonista José Menezes?
F.R. – Foi a necessidade de querer evoluir. Cheguei a um ponto em que senti que queria descobrir e alargar os meus horizontes musicais. Então tive que sair da minha zona de conforto e partir à descoberta. Nesse aspeto a Escola de Jazz do Porto foi muito importante para mim, não só por causa da aprendizagem com o meu querido amigo e grande saxofonista José Menezes, mas também pelo contacto com vários outros músicos. Foi o confrontar e o assimilar de uma realidade musical completamente diferente e isso foi fantástico para mim não só a nível musical mas também a nível pessoal. Fez-me crescer muito a todos os níveis.
XM – O que significou para si a figura de Bill Pierce?
F.R. – Quando tive contacto com o Bill Pierce estava a dar os meus primeiros passos na linguagem jazzística. Ter convivido com aquele monstro do Jazz foi marcante.
XM – Mais tarde entra para a Universidade de Aveiro. Qual a razão desta escolha?
F.R. – Aprofundar os meus conhecimentos e tirar um curso superior.
XM – Podemos dizer que existem dois Franciscos Reis? Um mais ligado ao canto e outro ao sax?... Ou, por outro lado, estes dois se complementam e alimentam mutuamente a criatividade e performance destas duas vertentes?
F.R. – Eu vejo a música como um todo. Por isso, tudo o que eu puder fazer como músico, desde que seja feito com sinceridade, dignidade e profissionalismo eu faço. Só existe um Francisco Reis, mas dentro de mim coexistem vários mundos. O que eu tento sempre é fazer a ponte entre eles.
XM – A sua vida é repleta de passagens por projetos muito distintos… Exemplos disso são as suas participações no Coro da Universidade de Aveiro, na Orquestra de Jazz do Porto e no Septeto de Jazz do Porto. Esta diversidade faz de si um músico polivalente?
F.R. – Mais do que polivalente, faz de mim um músico mais completo.
XM – Embora não consigamos aqui enumerar todos os projetos e artistas com quem já tocou, podemos a título de exemplo destacar Maceo Parker, Ozie Melendes, Gene Conors, Rui Veloso, Pedro Abrunhosa e os “Bandemónio”, “Raúl Marques e os Amigos da Salsa”, o conhecidíssimo grupo de rock brasileiro Titãs, a Brigada Vítor Jara, os GNR, Paulo Gonzo, Dani Silva e Trabalhadores do Comércio… Sente que todos os convites que tem vindo a receber são o justo reconhecimento pelo seu valor?
F.R. – Espero que sim. Sinto-me muito lisonjeado por ter podido partilhar com estes grandes músicos e amigos a arte que nos une a todos que é a música.
XM – A sua participação como músico nos programas de televisão da RTP "Portugal no Coração" e “Praça da Alegria” tornou-o um músico mais mediático?
F.R. – Sem dúvida que sim. O facto de aparecermos todos os dias na televisão torna-nos mais mediáticos e também mais próximos das pessoas. Isso é muito bom e gratificante. É um privilégio. Mas o mais importante para mim é que foi uma experiência fantástica que vivi durante sete anos e que convivi com uma equipa fantástica.
XM – Na vertente do canto, considera importante o contacto que teve com nomes como Ambra Vespasiane, Ettore Nova, Vincenso Manno e Daniel Muñoz?
F.R. – Claro que sim. Todos estes e outros grandes cantores, tais como a minha atual professora a soprano portuguesa Elisabete Matos, contribuíram e continuam a contribuir muito para o meu progresso como cantor e músico por tudo aquilo que me transmitiram. O meu muito obrigado a todos eles.
XM – Mais uma vez queremos agradecer a amabilidade demonstrada para com o XpressingMusic. Como última questão gostaríamos de saber qual a sua opinião relativamente à formação de músicos em Portugal. Considera que estamos no(s) caminho(s) certo(s)?
F.R. – Sem dúvida. Cada vez temos melhores músicos e mais bem formados já que também temos melhores professores e instituições. A informação tornou-se muito mais rápida e global e isso abriu-nos os horizontes e fronteiras. Tornou cada vez mais a música naquilo que ela é, “uma linguagem universal”. Com certeza que nesse aspeto estamos no caminho certo e ainda bem. Fico muito contente. Quero agradecer ao XpressingMusic o convite para esta entrevista e desejar-vos o maior sucesso para o vosso trabalho. Um grande abraço para todos.
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