Clarinetes Ad Libitum. A primeira entrevista de 2015.
Os Clarinetes Ad Libitum têm espalhado a sua magia por onde passam. Consideram que "Os músicos portugueses têm grande reconhecimento além-fronteiras. Essa é a convicção que nos é dada pela nossa experiência. No que respeita especificamente ao Clarinete, podemos dizer que temos um altíssimo nível neste instrumento. Muito se deve ao Prof. António Saiote que implementou uma escola de excelência no nosso país". A característica principal que os distingue de outras formações de clarinetes tem a ver com a personalidade dos elementos do grupo que, segundo estes, é transportada integralmente para o espetáculo. Também o tipo de música que tocam é o elemento que os identifica. Os Clarinetes Ad Libitum estarão a 1 de março no CCB em Lisboa e têm já um convite para ir à China neste ano.
Clarinetes Ad Libitum nasceram em 1998. Como surgiu a ideia de formarem este grupo? Apresentem-nos os músicos que formam este projeto?
Antes de mais, agradecemos a oportunidade que o XpressingMusic nos dá para divulgarmos o nosso grupo. O grupo surgiu dum convite feito pelo Presidente da Escola Superior de Música do Porto (ESMAE), Prof. Eduardo Lucena, para atuar na Exposição de Luz e Som, na EXPONOR. Inicialmente designava-se por Quarteto Gingão e era formado pelo Nuno Pinto, José Ricardo Freitas, Luís Santos e Hélder Tavares. Entretanto, o Hélder Tavares saiu e ingressou o Filipe Dias. Em 1999, houve mudanças profundas: o Filipe Dias sai e entra o Tiago Abrantes, acrescenta-se percussão ao grupo e altera-se o nome para Clarinetes Ad Libitum. A partir daí, o núcleo de clarinetes manteve-se até aos dias de hoje. Ao longo destes anos, passaram vários percussionistas pelos Clarinetes Ad Libitum: João Cunha, Hugo Vieira, Mário Teixeira, Jean François Lezé, que gravou o nosso disco Contradanza, António Bastos e João Dias, atual percussionista. O nome Clarinetes Ad Libitum surgiu para exprimir uma ideia de Liberdade ligada tanto à sua constituição como ao que tocavam.
Os músicos dos Clarinetes Ad Libitum têm outros projetos para além deste. Podem falar-nos um pouco de cada um? Qual o contributo de cada um para o grupo?
Os Clarinetes Ad Libitum são moldados pelas diversas experiências que cada um tem tido ao longo dos anos. Fazemos questão de não alterar isso, pois traz uma grande riqueza musical e estética ao grupo. Têm, todos, uma vida profissional muito intensa que, por vezes, não deixa muito espaço para o grupo. Algumas atividades dos elementos dos Ad: o Nuno é professor na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo no Porto (ESMAE) e tem uma grande atividade ligada à Música Contemporânea, o José Ricardo é professor na Academia José Atalaya de Fafe e dirige a Banda de Vilela, o Luís é professor no Conservatório de Vila Real e colabora regularmente com a Companhia Peripécia Teatro e o Tiago é professor no Conservatório de Música do Porto e no Conservatório de Gaia, integrando várias formações de Câmara. Mas os elementos dos Clarinetes Ad Libitum são muito mais que estas atividades, eles transportam uma carga genética valiosa: o Nuno e o Luís são de Vila Real (Trás-os-Montes), o José Ricardo é de Guimarães (Minho) e o Tiago é de Águeda (Beira Litoral). Esta diversidade de culturas enriquece decisivamente o grupo.
Quais as principais características que vos distinguem de outros projetos similares?
A característica principal tem a ver com a personalidade dos elementos do grupo, que é transportada integralmente para o nosso espetáculo. Em segundo, o tipo de música que tocamos é o elemento que nos identifica. Inicialmente, uma vez que temos formação erudita, tínhamos um espetáculo com duas partes distintas: a primeira mais "clássica" e a segunda com música tradicional latina e klezmer. Mas o grupo evoluiu e foi apercebendo que o seu registo natural era a World Music: indo da música Celta ao Chorinho Brasileiro, passando pelo Fado e Chula Portugueses, sem esquecer a música cigana da Roménia, a música Klezmer, Francesa, etc. Neste ponto, ainda nos falta dar o derradeiro passo: música, com todas estas influências, mas original. Mas sentimo-nos confortáveis como estamos. A terceira característica, que é um grande elemento diferenciador do grupo, é a pluridisciplinaridade do espetáculo, uma vez que comporta elementos cómicos, teatrais e de dança. Nesta vertente, temos tido a preciosa ajuda do ator Angel Frágua.
Já divulgaram a vossa música por várias partes do mundo. Podem partilhar com os nossos leitores alguns dos espetáculos que mais vos marcaram?
Todos os nossos espetáculos são marcantes, pois entregamo-nos totalmente em todos eles. O nosso espetáculo é muito físico, energético, caloroso e provoca reações incríveis no público.
No entanto, não podemos deixar de falar na extraordinária reação do público de Pequim, em 2007, e Kansas City, em 2008. No início dos espetáculos tínhamos alguma ansiedade, pois o público era constituído maioritariamente por clarinetistas, que, por serem da nossa área, poderiam estar com uma postura mais analítica, do que a desfrutar. Mas renderam-se rapidamente. Nunca ouvimos tantos gritos de alegria e nunca demos tantos autógrafos como nesses espetáculos. Aproveitamos para divulgar que temos novamente um convite para irmos à China neste ano.
Apresentaram-se no passado dia 23 de dezembro no Concerto de Natal da Câmara Municipal do Porto. Sabemos que foi um sucesso. Na vossa opinião, a que se deve todo este sucesso?
Já tocámos muitas vezes no Porto e é sempre emocionante, uma vez que é a nossa cidade e temos muitos amigos a ouvir-nos. O sucesso deve-se essencialmente a dois fatores: ao formato único dos Clarinetes Ad Libitum e à energia que cada um de nós entrega ao espetáculo. Esta fusão é muito explosiva e o público reage proporcionalmente, retribuindo com tudo o que tem.
A 1 de março de 2015 irão marcar presença no Centro Cultural de Belém. Haverá alguma surpresa especial para este espetáculo?
A última vez que atuámos em Lisboa foi em 2007, no Palácio Foz, integrados no "X Encontro Internacional de Clarinete", organizado pelos nossos amigos do Quarteto de Clarinetes de Lisboa. O público da região de Lisboa irá ter agora um espetáculo muito mais elaborado. A "surpresa especial" será revelada no dia 1 de março no CCB, claro!
Têm outros projetos novos para apresentar ao público em 2015?
Para além dos vários espetáculos confirmados para 2015, temos em mente gravar o nosso segundo disco. Encontramos, no entanto, alguma dificuldade nas agendas pessoais que, por serem intensas, não deixam muito espaço para esse efeito. Mas iremos tentar.
Quando viajam por esse mundo fora, certamente apercebem-se da forma como a música e os músicos portugueses são encarados além-fronteiras. Como é visto o trabalho dos músicos portugueses pelo público lá de fora?
Os músicos portugueses têm grande reconhecimento além-fronteiras. Essa é a convicção que nos é dada pela nossa experiência. Numa forma geral, pelo que vamos vendo nos meios de comunicação social, os artistas portugueses têm uma aceitação muito boa no estrangeiro.
No que respeita especificamente ao Clarinete, podemos dizer que temos um altíssimo nível neste instrumento. Muito se deve ao Prof. António Saiote que implementou uma escola de excelência no nosso país. Este nível clarinetístico é constantemente reconhecido internacionalmente, através dos convites para concertos, dos prémios ganhos, dos lugares para orquestra conquistados, etc.
Quais os vossos desejos para o novo ano que agora começa?
Para os Clarinetes Ad Libitum, desejamos que nos continuem a convidar para atuar nas suas comunidades. O grupo dá-nos muita felicidade e gostamos de a partilhar com todos!
Para as pessoas no geral, desejamos que tenham o fundamental para viverem e serem felizes! Bom 2015!
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