Dead Combo: “Não existe música portuguesa lá fora”
Os Dead Combo vão estar no próximo dia 6 de novembro no CCB para apresentarem um espetáculo único. Aproveitámos a oportunidade para fazer algumas perguntas a este projeto português que diz fazer música com Lisboa lá dentro. Entre muitas outras coisas, disseram-nos que a música portuguesa não é respeitada lá fora até porque esta não existe. «Não existe “música portuguesa” lá fora. Existe o Fado e mais meia dúzia de coisas que as pessoas conhecem. Tem de haver um esforço por parte do governo em exportar a música nacional à semelhança do que é feito em inúmeros países pelo mundo».
Tó Trips e Pedro Gonçalves, muito obrigado pelo tempo dedicado aos nossos leitores. Qual o balanço que fazem de todos estes anos de trabalho desde 2003? O reconhecimento alcançado um pouco por todo o mundo é a prova de que têm trilhado o caminho certo?
Achamos, acima de tudo, que vale a pena acreditar naquilo [seja lá o que for] que fazes. Quando começámos os Dead Combo, se havia coisa que não existia era qualquer tipo de expectativas em relação ao futuro. De certa maneira continuamos a pensar assim. Fazemos o que gostamos e depois logo se vê.
Das viagens que têm feito para apresentar o vosso projeto, houve alguma, ou algumas que vos tenham marcado de forma mais efetiva?
Houve várias e algumas bem marcantes. A ida à Polónia para tocar num minúsculo clube a abarrotar de gente..., na Alemanha, numa gruta usada como armazém de cerveja... Enfim, muitas.
Como caracterizam a música que produzem? Quais são as vossas principais influências musicais?
Costumamos dizer que a nossa música é feita com Lisboa lá dentro. Influências vão desde ao Punk Hard Core até à música erudita. Ouvimos de tudo um pouco.
Sentem-se parte integrante de um movimento criativo que tem florescido nos últimos anos em Portugal?
Claro que sim.
Vão atuar brevemente no Misty Fest [6 de novembro – CCB]. Será um espetáculo singular? Há alguma revelação que possam fazer?
Vamos tocar num formato acústico com um trio de cordas. O repertório foi escolhido a dedo para o efeito.
O processo de composição dos vossos temas contempla uma atividade conjunta do Tó Trips e Pedro Gonçalves?
Sim, embora também trabalhemos bastante a sós e depois juntamo-nos e “comparamos notas”.
Nas viagens que têm feito, sentem que a música portuguesa é hoje muito respeitada lá fora?
Não. Não existe “música portuguesa” lá fora. Existe o Fado e mais meia dúzia de coisas que as pessoas conhecem. Tem de haver um esforço por parte do governo em exportar a música nacional à semelhança do que é feito em inúmeros países pelo mundo.
Há algum projeto novo na calha?
Projetos não. Discos, concertos e afins há muitos!
Muito obrigado por esta partilha. Para terminar gostaríamos que nos dissessem qual a vossa opinião relativamente ao momento que o nosso país atravessa. A criação e a produção musicais estão a deixar-se influenciar pela(s) conjuntura(s)?
Esperamos bem que sim. Para se ser artista tem de se beber da sociedade onde se vive e isso significa deixar-se influenciar por tudo. Inclusive política.
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