Liliana Martins apresenta o disco “Corpo Fado”
"É uma realidade, no mercado de hoje os novos artistas têm que investir nos seus projetos e realmente é difícil as portas das editoras se abrirem. No entanto, toda a equipa acreditou neste disco e nele colocou muito do seu talento e trabalho e isso foi o ingrediente especial para que depois de ter o master tivesse batido à porta certa. Em boa hora o fiz, e a minha editora/produtora Ana Soares Produções percebeu o disco e a minha linguagem, e imediatamente apoiou a edição e trabalho gráfico final. Isto possibilitou que este disco seja aquilo que é, um "Corpo-Fado" com uma edição digital e física ao alcance de todos". Liliana Martins
A paixão pela música e pela tradição do fado canção foram os principais impulsos para que nascesse este "Corpo Fado"? De onde e de quando vem esta paixão?
Sim, é verdade! A minha paixão pelo Fado nasceu há cerca de 10 anos, quando o meu pai me desafiou, dizendo que eu não era capaz de cantar o Fado. Então, mostrei-lhe precisamente o contrário, ensaiando um Fado exaustivamente. Numa festa de família surpreendi-o cantando o "Foi Deus" da Amália. No final toda a gente ficou emocionada e o meu pai incentivou-me para que continuasse. Desde esse dia esta paixão foi crescendo e tornando-se cada vez maior, encarando-a eu, agora, de forma mais profissional. Todo este percurso, culminou neste disco "Corpo-Fado".
Como tem sido a reação das pessoas a este seu primeiro trabalho?
A reação tem sido muito boa, especialmente ao primeiro single "Cai a noite". As pessoas que já conheciam um pouco do meu trabalho ficaram surpreendidas, não estavam à espera dum disco composto por tantos temas originais e diferente de tudo o que tinha apresentado até então. Para o restante público tem sido um excelente "cartão-de-visita" mostrar coisas novas, dentro do âmbito do Fado mas com uma perspetiva mais abrangente, e atual. Estou muito feliz com a aceitação do público, todo o apoio e comentários muito positivos.
Recorreu ao crowdfunding para a gravação e edição deste trabalho. As editoras têm as portas fechadas para nomes novos nesta área do fado? Bateu primeiro às portas das editoras ou a edição nestes moldes foi uma opção sua?
A campanha de crowdfunding foi muito importante para ajudar no arranque deste projeto, principalmente pelo lado financeiro mas também para dar um cunho mais profissional ao mesmo. Assim, havia o compromisso de levar o projeto avante e torná-lo uma realidade. Obviamente que a gravação do disco teve vários custos que não foram apenas suportados por esta campanha, mas com capital e investimento próprio.
É uma realidade, no mercado de hoje os novos artistas têm que investir nos seus projetos e realmente é difícil as portas das editoras se abrirem. No entanto toda a equipa acreditou neste disco, e nele colocou muito do seu talento e trabalho e isso foi o ingrediente especial para que, depois de ter o master, batesse à porta certa. Em boa hora o fiz, e a minha editora/produtora Ana Soares Produções percebeu o disco, a minha linguagem e imediatamente apoiou a edição e trabalho gráfico final. Isto possibilitou que este disco seja aquilo que é, um "Corpo-Fado" com uma edição digital e física ao alcance de todos.
As palavras que canta são de Tiago Torres da Silva, Fernando Gomes, Cátia Oliveira e de Paulo Espírito Santo. De quem partiu a ideia de convidar estes nomes para a composição das letras do "Corpo Fado"?
A ideia partiu do meu produtor Valter Rolo e eu aceitei de imediato. Quando tive contacto com os poemas destes maravilhosos autores foi algo incrível, foi um despertar para uma nova realidade. Aí percebi que tudo seria diferente e que me esperava um grande desafio, mas muito especial. Identifiquei-me com as palavras deles de formas diferentes consoante os temas. É claro que cantar palavras de Tiago Torres da Silva é um privilégio e uma grande responsabilidade. Sobretudo sinto-me muito honrada por cantar as palavras de todos eles. Cada um com o seu estilo mas sempre muito atual e com um cunho muito próprio em cada tema que escreveram.
Os músicos: Micael Gomes (guitarra portuguesa), Cajé Garcia (viola) e José Canha (contrabaixo) acompanham-na habitualmente nos seus espetáculos?
Sempre que é possível, estão comigo! Mas como são excelentes músicos, são muito solicitados e por vezes estão em digressão ou em concertos com outros artistas.
O Micael é um jovem com um enorme dom e talento para tocar, ele consegue adaptar-se a vários instrumentos mas é claramente na guitarra portuguesa que se destaca e faz arrepiar-nos com o seu dedilhar e a irreverência das suas "malhas".
O Cajé, conheci-o na altura de escolher os músicos para o disco. Foi uma sugestão do Valter e foi uma peça muito importante porque trouxe sabedoria e uma base sólida para sustentar a parte rítmica dos temas. Ajudou-me imenso em muitos aspetos da gravação dos temas. Rapidamente se criou uma cumplicidade e química entre nós. O Canha também acabou por aceitar o convite feito por mim e pelo Valter e trouxe uma outra perspetiva aos temas, visto que vem de outra realidade que é o Jazz mas com uma forte cumplicidade com o Cajé já vem de algum tempo juntos. Fizeram uma ótima base para os temas. A sua calma e forma de estar ajudou-me a descontrair em momentos mais tensos nas gravações. Agradeço de coração a todos eles, assim como a toda a equipa que trabalhou neste disco!
Como surgiu a possibilidade de trabalhar com o produtor, arranjador e compositor Valter Rolo?
Neste meio vamos conhecendo inúmeras pessoas e como os contatos e as ligações na música vão crescendo, um certo dia tive a oportunidade de o conhecer e apresentar-lhe a minha ideia de gravar um disco. Felizmente que ele aceitou ajudar-me e acompanhar-me neste projeto mas, ao mesmo tempo, lançou-me o desafio de fazer algo diferente do que inicialmente tinha planeado e daí cresceu este projeto que aos poucos foi-se formando e delineando naquilo que hoje é o "Corpo-Fado". A ele agradeço todo o empenho e sabedoria para me orientar na direção certa.
Em sua opinião, Vânia Fernandes, Celina da Piedade, Vicky Marques e Maurício Cordeiro são nomes que trazem um prestígio acrescido a esta obra que agora nos apresenta?
Claro que sim, sem qualquer dúvida. Foram todos muito importantes para mim. O seu contributo enriqueceu este projeto, e de que maneira! A Vânia é dona de uma voz e postura maravilhosa, com um dom de interpretação fora do comum e que me ajudou muito em vários temas. Admiro-a muito e para mim é uma referência. A Celina é talentosíssima. O seu acordeão deu vida aos temas e algo único. Fomos mais além do que o próprio Fado, é uma realidade. Para isso contribuiu e muito a percussão do Vicky que também é um talento puro.
O Maurício é, além de um jovem fadista, um grande amigo e companheiro das noites de fado que aceitou este meu convite para fazermos um dueto e vincar a nossa cumplicidade. Admiro-o muito e penso que vai chegar longe. A sua simpatia aliada a sua simplicidade é contagiante.
Onde canta habitualmente? Já tem convites para apresentar este disco noutros espaços?
Felizmente tenho alguns espetáculos agendados! Vou cantando em algumas casas de fado e outros eventos para os quais sou solicitada. Estou neste momento a alinhar a agenda para 2015 com a minha agente Ana Soares, mas ainda não posso confirmar datas e locais, mas em breve tudo vai ser publicado e divulgado no meu site e na minha página do facebook.
Entretanto podem ir acompanhando a minha agenda na área de eventos do meu site em www.lilianamartins.net. Claro que estou receptiva a convites para mostrar o espetáculo de apresentação do meu disco, nos auditórios e salas no nosso país e no estrangeiro.
Onde poderá ser encontrado este trabalho? Quem desejar adquirir "Corpo Fado" onde se poderá dirigir?
A edição digital está disponível em várias plataformas de música na internet, como iTunes, Amazon, Google Play, Rhapsody, também em aplicações de streaming como Meo Music, Spotify ou Deezer e a edição física vai ficar disponível em breve nas lojas do El Corte Inglês e algumas lojas da FNAC. Neste momento já se encontra à venda na Carrinha do Fado que se encontra na Rua do Carmo (Chiado, Lisboa).
Considera que o fado vive um momento de prosperidade?
Sim, o Fado está claramente num momento alto e de grande prosperidade. O 3º aniversário do Fado como Património Imaterial da Humanidade deu destaque ao Fado e aos seus intervenientes nos Media e inspirou novos projetos de música inspirados no Fado. Outros fatores têm sido determinantes para a palavra "Fado" ser tão falada e escrita ultimamente. Pessoalmente, estou a viver um momento muito bonito na minha carreira que espero que se prolongue por muito tempo, caminhando sempre muito bem acompanhada com o Fado.
Quais as suas principais referências musicais?
Tenho várias, mas a minha principal referência é sem dúvida Amália Rodrigues. Tenho também Hermínia Silva, Beatriz da Conceição ou Maria Amélia Proença como referências numa perspetiva mais tradicional e com um grande historial. No panorama atual aprecio bastante a Linda Leonardo, Ricardo Ribeiro, Camané e outros novos nomes que têm surgido no Fado e que têm trazido alguma novidade e inovação que penso ser importante para a longevidade do Fado.
Muito obrigado por nos ter dedicado um pouco do seu tempo. Quais os seus desejos para 2015?
Desejo um 2015 cheio de Fado, com muita prosperidade para o nosso País e, em especial, para os artistas para que possam mostrar e apresentar o seu trabalho e os seus projetos. Pessoalmente, desejo que o meu disco seja um sucesso e espero poder apresentá-lo ao grande público e que daí surja muito trabalho.
Muito Obrigada pela entrevista e um feliz 2015 para todos!
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