Frederic Cardoso. Clarinete e eletrónica. Entrevista.
Frederic Cardoso respondeu às questões do Portal do Conhecimento Musical. Tendo como mote o último trabalho discográfico Press The Keys entrevistámos o músico que dá aulas de Clarinete, Orquestra de Sopros e ainda exerce as funções de Diretor Pedagógico no Conservatório de Música de Paredes. Frederic Cardoso dedica-se ainda ao estudo de Direção de Banda na Academia Portuguesa de Banda com o Maestro Paulo Martins. Tem disseminado a música para clarinete e eletrónica em vários eventos tais como o Euro Classical Online Festival, Festival Moita Mostra, Festival SET, 13th International Conference of Society for Music Information, entre outros. O nosso entrevistado já Colaborou com a Banda Sinfónica Portuguesa, Fundação Orquestra Estúdio, Orquestra Filarmonia das Beiras, Fundação Orquestra Estúdio e Remix Ensemble Casa da Música.
Qual foi o percurso do Frederic Cardoso até ingressar no estudo do clarinete com José Cardoso e Jaime Dias na Academia de Música de Tarouca?
O meu percurso até ingressar na Academia de Música de Tarouca aconteceu de uma forma muito natural. Em 1996, pela mão do meu pai, ingressei na Banda Juvenil de Gouviães, que fica no Concelho de Tarouca, onde comecei a dar os primeiros passos a tocar clarinete. Destacar que, naquela época, havia muito a tradição das crianças ingressarem nas Bandas Filarmónicas, onde se aprendia a respeitar o outro e acima de tudo a instituição que representávamos. O professor José Cardoso, ainda hoje docente da Academia de Música de Tarouca, foi o criador da instituição e uma grande influência para jovens como eu, no despertar do interesse pelo estudo mais intenso e procura por ser sempre melhor a cada dia. Depois estudei com o professor Jaime Dias que me despertou o interesse pelo gosto musical.
Filipe Silva, António Saiote e Nuno Pinto são nomes marcantes no seu percurso formativo?
Sim, claro. Costumo dizer, pela minha ainda curta experiência de vida, que há pessoas que aparecem na nossa vida por alguma razão e no meu caso isso aconteceu mesmo. O professor Filipe Silva, com quem estudei na Escola Profissional de Mirandela, foi uma pessoa extremamente importante, aparecendo numa fase de transição na minha vida, e me ajudou a crescer muito enquanto homem e músico, mantendo o equilíbrio numa fase sempre complicada com é a adolescência. Surgiu depois o professor António Saiote, a grande referência do clarinete em Portugal por ter desenvolvido a escola do clarinete da forma como o fez. Com ele aprendi imenso sobre música e sobre o clarinete. Por fim, estudei com o professor Nuno Pinto com quem me Licenciei e posteriormente obtive o Mestrado em Interpretação Artística. Clarinetista exímio, com quem aprendi imenso, e que acima de tudo foi a minha grande referência e inspiração, fazendo-me trilhar o mundo da Música Contemporânea e da Música Eletroacústica.
Dedica-se também à Música de Câmara e à Música Contemporânea. Quais as formações que ajudou a construir e das quais fez parte?
Durante este ainda curto percurso musical que construí tenho contribuído para a criação de várias formações, desde a World Music até à Improvisação Livre. Posso destacar a Ar de Rastilho Fanfare Band, o Quinteto de Sopros Argo Navis, o Duo de Clarinetes Baixos 2LOW, o Trio de Improvisação Ósculo, ou o Frederic Cardoso – Clarinet & Electronics Project. Referir, que cada uma destas formações serviu e serve para evoluir enquanto músico, abordando vários estilos musicais, o que também é importante nos músicos de hoje em dia.
Como clarinetista, já estreou cerca de quarenta obras. Quais os compositores com quem trabalhou neste âmbito e quais as obras que estreou?
A ligação entre intérprete e compositor foi algo que me fez evoluir bastante, não só por trabalhar música nova e estreando-a, mas também por ter a oportunidade de ver a música do lado de quem a compõe. Assim, trabalhei com bastantes compositores, tais como Antero Ávila, André Rodrigues, Dimitris Andrikopoulos, Igor C. Silva, João Ferreira, João Pedro Coimbra, Ângela da Ponte, Filipe Lopes, Steven Snowden, entre outros; tendo estreado nacionalmente e em absoluto obras para clarinete solo, clarinete e electrónica, trios (clarinete, clarinete baixo e piano/clarinete, violoncelo e piano), quarteto de clarinetes, quarteto de cordas e clarinete baixo, clarinete e ensemble, ensemble, e clarinete e banda sinfónica. Esta última formação, foi a que marcou a minha última estreia. Refiro-me à obra "Onda que Brada", do compositor açoriano Antero Ávila, que foi composta a meu pedido e que tive o prazer de estrear com a Associação Recreativa e Musical de Vilela, no passado mês de Abril.
Os prémios obtidos também têm marcado o seu percurso. Quais os prémios que mais significado tiveram para o clarinetista Frederic Cardoso?
Os prémios são sempre o resultado do trabalho realizado no dia-a-dia, tendo ele de ser exigente e intenso. Para mim, cada prémio que tive o prazer de obter teve sempre um significado especial, dando-me força e determinação para querer sempre mais. O mais importante foi sempre toda a preparação realizada até chegar a cada um dos concursos, pois essa evolução é que ficou para o músico que sou hoje, e para o músico que quero ser amanhã.
Tem ainda uma vida ativa enquanto docente. Quais as instituições onde leciona atualmente?
Atualmente leciono no Conservatório de Música de Paredes.
A direção de orquestra é outra área que o fascina, para além do clarinete?
A direção de orquestra é uma paixão nova na minha vida. É algo que tenho vindo a aperfeiçoar, sem pressões e de uma forma natural e alegre. Sendo uma pessoa que procura desafios a cada dia, esta minha nova paixão leva-me a conhecer, estudar e investigar de uma forma sóbria algo que me faz pensar e viver a música de um outro prisma.
Pode descrever-nos um pouco do trabalho que desenvolve no projeto "Frederic Cardoso - Clarinet & Electronics Project"?
Este projeto nasceu em 2011, e tem como principais objetivos fomentar a criação e divulgação de novas obras para clarinete e electrónica. Já se apresentou em vários festivais, como por exemplo: Euro Classical Online Festival, Festival MoitaMostra, Festival SET, 13th International Conference of the Society for Music Information, Encontros Musicais, entre outros. É um projeto que é caracterizado pela forte ligação entre o intérprete e o compositor, dando possibilidade de cada obra ser composta em sintonia entre ambos quer em termos técnicos como musicais. Foi assim que surgiram Do Desenho e do Som (Filipe Lopes), Frames #87 (Igor C. Silva), False Entropy (João Ferreira) e Press The Keys (João Pedro Coimbra). Estas cinco obras são a base do CD Press The Keys, às quais foram adicionadas as obras Shovelhead (Steven Snowden) e Reflex II (Ângela da Ponte).
O CD Press The Keys resulta de todo esse percurso? Como caracteriza este primeiro disco?
Sim, o CD Press The Keys é o culminar de um trabalho de três anos intensos, em que foram realizadas muitas trocas de ideias, muitos ensaios e concertos. Cada obra foi trabalhada com o seu compositor, dando-me assim um conhecimento único de cada obra. Assim, este primeiro CD do Frederic Cardoso – Clarinet & Electronics Project é caracterizado pela forte ligação entre o intérprete e o compositor, não só musical como pessoal, dando um carácter bastante sólido ao mesmo.
Muito obrigado pelo tempo que nos dedicou. Para terminar gostaríamos que nos dissesse como poderão fazer os nossos leitores para adquirir o CD Press The Keys e quais os próximos espetáculos onde o poderão ouvir.
O CD Press The Keys, nesta fase inicial, poderá ser encomendado por e-mail (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.), ou em www.facebook.com/fredericardoso. Será apresentado no dia 2 no O'culto da Ajuda (Lisboa), pela Miso Music Portugal. No dia 25 de julho, será apresentado no Festival MoitaMostra, em Moledo (Viseu).
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