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No dia em que Diego Galaz se apresenta num espetáculo único em Coimbra, no Salão Brazil, fazendo-se acompanhar dos portugueses Zé Perdigão e Ricardo Silva, publicamos esta entrevista. Possibilitamos assim aos nossos leitores conhecerem um pouco melhor este músico que, partindo do violino, sobe ao palco com outros instrumentos tão diversos como interessantes. O espetáculo promete divertimento e uma certa informalidade até porque como nos disse: «Tento sempre que os meus concertos sejam divertidos, informais mas com uma proposta musical que se baseia num trabalho sério. Aposto na proximidade com o público e gosto de tocar no meio das pessoas». A proposta para o espetáculo de Coimbra é combinar a música popular espanhola e o fado e Diego encara-o de uma forma muito positiva dizendo: «A oportunidade de tocar com alguns dos melhores músicos de Portugal é uma forma maravilhosa de desfrutar e aprender».
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Diana Botelho Vieira respondeu às perguntas do XpressingMusic. Dos primeiros passos da sua aprendizagem ainda nos Açores, até à carreira que hoje protagoniza entre os palcos e as salas de aula, esta entrevista propõe aos nossos leitores uma viagem em crescendo onde a perseverança e o amor pela música são os alicerces para as conquistas até agora alcançadas. Também os sonhos da pianista foram abordados, tendo um deles um significado muito especial: «há vários anos que tenho um grande sonho, que não é impossível, mas terá de ser realizado a seu tempo: preparar o 2º Concerto para piano e orquestra de Prokofiev. Tenho um amor e um fascínio muito grande por esta obra. Já me tentaram dissuadir com o 3º de Prokofiev, com os de Bartók e até com os de Rachmaninov (todos maravilhosos), mas nada me demove do sonho de uma dia tocar o Segundo de Prokofiev».
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No final de junho entrevistámos o baterista e pedagogo Dom Famularo. Igual a si mesmo transbordou a sua boa disposição e enorme vontade de partilhar nas palavras que se seguem.
“A aprendizagem de um instrumento está relacionada com a habilidade para tocar música! A música é o que é importante. Uma canção é uma história e nós, como músicos, estamos encarregues de contar essa história. Tocar menos é sempre a melhor maneira de contar uma história. Tocar demasiado é tentar trazer a atenção para o baterista. A canção é a mensagem e nós somos apenas o mensageiro. Nós estamos ao serviço da música! Isto é tocar música, é comunicar com as pessoas para inspirá-las. Este é o poder da música!”
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Dewis Caldas é jornalista, músico e dedica-se à produção e realização de documentários. Desde 2006 trabalha na produção de bandas e festivais de música, já tocou em diversos grupos musicais como guitarrista e contrabaixista. Escreve sobre música há oito anos, tendo já publicado artigos em meios de comunicação de quinze estados brasileiros, além de países como Itália e Inglaterra. Há três anos que se dedica aos documentários numa perspetiva etnomusicológica e de pesquisa musical. Dewis já dirigiu 16 filmes, sendo a maioria destes sobre música e músicos tradicionais. Em 2013 fundou, em parceria com a sua esposa, a publicitária e atriz Aline Camargo Caldas, a Maranhas Filmes, empresa brasileira especializada em documentários musicais. Os dois embarcaram nesta aventura do cavaquinho. Aline é a produtora e captadora de áudio da trilogia e Dewis Caldas é o diretor, fotógrafo e roteirista.
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Dom La Nena não compartimenta as suas competências. A compositora, a cantora e a instrumentista convivem num todo artístico. A este respeito disse-nos: «Tenho mais tendência a ver-me como um «todo» do que divida em “facetas”, na verdade. Mas se tivesse que dividir assim, acho que todas estariam no mesmo nível, não há predomínio: elas não existem uma sem a outra. Eu não seria cantora se não me acompanhasse com o violoncelo e se não fosse compositora, por exemplo...» Relativamente aos concertos que vai fazer em Portugal afirmou que tem vindo a apresentaro seu segundo disco, “Soyo”. No entanto o espetáculo também terá canções do “Ela”. «É um show muito intimista, no qual estou sozinha no palco, rodeada de instrumentos: meu violoncelo, minha guitarra, bateria, percussões, ukulelê, teclado, etc. Gosto de construir as músicas ao vivo, da mesma maneira que as construo em estúdio, quando gravo, e para isso utilizo um sistema de gravação ao vivo, com pedais de loops».
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Alex Liberalli encarna a personagem de Dona Carioca num projeto com o mesmo nome. A artista respondeu às perguntas do XpressingMusic e ficámos a conhecer um pouco melhor este projeto que nos chega do norte de Portugal. Apresentaram o seu novo CD ao vivo no “Sé Lá Vie” e no Station Blues. O próximo concerto tem data marcada para 19 de novembro e acontecerá no CRU – Espaço Cultural em Vila Nova de Famalicão. Os primeiros singles já rodam nas rádios regionais e nacionais como é o exemplo da Antena 3. Centram em si próprios todo o processo de produção, e não só, tendo fundado a sua própria editora. Isto porque pretendem assumir o controlo do projeto em todas as suas fases: «Eu, o Budda Guedes e o Nico Guedes resolvemos fundar a Mobydick Records em 2006 justamente por não estarmos de acordo com o mercado da música em Portugal (...)».
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Numa fusão entre o folk e o fado, os Dona Gi, banda portuense que teve início em 2010, apresentam ao XpressingMusic o seu disco de estreia: "Baile das Palavras". É com este projeto de canções originais e autocaracterizado como tipicamente português que deixamos os nossos leitores ao longo das próximas linhas.
Para responder às nossas questões temos connosco José Rodrigues, compositor, músico e produtor dos Dona Gi.
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Miguel Majer, músico, compositor e produtor foi o porta-voz dos Donna Maria nesta entrevista onde ficámos a saber um pouco da história deste projeto musical português. Assumem como um dos pilares da banda a língua portuguesa e a visão portuguesa que têm de Portugal e do mundo. Sobre os possíveis influxos ou ascendências dos Donna Maria dizem-nos: "Não temos influências marcantes. As que eventualmente existam estão bastante diluídas na nossa música. Umas conscientes outras nem tanto. Digamos que são «influências homeopáticas». Talvez por isso não seja fácil «colar» os Donna Maria a qualquer outra banda".
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Entrevistámos o duo Doppio Ensemble que tem sido um dos embaixadores da música dos compositores portugueses por esse mundo fora. A este propósito lamentam o facto de tocarem menos em Portugal do que noutros países: «A chamada "crise" é, bastantes vezes, apontada como a razão principal, mas a verdade é que acreditamos que não há o interesse que deveria haver, da parte de programadores e diretores artísticos, para dar a conhecer o trabalho dos inúmeros jovens portugueses que, tal como nós, realizam mais recitais no estrangeiro do que no seu próprio país. Continuamos, tal com os nossos colegas, a lutar por oportunidades para poder dar a conhecer aquilo que fazemos». Reconhecem, no entanto que têm tido «bastante apoio institucional para realizar os seus recitais no estrangeiro».
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Quando se juntam uma tuba, um trompete e uma bateria, o que se pode esperar? Foi a esta pergunta que quisemos dar resposta em Aveiro, aproveitando a deslocação dos Drumtupete Jazz Demolition a essa cidade no âmbito da segunda edição do Dia do Ritmo. Vieram para romper com conceitos e preconceitos enraizados no mundo do espetáculo e estão dispostos a tudo para fazer a sua música. "Nós vamos tocar quando nos apetecer, às horas que nos apetecer, com as condições que nos apetecer e mais, se não nos deixarem tocar, nós vamos tocar para o meio da rua porque não precisamos de amplificação. Ao contrário de outros projetos onde estamos inseridos por razões profissionais e de necessidade, o que é normal porque somos músicos e dependemos disso, este é daqueles projetos em que nós vamos fazer os possíveis e os impossíveis por nos divertirmos imenso. Queremos dar às pessoas aquilo que de melhor temos, ou seja, a honestidade sonora que temos para deitar cá para fora".
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Duarte construiu uma relação ímpar com o fado. Nesta entrevista falou-se da sua carreira e do seu último trabalho “Sem Dor nem Piedade”. Sobre este disco disse-nos: «A minha preocupação com “Sem Dor nem Piedade” não foi a de transmitir, mas antes a de servir - assim como quem serve um jantar. Servir musicalmente um tema e um conceito. Servir o tema do luto num conceito de quatro atos. Um melodrama fadista com vista a uma reabilitação arquitetónica de um “eu” em ruínas». Não deixou de nos falar da forma como foi acolhido na Casa de Fados Senhor Vinho. «Sinto que o Sr. Vinho será para mim um lugar por excelência de formação artística, relativamente à qualidade das interpretações, à escolha do reportório, das composições, das letras. Uma “escola” onde os artistas/alunos são convidados a trabalhar no sentido de obter uma consolidação dos conhecimentos face às suas potencialidades e limitações para que, com esses mesmos conhecimentos, possam definir, o mais autenticamente quanto possível, o seu caminho».
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Pelos caminhos da bateria e da percussão cruzámo-nos com Eduardo Lopes. O nosso entrevistado de hoje efetuou estudos de bateria jazz e percussão clássica no Conservatório de Roterdão, na Holanda e Licenciou-se com a mais alta distinção atribuída pela Berklee College of Music (EUA) em Instrumento e Composição. Eduardo Lopes é ainda Doutorado em Teoria da Música pela Universidade de Southampton, no Reino Unido.
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Eduardo Raon tem levado as suas sonoridades aos quatro cantos do mundo. As suas vivências artísticas diversificadas levam-no a encarar de forma descomplexada as suas produções. Diz-nos que «há um estereótipo associado ao instrumento que é inevitável. Por outro lado, sinto que a música ou músicas que apresento têm uma pertinência/coerência com a mensagem que, de algum modo, torna menos doloroso e até natural o estilhaçar da imagem inicial da harpa. Embora não seja um objetivo meu, o de mudar a imagem da harpa para quem me ouve ou vê, porque a minha abordagem resulta sempre de necessidades que a situação me exige, daí a utilização de processamento eletrónico e outros. Confesso que me dá algum prazer poder mostrar que a harpa também tem outras facetas, outras possibilidades e que tem qualquer coisa de mostrengo adormecido. Uma besta potencial que raras vezes se manifesta e que se esconde sob a capa do agradável».
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A paixão e apego que tem à sua terra natal não impediu Emmy Curl de querer voar mais além. A Emmy tem aquilo que qualquer artista ambiciona mas que não é fácil. Há coisas que embora não sejam inatas emanam da formação pessoal que se obtém no seio da família. O universo próprio bem concebido do princípio ao fim não está certamente dissociado do facto de ter crescido numa família dada às artes. Isto permitiu e permite que Emmy Curl dê cor, e vida própria a tudo o que produz. Chamar somente música ao que faz pode parecer redutor quando, de uma forma plenamente integrada, vislumbramos a fotografia, as artes plásticas, a moda e, obviamente, a música serem transformadas em textura artística. Emmy Curl dá sentido àquilo que chamamos as expressões artísticas integradas.
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Eneida Marta tem sido um nome muito falado nestes últimos dias a propósito do lançamento do seu último disco "Nha Sunhu". Em entrevista ao portal do conhecimento musical, disse-nos que os poemas bem escritos não merecem estar só no papel mas também devem ser transformados em música para mais facilmente chegarem às pessoas. Sente-se livre e diz que é essa a condição que lhe possibilita cantar a "liberdade". Relativamente ao cargo de embaixadora da UNICEF referiu: "ser Embaixadora de Unicef significa que agora, mais do que nunca, terei que advogar a favor das crianças, fazendo cumprir todos os seus direitos". Aos jovens que ambicionam alcançar uma carreira musical como a sua, Eneida Marta diz para jamais perderem a humildade. "Nha Sunhu" é então o disco que conheceremos melhor nesta entrevista.
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Em vésperas de mais um concerto, desta vez em Coimbra, no Auditório do Conservatório de Música a 11 de novembro, o Ensemble Palhetas Duplas partilha com os nossos leitores algumas curiosidades e fala-nos do seu percurso. Este projeto musical foi criado em finais de 2004 por iniciativa de Francisco Luís Vieira, tendo feito a sua primeira apresentação em público em Março de 2005 e reúne oboístas e fagotistas diplomados por várias escolas. Para responder às nossas questões temos hoje connosco o próprio Francisco Luís Vieira.
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Ars Iberica nasceu em 2013 e desde essa data tem vindo a consolidar-se enquanto grupo e a afirmar-se como grupo de referência no âmbito da interpretação da denominada música antiga. As flautas, o violoncelo e o cravo utilizados são cópias de instrumentos do século XVIII e “cada concerto é estruturado e pensado em função de uma temática. Neste momento estamos a preparar um concerto tendo por temática a música ibérica e suas influências na segunda metade do séc. XVIII. Assim, temos por exemplo obras de Avondano e em simultâneo incluímos 12 Kline Stuke (1758) de Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788), compositor de referência neste período”. Esta entrevista dá a conhecer o trabalho que é desenvolvido pelo Ensemble Ars Iberica que se irá apresentar no “3º Festival de Música Antiga de Castelo Novo (Concelho do Fundão), no dia 26 de julho, pelas 15 horas, na Igreja Matriz. Este concerto será efetuado no encerramento da 3ª edição do Festival”.
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«Acho que eu tive uma visão bastante inédita na época. Era impensável conseguir atravessar o Atlântico e trabalhar, cantar e compor da forma que eu fiz e comecei sozinha e sem nenhum apoio. Mas, uns 35 anos depois... sinto que muitas das barreiras estão completamente derrubadas. O Brasil já sabe o que se passa em Portugal e o interesse agora é mútuo. A grande diferença nos resultados é o tamanho dos 2 países, Brasil imenso e diverso, e Portugal com um mercado pequeno mas guerreiro. Isso não tem alteração possível. E a internet, as plataformas digitais e a facilidade das comunicações de hoje fazem muita diferença. Depois só o talento e a qualidade farão as diferenças inevitáveis, como sempre fizeram...».
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No seio das bandas filarmónicas nasceu um projeto que pretende ser fiel às suas origens, apostando, no entanto na diferença: «a nossa singularidade provém sobretudo do facto de nunca termos negado e abandonado a nossas raízes filarmónicas. Criamos novas sonoridades e re-inventamos esta cultura musical e tradicional, cruzando com as mais variadas influências». A Fanfarra Káustica é constituída por músicos profissionais com formação nas áreas do jazz, da música erudita e das músicas do mundo. «A internacionalização é um dos nossos principais objetivos atualmente. Apesar de ser um projeto versátil, em Portugal ainda há um mercado reduzido para este tipo de propostas, especialmente no inverno. Além disso, vamos constatando que os programadores, de salas e festivais, arriscam pouco nas suas programações e assim, não procuram nem promovem novas propostas ou espetáculos».
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Felipe Antunes está com viagem marcada para Portugal onde irá realizar vários concertos. Já em Espanha, aceitou o nosso desafio para responder a algumas questões sobre a sua carreira e a carreira dos Vitrola Sintética. Sobre o momento musical que o Brasil atravessa disse: «De facto um dos maiores problemas é a compreensão da necessidade de cultura para a vida das pessoas. E isso é natural em um país que ainda abriga uma grande desigualdade social. Se por um lado há diversas formas de financiar publicamente a cultura pra que o acesso seja democrático, por outro, quem vive na periferia não tem nem tempo e nem disposição - depois de trabalhar um dia todo e ter de enfrentar horas pra chegar até a sua casa – pra ir buscar uma atividade cultural. Então, naturalmente que a pessoa fica em casa consumindo o que a mídia, principalmente televisiva, já organizou pra ela. E pode ter certeza, nesse plano raramente a nossa margem independente está».