David Pessoa. O músico apresenta “Fazer-me à Sorte”.
“Ainda Temos Tempo” é o primeiro single a sair do disco “Fazer-me à Sorte”. Com este single David Pessoa pretende contrariar a tendência atual de se andar sempre a correr atrás do tempo. «Andamos sempre a viver um tempo à frente do atual, ou preocupados com o que temos que fazer num futuro próximo. É um apelo para que se viva mais intensamente o momento presente e menos o futuro e para que se sintam mais as coisas simples da vida». Nesta entrevista houve ainda tempo para falar dos tempos vividos pela música atualmente. «Em termos de qualidade e talento sinto sinceramente que vivemos um período bastante fértil e de muito boa saúde. Relativamente à cultura não sei se ela acompanha todo esse talento e penso que não esteja nos melhores dias. É lamentável que dada a conjuntura atual a primeira coisa a ser prejudicada seja a cultura».
David, muito obrigado por nos dedicar este espaço. Os Blues, Soul e Southern Rock foram o caminho trilhado até chegar ao disco “Fazer-me à Sorte”?
Essas sonoridades correspondem ao início do caminho. Foram esses os estilos que me deram vontade de escrever e de compor as primeiras canções. São influências que foram imprescindíveis para a minha formação e por isso mesmo fez sentido recuperá-las neste disco.
Então como caracteriza este álbum?
É um álbum muito autobiográfico e muito positivo! Este disco marca uma viragem crucial na minha vida quando há 3 anos, decido abandonar a minha profissão de arquitecto para me dedicar a 100% à música. Houve uma enorme pesquisa interior movida por uma necessidade de me encontrar comigo mesmo, por isso fui recuperar as primeiras influências para contextualizar a fase de vida onde me encontro. Tem temas mais intimistas, outros mais festivos mas sempre com uma mensagem muito positiva, de esperança e de vontade de viver porque é assim que sou. É um álbum contido a nível de produção, mas muito verdadeiro e honesto que era o meu objectivo principal! Identifico-me com cada uma das canções e estou bastante satisfeito com o resultado final.
Como foi o seu percurso musical até chegar a este trabalho em nome próprio? A música sempre esteve presente na sua vida?
O meu percurso começa pelo fado desde muito novo. Começo por acompanhar à viola o meu pai que toca guitarra portuguesa. Essa foi a primeira grande escola onde, aos 6 anos comecei a cantarolar os primeiros fados em festas familiares. Aos 14 fui viver com a minha família para a costa este dos EUA e aí tudo mudou. Apaixono-me pelos sons de raiz afro-americana e começo a ter as primeiras bandas como baterista e a escrever as primeiras canções. Regresso a Portugal aos 18 e, enquanto estudo Arquitetura, formo algumas bandas de covers onde toco desde o Pop ao Reggae. Por essa altura largo a bateria e assumo-me como “front man”. Em 2004 formo os Manif3stos, uma banda de Hip-Hop/Reggae com a qual cresci muito! Editámos o álbum “Gerasons” em 2007 e tocámos nos maiores festivais do País. Em 2009, edito digitalmente o meu primeiro trabalho de originais com o nome de Marrokan. “Glorious to link us” é um disco com uma sonoridade mais étnica onde misturo o Reggae com sons orientais. Destaco a participação de Gentleman no tema “Spirits of Jah”. Após termos gravado o segundo álbum de Manif3stos em 2011, a banda dissolve-se e formo os Soul Train, uma banda de covers de Soul Music. Por essa altura abandono a Arquitetura e começo a escrever as canções que deram origem a este álbum “Fazer-me à Sorte”. Em Dezembro do ano passado entrei em estúdio para gravar o meu primeiro álbum de originais em nome próprio, e aqui está ele! Faço ainda parte do projecto Fogo-Fogo, uma banda de Funaná que estreou em janeiro deste ano.
No dia 7 de novembro, a Casa Independente recebe-o para a apresentação deste trabalho. Pode revelar alguns pormenores deste espetáculo?
Este espetáculo vai ser muito especial, vou tocar o álbum “Fazer-me à Sorte” na íntegra e vou ter dois dos convidados que participam no disco. A Kady, que tem uma voz lindíssima e é uma esperança da música de Cabo Verde, e o Santana, companheiro dos Manif3stos que assina duas letras do disco. Vamos tocar a música em que ele participa no disco e um tema dos Manif3stos!!
Porque recaiu sobre o tema “Ainda Temos Tempo” a responsabilidade de apresentar este disco enquanto primeiro single?
Porque contraria precisamente a tendência atual de andarmos sempre a correr atrás do tempo. Andamos sempre a viver um tempo à frente do atual, ou preocupados com o que temos que fazer num futuro próximo. É um apelo para que se viva mais intensamente o momento presente e menos o futuro e para que se sintam mais as coisas simples da vida.
No âmbito da música que se vai fazendo neste pequeno país “Ainda temos tempo” para...
Ouvir mais música Portuguesa, para valorizar mais a nossa música e para gostarmos mais de nós!
Como sente a música e a cultura no momento atual?
Em termos de qualidade e talento sinto sinceramente que vivemos um período bastante fértil e de muito boa saúde. Relativamente à cultura não sei se ela acompanha todo esse talento e penso que não esteja nos melhores dias. É lamentável que dada a conjuntura atual a primeira coisa a ser prejudicada seja a cultura.
Há nomes que façam parte deste disco e que não possa deixar de referir?
Sim, claro que não posso deixar de referir e agradecer o precioso contributo do Tatanka dos The Black Mamba que gravou guitarras e cantou no tema “homens assim”, que é um dos meus favoritos. Tive o privilégio de ter o Ivo Costa na bateria e o Gonçalo Pimenta na percussão. Tive o apoio incondicional do Sérgio Pires na produção, assim como o Duarte Ornelas. Por último, o Diogo Santos que gravou os teclados e ajudou o disco a subir de nível!
Quais os músicos que subirão ao palco com o David Pessoa?
O Rui Carvalho na bateria, Pedro Batalha no baixo, Diogo Santos nas teclas e Gonçalo Pimenta na percussão. E os dois convidados Kady e João Santana.
Que tudo corra bem para o David. Há mais datas que possa anunciar aos nossos leitores?
Muito obrigado. Quero levar o “Fazer-me à Sorte” aos palcos de todo o País e estou a preparar um lançamento para o Porto mas ainda não posso confirmar data. Obrigado e felicidades para o XpressingMusic!
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