Laurent Filipe. Trompete e voz no CD e espetáculo “as (im)prováveis”.

O novo cd tem como título “as (im)prováveis” e será levado ao palco no dia 8 de julho. Laurent Filipe tem um currículo invejável na área da teoria e da composição musical tendo aprofundado os seus estudos nestas áreas na Universidade de Kansas nos Estados Unidos. O músico estudou também composição para cinema na Berklee College of Music e, no que ao seu inseparável trompete diz respeito, estudou com nomes como Roger Stone e Greg Hopkins. Quando ao concerto de apresentação do disco disse-nos: «No dia 8 de julho, pelas nove e meia da noite, eu vou estar no Parque Palmela em Cascais e nesse concerto, para o qual convido todas as pessoas, vão acontecer coisas inesperadas porque as canções vão ser cantadas em cinco línguas, vamos ter uma convidada especial que é a Carmen Souza e o Theo Pascal, que é também um músico excecional».
Laurent Filipe muito obrigado por nos proporcionar esta conversa para falarmos um pouco do seu último disco “as (im)prováveis”. O que torna este disco diferente? Será o facto de juntar a sua voz ao trompete que já estamos habituados a ouvir?
Eu já ando a gravar e a cantar em Portugal desde 91 ou 92. Nem todos os meus discos tinham uma presença vocal, mas tenho discos anteriores que são cantados do princípio ao fim. Neste caso específico o disco é uma compilação que recolhe aquelas que me parecem as mais importantes canções... É também um disco de autor onde concentro a faceta de letrista e de compositor. Tem um formato que para mim é um desafio, ou seja, o da escrita da canção em vários idiomas. O disco tem canções nas diferentes línguas que costumo utilizar: o português, o francês, o inglês, o italiano e o espanhol. O álbum, sendo um retrato dos último 25 anos, ou seja, uma compilação de coisas que já foram editadas, conta com a participação de grandes intérpretes. Falo do Fernando Girão, do António Zambujo, do Paulo de Carvalho, Paco Del Pozo, grande cantor espanhol... Da Mísia também. O disco acaba por ser um retrato daquilo que aconteceu nos últimos 25 anos.
Nesse retrato encontra-se também espelhado o seu percurso formativo, tendo em conta que estudou composição e composição para cinema em Portugal e nos Estados Unidos?
Tudo o que faço nos meus discos é, de certa forma, biográfico. Resta saber até que ponto é autobiográfico. Este disco, assim como os anteriores, é biográfico porque retrata essas influências e experiências ligadas à aprendizagem e o meu agrado por certas formas musicais. No entanto, costumo dizer que a música é uma só. Há a boa música e aquela que não me interessa (risos). Mas toda a música é válida e este disco tem um pouco de todas essas vertentes e dessas influências, sem dúvida!
Este disco contará com uma grande apresentação em palco no dia 8 de julho. Estarão presentes nesse concerto todos os convidados que participaram na gravação do álbum?
No dia 8 de julho, pelas nove e meia da noite, eu vou estar no Parque Palmela em Cascais e nesse concerto, para o qual convido todas as pessoas, vão acontecer coisas inesperadas porque as canções vão ser cantadas em cinco línguas, vamos ter uma convidada especial que é a Carmen Souza e o Theo Pascal, que é também um músico excecional. Vai ser uma viagem agradável através das canções e através de toda uma vivência musical e espero que seja do agrado das pessoas. Espero ter o parque cheio nessa noite.
Para além dos convidados, os músicos que participarão no espetáculo serão os mesmos que gravaram o disco?
A banda que partilha o palco comigo neste momento chama-se The Song Band. No disco há temas que têm formações diferentes, até porque foi gravado em épocas diferentes. A banda que me acompanha atualmente é formada pelos músicos Massimo Cavalli no baixo e no contrabaixo, Bruno Santos na guitarra, Mário Delgado nas guitarras e no banjo e o Alexandre Frazão na bateria. Teremos também, como já disse, a Carmen Souza na voz e o Theo Pascal no baixo elétrico. É com esta formação que vamos viajar por este reportório magnífico.
Mantém outros projetos musicais, ou está somente focado neste “as (im)prováveis”?
Neste momento estou só concentrado n’as (im)prováveis. Tanto no disco que saiu no dia 3 de junho, como no espetáculo que faremos no dia 8 de julho em Cascais. Depois disso logo veremos como as coisas evoluem mas, de qualquer modo, a criação de um espetáculo e a edição de um disco absorvem muito e, portanto, nós temos que retirar os dividendos certos e fazer chegar o trabalho às pessoas interessadas.
Tendo em conta que, enquanto compositor e performer, já esteve envolvido em grandes produções como a “Olimpiada Cultural de Barcelona”, “Madrid Capital da Cultura”, “Lisboa Capital da Cultura”, “Expo 98” e “Porto 2001”, gostávamos que nos dissesse se cada um dos seus espetáculos é também pensado como algo único.
A pergunta é muito pertinente e a resposta é “sim”. Cada um dos meus espetáculos é único porque aquilo que acontece num palco tem em conta que parte desta música contempla uma pequena vertente de improvisação, logo depende da inspiração dos músicos. Também a presença do público e a sua reação influenciam cada espetáculo tornando-o sempre único. Quando construo um espetáculo penso na ordem do reportório e naquilo que este vai transmitir ao público. Penso também na forma com que nós músicos o poderemos tornar mais interessante. Tento sempre evitar que um espetáculo se torne numa coisa aborrecida. Não fui eu que inventei isto mas há aquela fórmula que diz que a partir de 75 minutos temos que ter muito cuidado...
O dia 8 de julho será também importante para que possam sentir a reação do público...
Sim. A melhor crítica ou o melhor louvor é sempre a presença do público quando subimos ao palco.
Considera que Portugal é hoje um país mais aberto a estas sonoridades que nos traz?
Portugal sempre foi um país aberto a tudo o que é inovação. Curiosamente, na área da música, os portugueses e as portuguesas são extremamente recetivos a tudo o que é diferente. Não é por acaso que, num país tão pequeno, nós temos uma oferta tão eclética, tão variada, tão grande... Isto, por um lado é muito gratificante. Por outro lado isto também é um grande desafio porque significa que há muita oferta e que é preciso qualificar essa diversidade.
Voltando à questão da sua formação, queremos terminar esta entrevista perguntando-lhe se considera que hoje Portugal está bem diferente em termos de formação? Hoje não sentiria necessidade de rumar até ao estrangeiro para aprofundar os seus conhecimentos e as suas performances?
Hoje em dia a formação e as condições de aprendizagem não têm absolutamente nada que ver com aquelas que havia nas décadas de 70/80. Daí eu ter-me ido embora no início da década de 80. Hoje há muitas escolas, há muita informação... A própria internet é uma fonte de material educativo. Há outra coisa que é a mobilidade das pessoas que possibilita uma partilha muito maior. Penso até que às vezes essa partilha é tão grande que pode confundir quem quer aprender. Mas uma coisa é certa, hoje só não aprende quem não quer!
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