José Estevão Moreira fala-nos sobre linguagem, música e educação no Brasil.
O livro "Investigações Filosóficas sobre Linguagem, Música e Educação: O que é isso que chamam de música?" esteve no centro da nossa entrevista com José Estevão Moreira. No entanto, não passámos ao lado de assuntos como o ponto da situação atual da música e da educação musical no Brasil. Licenciado em Música pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Educação Musical pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), o nosso entrevistado abordou também as linhas metodológicas mais defendidas nas Universidades Brasileiras. José Estevão foi ainda representante estadual da Associação Brasileira de Educação Musical – ABEM e por isso desafiámo-lo a eleger duas ou três situações urgentes para resolver no âmbito da Educação Musical Brasileira. No dia-a-dia descobre talentos no Colégio Santo Inácio.
Muito obrigado por ter aceitado o nosso convite para esta entrevista. Como surgiu a ideia de lançar o livro "Investigações Filosóficas sobre Linguagem, Música e Educação: O que é isso que chamam de música?"
Eu agradeço o interesse e a oportunidade de poder falar sobre o livro. É um prazer falar à XpressingMusic e aos seus leitores. A ideia de escrever livros surgiu desde muito cedo, quando jovem, pois já havia escrito (mas não lançado) um livro de poesias. Comecei também a escrever pesquisa científica em congressos e Simpósios ainda na minha época de estudante de graduação na USP (Universidade de São Paulo). Posso dizer que este livro que estou a lançar surgiu também, além das pesquisas que compõem o seu corpo, de muitas conversas com professores de música. Por fim – e ao mesmo tempo, início de tudo – eu diria que este livro surgiu de uma necessidade particular minha, um questionamento constante sobre os limites da [ou melhor, disso que chamamos de] "música". Ademais, fui aluno do Maestro Olivier Toni, grande amigo e professor, a quem eu dedico o livro pelo teor "investigativo" e de desconstrução que possibilita empreender algumas construções. É neste contexto que o livro em questão começou a se concretizar no decorrer do meu mestrado na UNIRIO. Interessava-me, portanto que, ao menos no Brasil – e agora, também em Portugal e países lusófonos –, este assunto pudesse ficar disponível a uma grande comunidade de pesquisadores, já que nele faço uma abordagem da música e da educação na perspetiva da Filosofia da Linguagem, mais especificamente, de Ludwig Wittgenstein e que até então não havia encontrado. Adicionalmente, após a defesa e finalização do mestrado, fui convidado por duas editoras para publicar o livro, mas resolvi eu mesmo fazer minha edição de autor, a fim de que o mesmo pudesse ser distribuído gratuitamente na rede mundial.
Os temas abordados neste livro são o principal enfoque da sua carreira na investigação, ou debruça-se sobre outros aspetos ligados à música?
Certamente os temas de filosofia, música e educação tem ocupado maior parte de meu tempo e foco. Mas antes de adentrar ao mestrado, minhas pesquisas se debruçavam em torno da análise musical e composição. Na minha graduação, aprofundei-me em estudos de Harmonia e Análise Musical. No caso da Harmonia, uma vez que a minha formação inicial se tinha dado como músico popular, minha experiência estava muito ligada ao meu ouvido e, posteriormente, como método analítico, no mínimo, social e histórico: uma história – tempo x lugar – muito específica, do ocidente. Avançando no tempo, conheci alguns dos conceitos de Pierre Schaeffer, em uma iniciação científica, a partir da qual pude ter contato com a perspetiva da música concreta, com sua abordagem para o "problema" da música do séc. XX e suas novas éticas sonoras. Para o meu trabalho, as ideias de Pierre Schaeffer, além dos seus questionamentos filosóficos de uma "fenomenologia da escuta", tinham uma finalidade muito prática: inspirado na metodologia do prof. Didier Guigue, radicado na Paraíba (UFPB), realizar análises de Prelúdios de Debussy a partir de um critério não "musical" (a priori) mas "sonoro" (a posteriori) e de outros "critérios de massa". Ainda na graduação tive meu primeiro artigo aceite no Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM), onde o apresentei. A partir dos conceitos de Pierre Schaeffer, fui dando conta, cada vez mais, da importância da linguagem sobre música na sua constituição ontológica, ou melhor, na evidenciação das suas diferentes ontologias idiossincráticas. Por fim, depois de um longo trajeto, concluo – hoje em dia – que nem é preciso encontrarmos palavras diferentes, mas é exatamente na palavra mais corriqueira que encontramos as maiores diferenças – e, por que não dizer, conflitos –, que é a palavra "música". Eis a razão do sub-título: "O que é isso que chamam de música?". É este o pano de fundo do livro, que não está expresso, mas figura como contexto. Aportei-me na Filosofia da Linguagem para tentar pensar em alguns desdobramentos da abordagem da educação musical na perspetiva da linguagem falada.
Como disse há pouco, disponibiliza o seu livro gratuitamente. Como podem os nossos leitores fazer "download" do mesmo?
O livro está disponível para download no endereço www.estevaomoreira.com/o-livro sob licença Creative Commons e são permitidas impressões de cópias para uso pessoal e/ou educacional (instituições como bibliotecas, faculdades etc.) Pode-se encontrar o PDF do miolo e, em breve, disponibilizarei também a capa, caso se queira realizar a impressão integral. Há também uma página do Facebook onde são veiculadas notícias e informações sobre o livro ou relacionadas: www.facebook.com/linguagemmusicaeeducacao.
Como observa o ponto da situação atual da música e da educação musical no Brasil? Tem havido uma evolução grande nos últimos anos?
Queria antes fazer uma consideração sobre educação e ensino, sobre as diferenças desses termos. Entendo que "educação" é parte daquilo que "vem de casa", isto é, um indivíduo traz, consigo, os valores, costumes, crenças, hábitos, costumes, etc., os quais aprende sem ser "didaticamente ensinado". Por outro lado, o "ensino" este sim fica delegado às "instituições de ensino". Assim, ao falar de educação musical, não posso deixar de mencionar os aprendizados que se têm fora da escola, uma vez que estes conhecimentos também são trazidos pelos estudantes para dentro de sala de aula e, a partir deles, concretos que são, estabelece-se (ou não) um diálogo com o professor de música em sua prática de ensino. Se por um lado, dependendo do contexto, os estudantes aprendem suas práticas musicais locais, por outro lado, com os meios de comunicação e a internet, cada vez mais estas práticas locais se têm homogeneizado e, por vezes, um estudante não conhece sequer o que acontece na esquina, mas sabe o que acontece em outro país. Mas não quero aqui, neste momento, me posicionar como integrado ou apocalíptico, mas ressaltar que este aspeto da "educação" é muito concreto para o "ensino". É neste cenário que penso a educação musical – ou as educações musicais. Considerando que o Brasil, em seu porte continental é um país tão plural, para esse tipo de "diagnóstico" que se faz necessária alguma chave de leitura para nos auxiliar. Do ponto de vista das políticas públicas na educação básica, no Brasil, desde a década de 1971 a música deixou de ser disciplina obrigatória. Quase quarenta anos depois, foi sancionada a lei 11.769/2008 que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de música como conteúdo obrigatório (porém, não como disciplina obrigatória), a partir da articulação das entidades representativas de profissionais da música – capitaneados pelo GAP (Grupo de Articulação Parlamentar). Considerando, porém, que "música" e "educação musical" não são termos unívocos, mas equívocos (i.e. evocam, em uma mesma palavra, diferentes conceções), é muito difícil haver consenso. Aplica-se aqui a metáfora onde se diz que a "palavra música é como ponta de iceberg": só temos acesso à sua pura materialidade. Os significados, pressupostos, memórias, experiências prévias, e uma sorte de especificidades não estão compartilhadas nos discursos, em meio a tantas vozes diferentes: músicos, professores, governos, grupos sociais, etnias, estudantes, main stream, famílias, comunidades etc. As diferentes éticas que constituem este cenário são alguns dos desafios atuais, para os professores de música e, do ponto de vista normativo, para o Ministério da Educação. Por essa razão, em 2012 o GAP, ABEM e Conselho Nacional de Educação e outras instituições, realizaram simpósios em diferentes locais, ouvindo diferentes agentes e, por fim, produzindo um parecer para regulamentação da Lei 11.769/2008 – que aguarda homologação do Ministério da Educação – a partir da escuta dos diferentes agentes (professores, escolas, secretarias de educação, instituições de formação docente e Ministério da Educação) e onde se pode encontrar subsídios para que cada parte compreenda seu papel. Mas este parecer ainda aguarda homologação do Ministério da Educação.
O José Estevão Moreira Licenciado em Música pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em educação musical pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Quais são as linhas metodológicas mais defendidas nas Universidades Brasileiras? Quais os principais pedagogos estudados? A pedagogia e a didática estão próximas das orientações seguidas no espaço europeu?
Estas três perguntas seriam suficientes para delinear o escopo de uma tese de doutoramento, de modo que, sem me demorar muito numa pesquisa mais aprofundada, eu só poderia dar impressões. De certo modo, podemos destacar que a educação musical no Brasil se inicia a partir da tradição europeia, com os Jesuítas, passando, no Império por Pe. José Maurício Nunes Garcia (entre outros) até o advento da inauguração do Conservatório Imperial de Música, em fins do sec. XIX, posteriormente alçando ao status de Escola Nacional de Música – hoje, o Departamento de Música da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Durante o sec. XX e XXI a pesquisa em música e educação sofre profundas mudanças e, se por um lado ainda há, hoje em dia, uma produção significativa de música erudita europeia, por outro lado abordagens com perspetiva cultural têm tido cada vez mais espaço. O que se pode afirmar, com segurança, é uma grande variedade de formações. No entanto, esta é uma questão muito complexa, na medida em que as linhas de pesquisa em música e aprendizagem estão crescendo cada vez mais. Há departamentos de música que estão mais voltados para a música erudita, outros mais abertos à música popular e outros para uma perspetiva mais cultural e etnomusicológica. Em alguns casos, todas estas vertentes estão juntas. Na USP, por exemplo, os estudantes ingressam nas linhas de graduação com música erudita e, mais especificamente, a linha de educação musical trabalha, a grosso modo, com uma abordagem estética do fenómeno sonoro. Já na UNIRIO, o fato de se ter abertura à música popular brasileira na graduação (sobretudo choro e mpb), possibilita-se, além da abordagem estética, abordagens mais sociais da música e da cultura, mesmo que buscando a excelência instrumental com critérios musicais europeia. Noutros casos, a abordagem é de orientação ética, como no caso da música indígena. E, dependendo da universidade, em um mesmo departamento têm-se docentes com diferentes abordagens, com uma variedade de formações que proporciona uma diversidade que, a meu ver, só tem a contribuir, quando há abertura para o diálogo. Entretanto, como disse, eu não teria como responder esta pergunta sem realizar uma demorada pesquisa. Aliás, há artigos que abordam justamente a pluralidade de produções (dissertações e teses), levantamentos estatísticos, análise de meta-dados etc., em busca da constituição do campo de estudo da educação musical no Brasil. Portanto, aqui, a sua pergunta é, ela própria, objeto de profícua pesquisa (sugeriria, a quem quisesse se aprofundar, este interessante artigo da prof. Luciana Del-Ben).
Foi representante estadual da Associação Brasileira de educação musical – ABEM. Foi importante esta experiência? Esta passagem pela ABEM permitiu-lhe ver os problemas da educação musical brasileira de uma forma mais próxima?
Certamente foi uma experiência importante, tanto pelo caráter de pesquisa académica, quanto pelo caráter de ação da ABEM. No contexto da pesquisa em educação musical no Brasil a ABEM cresce e se amplia a cada ano que passa, seja com a realização de congressos e encontros regionais, mas também no campo editorial, com publicações muito importantes como suas revistas e livros. Mas além disso, a ABEM também é uma associação que dialoga ativamente com as esferas públicas. Fui convidado na gestão da prof. Magali Kleber, incansável defensora das diferentes educações musicais, incentivadora dos professores de música do Brasil, com facilidade de trânsito nos mais diferentes âmbitos. Além da constatação dos problemas estruturais da educação musical brasileira, tive a oportunidade de conhecer mais os problemas dos seus agentes, isto é, dos professores de música em seus dilemas.
Se tivesse que eleger duas ou três situações urgentes para resolver no âmbito da educação musical Brasileira, quais elegeria como prioridades?
A primeira situação, considerando que se trata de um caminho já percorrido com a contribuição de muitos professores e pesquisadores, é a homologação do parecer do Conselho Nacional de Educação com diretrizes para a implantação e implementação da música na escola, como orientação objetiva, para além da disposição da "música como conteúdo obrigatório", isto é, oferecer linhas concretas que orientem as instituições sobre como procederem. A segunda situação, ainda do ponto de vista panorâmico-político, diz respeito às iniciativas da educação musical em projetos sociais (ongs). Há projetos louváveis, porém, as verbas são muito reduzidas ou são conseguidas através de projetos de isenção fiscal, de modo que as empresas patrocinam aquilo que for do seu interesse. Uma das vias de fomento, no Brasil, é a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, da qual já fui Analista para projetos de música e educação musical. Assim, já se pode supor que projetos com apelo comercial têm mais chances de conseguir verba. Há bons projetos e há projetos nitidamente fracos, do ponto de vista do projeto pedagógico. Estes projetos, entretanto, não são da alçada do Ministério da Educação, mas sim do Ministério da Cultura (ou, quando se trata de edital local, das Secretarias Municipal ou Estadual de Cultura). Porém tais projetos não têm qualquer regulação do ponto de vista político-pedagógico de nenhuma instância; no máximo uma prestação de contas (financeira) ao Ministério ou Secretaria de Cultura. Penso que aqui está uma oportunidade valiosa que não é trabalhada: poderia haver algum tipo de integração destes projetos, sem que percam suas características, mas que ganhem horizontes novos de troca de saberes (seja do ponto de vista da gestão ou de vivências para seus alunos). Não penso que seja o caso de haver um "controle" governamental, mas no mínimo um acompanhamento, categorização e estabelecimento de metas às diferentes modalidades de projetos educacionais musicais (e das outras artes também) e uma tutela de tais projetos, integrando microprojectos a macroprojectos e às escolas locais de música (e das outras linguagens), por exemplo, criando redes que se fortalecem, ao invés de se pulverizarem em diferentes iniciativas concorrentes. Claro que isso é utópico – enquanto horizonte de possibilidade – mas leva em consideração o que já existe, que são os projetos. Isso poderia ajudar a aumentar o acesso ao Ensino de Música, que ainda é muito restrito no Brasil, se considerarmos uma população de aproximadamente 200 milhões de habitantes.
O José Estevão Moreira é professor de música e gestor cultural no Colégio Santo Inácio. Qual o trabalho de desenvolve neste âmbito?
O Colégio Santo Inácio é um colégio jesuíta, tradicional do Rio de Janeiro e meu trabalho acontece no âmbito do fomento de ações culturais por parte dos estudantes. Tudo começou com um evento ao qual costumamos chamar de Palco Aberto, onde os estudantes se apresentam nos recreios – com shows de 20 minutos – para os demais colegas. A música é a expressão que mais tem adesão e, por essa razão, através dela consolidamos o evento, buscando agora ampliar para outras áreas, uma vez que está apropriado pela comunidade educativa. O meu desafio é convidar os alunos a ensaiarem e se apresentarem com suas produções autónomas, acolhendo diferentes géneros e preferências musicais, do 6EF ao 3EM. Parto do princípio que TODOS sabem música, em alguma medida, de algum jeito. Então não "ensino" a música, mas outros aspetos da prática musical, de modo que possam atingir suas metas e, a partir de suas demandas legítimas, mostrar soluções possíveis – quando ao meu alcance – ampliando seu repertório e, sobretudo, aprendendo com os estudantes. Os shows do Palco Aberto acontecem aproximadamente duas vezes por mês, de modo que, por ano, os estudantes têm cerca de 12 atrações no Teatro por ano e, ao largo de 7 anos (compreendendo o 6EF ao 3EM) são mais de 80 apresentações feitas por alunos, para alunos. As apresentações ocorrem no Teatro da escola, para aqueles que quiserem assistir. Trata-se, a meu ver, de um trabalho também de formação de plateia, já que são poucos que vão ao teatro ou espetáculos musicais com frequência (são impressões; não fiz levantamento estatístico). Estamos criando também uma Ag. Jr. de Educação, Cultura, Comunicações e Artes (Eccoar) que funciona como uma incubadora de projetos dos alunos. Aqueles, portanto, que são mais tímidos, podem trabalhar nos bastidores atuando como diretores, produtores, iluminadores, sonoplastas, técnicos de som, jornalistas, operadores de filmagem, fotógrafos, editores de vídeo etc. Também realizamos parcerias com professores para mostra de trabalhos oriundos de sala de aula que tenham vertente cultural, artística ou de humanidades – de qualquer disciplina – onde os saberes dos alunos são utlizados também na feitura de trabalhos. Por fim, faço convites também a artistas cariocas para se apresentarem na escola: desde estudantes de graduação a profissionais da música. É certo que pouco posso influenciar na formação estética direta destes estudantes, visto que nossos encontros não são de aulas, mas ensaios e apresentações. O meu papel é, de certo modo, fazer notar os saberes dos alunos, também como "diagnóstico" das fontes nas quais os estudantes têm bebido, para que a comunidade docente possa se valer desse dado, como se lhe aprouver.
Tem outros projetos musicais pessoais? E projetos para um futuro próximo?
Rejo o coro de amigos do Colégio Santo Inácio (alunos, ex-alunos, pais, funcionários, professores, comunidade da Igreja Santo Inácio e convidados) e também sou contrabaixista, mas não tenho tido muito tempo para tocar. Na verdade, o "projeto" que mais toma meu tempo é a minha família: eu e minha esposa temos 4 lindos filhos pequenos: João (5), Francisco (4), José (2) e Maria (1). Pelos próximos anos quero-me dedicar integralmente a eles, fora do horário de trabalho. Certamente a paternidade nos mostra mais um olhar sobre a noção de educar. Eu diria, seguramente, que a missão mais edificante da vida é educar. E, o mais incrível, é que me sinto aprendendo mais e mais a cada dia, com meus filhos. Mais uma vez, agradeço pela oportunidade, desejando vida longa ao XpressingMusic!
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