Lars Arens. O trombone como fio condutor.
Lars Arens tem um percurso que fala por si. O trombone ganha vida nas suas interpretações. O trombonista marcará presença na primeira edição do “Algarve Brass Forum”. Nesta entrevista falou-nos também do “Trombone Talk” que irá protagonizar neste âmbito. «As linhas principais de um “trombone talk” que vão ser expostas, também dependem muito do perfil dos participantes e das suas perguntas. Conto apresentar o instrumento e as suas caraterísticas, mostrar uma ou outra música que me influenciou e me fascina. E talvez refletir um pouco acerca dos estudos/rotinas que um instrumento como o trombone “pede”». Para Lars Arens, «o caminho de um estilo musical é o resultado de tantos fatores diferentes ..., músicos, escolas, concertos etc., que criam uma dinâmica própria. Tem havido muito crescimento e muita evolução, muito mesmo. O jazz nacional não está parado. Isso importa: Caminhar - não estar parado - é o destino».
Lars Arens muito obrigado por esta partilha. Quando se começou a interessar pela música? O trombone foi sempre o instrumento preferido?
Através do meu pai tive acesso e contacto com música desde criança. Aos 8 anos comecei a aprender bateria, aos 15 iniciei os estudos de trombone. Pouco depois larguei a bateria.
O jazz é a paixão, ou há outros géneros que goste de interpretar?
Há 20 anos atrás talvez me chamasse um músico de jazz, Hoje prefiro chamar-me músico. Muito daquilo que aprecio na música, encontro no jazz. Gostaria de interpretar outros géneros, em particular música clássica. Mas não tenho formação / experiência suficiente para o fazer. O meu mundo de ação é jazz/pop...
Há nomes que tenham sido muito marcantes no seu percurso de aprendizagem?
Muitos marcaram o meu percurso como músico - digo músico, não digo trombonista! - mas não no sentido de estar focado em detalhes, tipo um instrumento, num solista-improvisador e de o tentar imitar. O que me influenciou em discos, gravações, etc. foi sempre a impressão do som, de tudo ao mesmo tempo, não apenas um detalhe, um instrumento, um solista. O tipo de música que me influencia abrange música de várias áreas, do clássico, Mahler, Debussy, Varese por exemplo, até ao Jazz, Stan Kenton, Kenny Clarke, Carla Bley, Bob Brookmeyer, Nils Wogram, John Hollenbeck e tantos outros, mais recentemente descobri muita música de que gosto entre a música tradicional turca.
O Jazz em Portugal segue pelo caminho certo?
Perdão, mas responder a essa pergunta implicaria que eu fosse um tipo “juiz de jazz” para julgar um caminho como certo ou errado. A música caminha sempre, e não existe o fim, ou destino. Mas claro que percebo qual a ideia da pergunta. Diria que o caminho de um estilo musical é o resultado de tantos fatores diferentes ..., músicos, escolas, concertos etc., que criam uma dinâmica própria. Tem havido muito crescimento e muita evolução, muito mesmo. O jazz nacional não está parado. Isso importa: Caminhar - não estar parado - é o destino.
A sua presença no “Algarve Brass Forum” será certamente importante para aqueles que ambicionam seguir uma carreira musical. Quais as principais linhas que irá expor no espaço “Trombone Talks”?
É a primeira vez que um evento destes acontece, e não sei ao certo qual o perfil dos participantes. As linhas principais de um “trombone talk” que vão ser expostas, também dependem muito do perfil dos participantes e das suas perguntas. Conto apresentar o instrumento e as suas caraterísticas, mostrar uma ou outra música que me influenciou e me fascina. E talvez refletir um pouco acerca dos estudos/rotinas que um instrumento como o trombone “pede”.
Considera que um evento como este já deveria existir há mais tempo no Algarve?
Não me compete manifestar considerações. Não vivo suficientemente perto da realidade musical algarvia. Se o evento não existiu antes, isso pode significar que não tenha havido um número suficiente de músicos interessados em eventos deste género. Seja o que for, o Hugo Alves é conhecedor da cena algarvia, é um músico que tem contribuído imenso para a cena musical ali, o facto dele se encarregar de um evento desses, de certeza, mostra que as coisas estão a mudar, que agora haja um maior número de interessados que antes!
O ensino do trombone em Portugal está ao nível do que se vai protagonizando por esse mundo fora?
Estamos cada vez melhor! No mundo da música clássica, os jovens trombonistas portugueses surgem por todo o lado, aparecem no panorama internacional. Isso fala a favor da qualidade do ensino. No jazz também vejo trombonistas muito bons e talentosos, cada vez mais novos!
Assume-se também como um compositor. De todas as obras que já escreveu, há alguma que considere a obra-prima?
Sim, há uma obra-prima. Um tema com nome “Nocturnal” para 6teto, nunca editado, que escrevi aos 18 anos antes de ter formação. No entanto ficou ultrapassado por muitos que escrevi depois, numa altura em que tinha já mais formação...
No âmbito do trombone quais os seus músicos preferidos?
Nils Wogram e Bob Brookmeyer.
Quais os projetos que abraça atualmente? Pode falar-nos um pouco deles?
Os tempos em que tinha tempo e energia para tomar conta de vários projetos em meu nome acabaram no ano em que assumi a docência a full-time na Escola Superior de Música em Lisboa. A docência mais o trabalho freelancer na música africana (incluindo as viagens) não me deixam ter tanto tempo livre. Integro também o formato acústico da Mafalda Veiga que gravará em breve. Faz pouco tempo, gravei como eufonista o cd de estreia da guitarrista Mafalda Pereira da Costa. Além disso estou focado no meu projeto para fevereiro de 2016 com nome “L.A. Banda Larga” com que vou gravar e editar um álbum em formato Big Band, pois ao longo dos anos escrevi muito material para ser gravado.
Muito obrigado mais uma vez. Onde os nossos leitores o poderão ver e ouvir tocar em breve?
No dia 29 de novembro estarei no B-Leza (Lisboa), 20 e 21 de novembro, Quelimane e Nampula (Moçambique) com os Tabanka Djaz. A 7 de novembro, Tora Tora Big Band marcará presença na Fábrica Braço de Prata (Lisboa).
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