Bárbara Eugenia explica a sua música aos nossos leitores
A artista brasileira Bárbara Eugenia passará pelo Musicbox em Lisboa no próximo dia 4 de setembro. Sobre este concerto disse-nos: «Vamos tocar músicas dos 3 discos (sim, haverá músicas inéditas do meu terceiro álbum que será lançado em outubro) e assim mostrar um pouco de tudo. Além das canções dos discos também haverá uma versão ou outra... sempre faço versões, há tanta música boa no mundo!». Bárbara Eugenia conhece e gosta de Amália Rodrigues, Francisco José, Madredeus, Legendary Tigerman e de Dead Combo. Já quanto à música que se faz no seu país afirma que «o Brasil é um eterno período fértil mas realmente nos últimos dez anos há uma abundância incrível de artistas maravilhosos».
Muito obrigado por ter aceitado este desafio e por partilhar o seu pensamento artístico com os nossos leitores. Antes de ir para São Paulo como vivia a música? Sempre sonhou com uma carreira musical?
Cresci num ambiente muito musical. Minha mãe ouvia música o dia inteiro em casa e meu pai toca piano desde criança. Então, a música sempre esteve muito presente na minha vida. Quando era novinha, queria ser baixista de banda de rock, mas nunca nem fiz aula de baixo... (risos) Então, sempre gostei muito mas achava que uma carreira era algo muito distante de mim.
O convite que surgiu em 2007 no sentido de participar na banda sonora do filme “O Cheiro do Ralo”, de Heitor Dahlia mudou muita coisa na sua vida? Na sua carreira, podemos dizer que existe um antes e o depois de 2007?
Sim, certamente. Foi quando o Apollo 9 (produtor musical) me fez esse convite que eu pensei: “preciso realmente começar a correr atrás. Buscar parceiros, tocar...”
No ano seguinte surgiu o projeto “Les Provocateurs”. Pode falar-nos um pouco deste projeto musical?
O Les Provocateurs começou como um tributo ao Serge Gainsbourg, que faria 80 anos em 2008. O Edgard Scandurra, grande fã do Ganisbourg, resolveu reunir uma turma pra fazer essa homenagem. E o negócio foi tão legal que continuamos fazendo e até tocamos outros artistas franceses.
Junior Boca foi o responsável pela produção de seu primeiro disco, “Journal de Bad”. Como surgiu a possibilidade de trabalhar com Junior Boca?
O disco foi produzido pelo Junior Boca e o Dustan Gallas. Conheci o Boca quando comecei a cantar com o 3namassa - grupo formado por Rica Amabis, Pupilo e Dengue onde cantoras interpretavam músicas escritas por compositores do sexo masculino. Ele era guitarrista da banda e eu estava procurando alguém para formar uma banda pra mim e alguém para me ajudar a começar a cantar. Pupilo me disse: “fale com o Boca que ele será o cara certo!” E foi isso, deu muito certo. Logo depois o Dustan chegou do Ceará também, e os dois produziram o Journal de BAD.
Este disco foi outro marco importante na sua carreira pois deu-lhe a possibilidade de trabalhar com prestigiados nomes da música brasileira. Concorda? Pode partilhar com os nossos leitores alguns desses nomes?
Sim! Nunca imaginei que meu primeiro trabalho seria assim...
Tive a honra de ter o Tom Zé cantando comigo uma música dele, também o Otto cantou comigo uma música do Tatá Aeroplano. Tem o próprio Tatá, Guizado, Karina Buhr, Juliana R., Pupilo, Dengue... muita gente!
Depois participou ainda no DVD “Amigos Invisíveis” de Edgard Scandurra, na coletânea “Literalmente Loucas (Elas cantam Marina Lima)”, na música do filme “Abismo Prateado” de Karim Ainouz, dividiu o palco do VMB da MTV com Marina Lima e do Trip Transformadores com Luiz Melodia e Wilson das Neves, entre outros interessantes e relevantes projetos... Tem tido realmente oportunidade de trabalhar em várias e diversificadas frentes. Sente-se uma artista polivalente?
Sinto-me extremamente abençoada! Tive essas e outras alegrias, de vez em quando algo muito especial acontece. Encontros, trocas...teve a Diana também, o Odair José, o Arnaldo Antunes. E sim, as coisas sempre fluem muito naturalmente.
Tudo isto resulta de muito trabalho. Tem abdicado de muitas coisas na sua vida para dar corpo a esta carreira tão ativa?
Não abro mão de muita coisa não. Até porque tenho trabalhado tanto pois é isso que quero, é isso que está me fazendo feliz no momento. Não é um esforço ou obrigação, é por amor mesmo.
Depois há ainda participações suas na gravação do programa Som Brasil (Globo), no disco-tributo ao Los Hermanos, da coletânea “Mulheres de Péricles”, no disco-tributo a Péricles Cavalcanti, e na segunda temporada do programa Cantoras do Brasil (Canal Brasil), em homenagem a Vinicius de Moraes. Participar em discos de tributo ou em homenagens como aquela a Vinicius de Moraes acarreta uma enorme responsabilidade. Sente esse peso aquando das suas participações?
Sim! Sinto-me honrada e quero sempre fazer da forma mais amorosa, verdadeira possível. São pessoas a quem tenho profundo respeito e admiração. Mas sempre fiquei feliz com os resultados.
2012 foi outro ano de enormes concretizações. Ter sido uma das vencedoras do concurso do selo Oi Música intitulado “Festival MPTM (música para todo mundo)” trouxe-lhe a possibilidade de concretizar mais alguns sonhos?
Sim, pude gravar meu segundo disco “É o que temos” com produção do Edgard Scandurra e do Clayton Martin. Estava pronta para fazer um novo trabalho, mas na época não tinha os meios, então foi maravilhoso!
Pode partilhar com os nossos leitores um pouco do que será o seu espetáculo em Portugal?
Vamos tocar músicas dos 3 discos (sim, haverá músicas inéditas do meu terceiro álbum que será lançado em outubro) e assim mostrar um pouco de tudo. Além das canções dos discos também haverá uma versão ou outra... sempre faço versões, há tanta música boa no mundo!
Conhece músicos portugueses? Admira alguns?
Sim! Conheço alguns antigos como a Amália Rodrigues e o Francisco José, mas também o Madredeus. E também gosto muito do Legendary Tigerman e do Dead Combo.
O terceiro disco “Frou frou” está quase pronto? O disco vem na linha do que nos proporcionou nos dois discos anteriores?
O disco novo está mais animado e mais solto... Solto no sentido de que escrevi muitas das letras de forma bem-humorada. Tirando um “sarro” mesmo das situações... E tá muito legal! Estou bem orgulhosa. Até porque é a primeira vez que assino a produção de um álbum meu. Frou Frou tem produção minha e do Clayton Martin.
Muito obrigado por esta partilha que nos proporcionou. Para terminarmos gostaríamos de lhe perguntar se sente que faz parte de um “período fértil” da criatividade musical brasileira.
Sim! Acho que o Brasil é um eterno período fértil mas realmente nos últimos dez anos há uma abundância incrível de artistas maravilhosos...
Sistema de comentários desenvolvido por CComment