Cherry fala do seu “London Express”, do que foi a sua vida até aqui e dos seus sonhos para o futuro.
"London Express" é o disco que Cherry nos apresenta. Foram várias e diversas as influências que fizeram Cherry descobrir a beleza da voz enquanto instrumento. Não se esquece de colocar entre estas, nomes como Frank Sinatra, Boyz II Men, Lauryn Hill e D'Angelo. Desde a soul, o gospel, o blues, R&B, até ao rock sendo este último uma paixão que surgiu mais tarde, tudo se funde em Cherry como algo de mágico, rico e acima de tudo com muita força em interpretações que não deixam indiferentes aqueles que a ouvem. Cherry veio para ficar e para crescer. Comprovam estes factos como uma aposta ganha, o empenho de duas etiquetas como a Blim Records e a Universal Music.
Cherry, muito obrigado por nos proporcionar esta conversa que posteriormente será transcrita para os nossos leitores. Para começar, gostaríamos de saber um pouco do que tem sido a sua vida até chegarmos a este disco que sai agora no dia 13 de outubro...
Eu sempre fui apaixonada por música e por representação desde muito pequenina. Sempre tive a iniciativa de participar nas festas da escola e dos escoteiros, entre outras. Entretanto, eu tinha um irmão que era quase dez anos mais velho do que eu e que ouvia muita música lá em casa nos seus vinis nos CD's, acabando por eu também ouvir essa música com ele. Eram estilos completamente diferentes, às vezes cantados em inglês e eu, ainda sem saber muitas vezes o que a letra dizia, já acompanhava as músicas. Entretanto comecei a perceber que conseguia brincar com a voz, que conseguia explorá-la e assim foi ao longo dos anos em que foi crescendo esse gosto de brincar com a voz. Eu fazia também parte de um grupo de escuteiros onde tínhamos muitas oportunidades de cantar. Quando entrei para a Universidade, entrei também para o Coro da Universidade Técnica de Lisboa onde aprendi muito, acrescentando um pouco de técnica àquilo que eu sabia fazer. Depois comecei a perceber que queria levar mesmo a música a sério, ou seja, que queria fazer da música a minha profissão. Comecei então a fazer duetos. Comecei com o Nuno Barreto, depois como o Ruben Portinha, entretanto juntei-me aos dois formando um trio acústico e começámos a trabalhar em bares e em casinos. Muitos projetos surgiram depois com outros músicos e tudo isto culminou com o convite do produtor Rui Ribeiro que entretanto me viu numa das noites em que eu cantava no Casino Estoril surgindo então o convite para um projeto que ele tinha idealizado. Ele considerou que eu era a voz ideal para dar voz a esse seu projeto e nasceu então o Álbum "London Express".
Do que nos fomos apercebendo na resposta anterior, a sua formação não foi na área da música...
Não. Não tenho formação na área da música. Eu fui profissional da música porque trabalhava, porque era paga para cantar mas a minha área de formação é a das Ciências da Comunicação.
Embora nascida e "criada" em Lisboa, segue mais tarde para Londres. O que a fez ir para Inglaterra?
Sempre gostei muito de Londres. Aliás, já tinha visitado a cidade várias vezes sentindo-me fascinada por aquela cidade tão grande e que também é ao mesmo tempo um grande centro de artes, nomeadamente das artes performativas, das artes do espetáculo e sempre me convenci de que teria que experienciar esse ambiente vivendo ali. Depois, também a nível pessoal, sempre quis experimentar viver noutra cidade, noutro país, noutra cultura... A nível profissional sempre vi a vantagem de conhecer outros músicos, trocar experiências, cantar também, acabando por divulgar a minha voz também. Foram todos estes fatores conjugados que me levaram a Londres.
O que nos traz com "London Express"? Este é um álbum que espelha totalmente a sua personalidade enquanto artista?
Podemos dizer que a nível vocal sim. Eu tenho muitas influências e como disse há pouco, desde pequenina que gosto de brincar com a voz e acabei por abordar muitos estilos de música diferentes. Posso portanto dizer que este álbum me permitiu esse lado de trabalhar a minha voz e que espelha totalmente o meu lado enquanto cantora. Ao nível das letras, tenho que dizer que este álbum não foi composto por mim, foi feito pelo Rui Ribeiro, no entanto revejo-me nas letras porque sou mulher. Este álbum versa histórias verídicas de mulheres que relataram as suas vidas à pessoa que escreveu as letras, logo fala de situações que já aconteceram a algumas de nós, ou pelo menos a uma amiga nossa, alguém muito próximo, uma familiar nossa... Eu, como mulher, revejo-me nessas histórias e sinto-as ao cantá-las. Portanto acabo por sentir as letras também embora não tenha sido eu a escrevê-las.
Quem foram os músicos que a acompanharam em estúdio? São também eles que a vão acompanhar ao vivo?
Felizmente, a maioria deles sim. Ainda estamos numa fase de preparar os primeiros espetáculos até que surjam as primeiras datas para que depois possamos analisar as disponibilidades dos músicos. É assim que isto funciona nesta indústria até porque as pessoas têm mais trabalhos. Portanto, embora ainda não saibamos, cremos que grande parte da equipa será aquela que nos ajudou nesta caminhada da gravação do "London Express". Por exemplo, dos músicos que aparecem no videoclip, somente o baterista André Silva e o guitarrista Ricardo Ferreira participaram no disco. Quem gravou o baixo no disco foi o João Matos que não aparece no videoclip e também não será ele a acompanhar-me em tournée. Quem gravou o piano no disco foi o Rui Ribeiro e também não será ele a acompanhar-me em digressão. No violoncelo, quem gravou connosco foi a Sofia Gomes mas também ainda não sabemos se ao vivo será ela a acompanhar-nos. Portanto, relativamente à nossa ficha técnica ao vivo ainda não posso adiantar grandes pormenores.
O primeiro contacto que tivemos com o nome Cherry e com a sua música foi numa entrevista ao Ricardo Ferreira e ao João Matos da Blim Records. O Disco é então editado pela Universal Music, pela Blim Records... Qual é o papel de cada uma destas etiquetas nesta produção?
O disco é editado em parceria porque a Blim Records foi a produtora, foi quem deu à luz o projeto. Foi na Blim Records que nós o gravámos. O Rui Ribeiro trabalha com a Blim Records, é diretor musical da Blim Records... A Universal Music colabora na edição e é distribuidora também.
Há pouco falava-nos das suas influências e das músicas que ouvia nos discos do seu irmão. Há algum músico, alguma banda ou algum artista que a tenha marcado de forma mais evidente?
É óbvio que com os anos a passar, nós vamos sempre acrescentando mais e mais artistas às nossas influências, mas posso referir as influências que tive quando era muito, muito pequenina. As tais influências que me fizeram descobrir a beleza da voz enquanto instrumento. Terei sempre que mencionar Frank Sinatra, Boyz II Men, Lauryn Hill, D'Angelo... É complicado estar aqui a mencionar todas as influências mas entre elas estará sempre a soul, o gospel, o blues, R&B, o rock foi uma paixão que surgiu mais tarde e, aliás é uma forma diferente de cantar que apenas acrescentou valências ao que eu já fazia.
Dos 13 temas que compõem o disco, existe algum que lhe dê especial prazer em cantar?Todos os temas têm ambiências diferentes, nos remetem para situações diferentes, têm cargas emocionais diferentes mas tenho que confessar que existe um tema que significa muito para mim, não só a nível musical porque me identifico a 100% com ele... mas isto dito assim até parece que não me identifico com os restantes mas não é nada disso. O que eu quero dizer é que me identifico com este tema porque tenho uma ligação emocional muito grande, até porque foi o último tema a ser gravado, numa fase em que eu já estava um pouco mais cansada, mais exausta e emocionei-me um pouco. Numa altura em que eu pensava em que tal situação ia fazer com que o trabalho todo se atrasasse, o tema que poderíamos pensar que seria um problema, transformou-se numa das soluções mais bonitas que o disco tem. Isto tanto a nível vocal como ao nível do sentimento colocado na música. Para além da mensagem da própria música, há toda uma história no que concerne à sua gravação que torna o tema tão querido.
Teve por um lado a Blim Records, por outro a Universal, as músicas não são suas... nada disto condicionou a sua interpretação no sentido de colocar o seu cunho muito pessoal neste disco. Isto é pelo menos o sentimento da equipa do XpressingMusic relativamente aos temas que já ouviu...
Fico muito feliz de ouvir isso. Felizmente tive a sorte de trabalhar com uma pessoa que me deu a sua opinião baseada na sua longa experiência, no entanto deu-me completa liberdade para eu interpretar os temas conforme entendesse. No final foi muito gratificante ver a felicidade dele, visto ter correspondido às suas expetativas. Isto foi extensivo a toda a equipa quer da Blim Records, quer da Universal. Utilizei a voz como um instrumento e deixei que a minha criatividade imperasse e passasse para o álbum. Isso sente-se no disco.
Esta é uma edição somente nacional, certo?
Por enquanto sim.
Mas tem ambições legítimas no sentido de ver a sua música a extravasar as nossa fronteiras...
Sim, gostaria muito, Penso que qualquer músico deverá ter essa ambição de fazer chegar a sua mensagem o mais longe possível porque depois, atrás dessa expansão vêm também experiências a nível pessoal que nos deixam o coração mais cheio.
Este álbum, só por si, já é um sonho que vê concretizado. Há outros ainda por realizar?
No seguimento do que vínhamos dizendo, um dos meus sonhos é levar o nome da Portugal lá para fora com a minha música. Esse é sem dúvida um sonho que trago comigo. Ver as pessoas lá fora a falar de Portugal e dos seus artistas. Seja cantada em português ou não, o facto de as pessoas lá fora despertarem para aquilo que se faz em Portugal era muito importante. Mas, a curto/médio prazo, sonho ter muitos espetáculos e quero que estes corram o melhor possível. Quero ter as pessoas muito próximas de mim e que me acarinhem. A longo prazo, sonho escrever mais álbuns e, cada vez mais, de forma mais criativa abordando outros géneros musicais. Gostava muito de, aqui e ali, introduzir mais algumas influências minhas. A nível pessoal existe ainda o sonho do cinema e da representação. Eu preciso estar rodeada de pessoas criativas. É essa a força que me move. A rotina bloqueia-me. A rotina ou a dita estabilidade que tantos ambicionam, bloqueiam-me. A minha estabilidade é a "não rotina".
Muito obrigado por este espaço que nos proporcionou. O XpressingMusic – Portal do Conhecimento Musical deseja-lhe as maiores felicidades e coloca-se à disposição para eventuais ações no sentido de levar este trabalho mais longe.
Muito obrigada. Muito sucesso.
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