Clark e o novo álbum “Bipolar” passados em revista…
Clark é uma banda portuguesa que tem vindo a conquistar a pulso o público e a crítica. Falam-nos do álbum "Bipolar" que, segundo estes, é um disco agridoce. "As canções de «Bipolar» falam-nos de relações entre pessoas, sentimentos, emoções, e estados de espírito por vezes antagónicos (daí o nome «Bipolar»), numa perspetiva que tem como objetivo permitir que quem as escute se possa sentir em algum momento parte integrante ou protagonista das histórias relatadas". Quando questionados relativamente à passagem dos seus temas em telenovelas dizem-nos: "Os tempos de pudores, relativamente à colagem de artistas a novelas, já lá vão". Os Clark dizem-nos ainda que "Passar nas rádios generalistas com cobertura nacional é um privilégio que não é para todos...".
Os Clark vieram para deixar uma marca bem definida no pop-rock português? Como surgiu este projeto?
Digamos que é pelo menos um objetivo dos Clark, a conquista de uma identidade que nos permita um reconhecimento dentro da música pop rock nacional. Não se trata aqui de presunção mas simplesmente de crença naquilo que fazemos.
Os nossos primeiros acordes juntos aconteceram por volta de 1994, numa cave escura de um prédio na Urbanização da Portela, uma urbanização típica de classe média, local de fronteiras entre a urbana Lisboa e o subúrbio de Loures, onde 4 jovens, estudantes, com tempo livre, interesses e gostos musicais mais ou menos semelhantes se juntou com o objetivo de fazer música e a apresentar ao vivo. Sob o nome de Taxi Driver a banda realizou uma primeira maquete em 1995 no antigo Estúdio da Valentim de Carvalho com a produção de Paulo Abelho.
Em 1996 acabamos por assinar um contrato com a EMI depois de termos sido disputados por diversas editoras. Desse contrato resultou a gravação e edição do nosso 1º trabalho, já em 1998 sob o nome de Inocentes, com algum sucesso mas que não foi potenciado nem aproveitado com culpas para ambas as partes cremos nós. Daí que em 2000 tenhamos acordado uma rescisão e quase de seguida assinado pela Som Livre de que resultou a edição de um novo disco "Sombra da Lua" já com o nome de Clark. Este é o percurso até chegarmos aos Clark mas basicamente a formação da banda manteve-se ao longo destes anos.
Como caracterizam o vosso trabalho "Bipolar"? É um álbum que vos "descreve" de forma fidedigna ou houve cedências em prol de legítimas ambições ligadas à conquista de públicos mais abrangentes?
Bipolar é um disco agridoce. As canções de "Bipolar" falam-nos de relações entre pessoas, sentimentos, emoções, e estados de espírito por vezes antagónicos (daí o nome "Bipolar"), numa perspetiva que tem como objetivo permitir que quem as escute se possa sentir em algum momento parte integrante ou protagonista das histórias relatadas. Daí surgirem temas como "Pequenos Nadas" que relata o peso e a influência que detalhes quase insignificantes podem ter no curso da vida de cada um, ou a "Nudez" que se refere ao facto da imagem exterior nem sempre corresponder ao conteúdo. Essencialmente, temos como ideal que as nossas canções mexam com as pessoas e lhes despertem o lado emocional.
Num plano mais técnico este disco contém histórias pessoais e estórias, sentimentos e factos opostos: amor/ódio, rural/urbano, rápido/lento, apatia/excitação, verdade/mentira, guitarras com delays analógicos, teclados vintage (mellotron, fender rhodes e hohner strings), melodias vocais dream pop, Doves, Morphine ou Arcade Fire entre outros como referenciais. "Bipolar" é um bom rosto e alma dos Clark. Foi um disco gravado de forma totalmente independente sem quaisquer cedências ou pressões exteriores para que o fio condutor fosse diferente daquele que a própria banda traçou e que contou com o contributo, as ideias e experiência do produtor Nuno Roque para limar, dar forma e homogeneizar as canções num álbum. A preocupação em conquistar e chegar a mais pessoas está presente constantemente nos Clark mas nunca abdicando de fazermos o que gostamos. Aliás, o facto de ser inicialmente uma edição de autor libertou-nos totalmente de pressões criativas, de prazos, ou de dar satisfações a quem quer que fosse que não a própria banda.
O tema "Brilho Assassino" está a ser sincronizado na telenovela "Mulheres" emitida pela TVI. Consideram importante para a banda ver os seus temas popularizados através de uma telenovela? Não receiam a colagem a estereótipos inerentes à história e ao contexto em que a vossa música aparece associada?
Para os Clark é importante a divulgação em programas de grande audiência. Nós queremos chegar a mais pessoas e que mais pessoas nos escutem. Os tempos de pudores, relativamente à colagem de artistas a novelas, já lá vão. Passar nas rádios generalistas com cobertura nacional é um privilégio que não é para todos e os programas de música na TV não abundam propriamente, então porque não nas novelas?
Por que razão cantam em português e em inglês? Tentam abranger vários e diferentes públicos?
Não há nenhuma estratégia especial nessa opção. Alguns temas nasceram em inglês e assim permaneceram porque as tentativas que fizemos para os passar a português não resultaram na nossa opinião. Contudo, não negamos que a nossa tendência é a da escrita em português. Sentimos outro conforto e acreditamos que pode ajudar à tal identidade que atrás referimos e que nos permite distinguir de outros projetos.
Gravar no estúdio Coutada do Som foi uma opção vossa?
Sim foi. O estúdio pertence ao João Alexandre, vocalista dos Clark e o equipamento ao irmão e produtor Nuno Roque. Portanto tudo se conjugou para a realização de "Bipolar" na Coutada do Som. Permitiu-nos tranquilidade, até por ficar situado num meio rural na Lezíria, evitar a pressão dos prazos apertados, fazer pré-produção e usufruir da competência e conhecimentos do produtor de forma mais descontraída e proveitosa.
O experiente Nuno Roque, produtor e técnico que em Portugal já trabalhou com nomes como Diabo Na Cruz, Tiago Bettencourt, Sérgio Godinho, Mercado Negro, e em Londres com Neil Hannon, Keane ou Death in Vegas e Paulo Cavaco vieram trazer uma nova cor e uma nova dimensão às músicas que levaram para o estúdio?
Absolutamente. Tentamos aproveitar ao máximo o facto de ter como produtor Nuno Roque, que tem uma visão global da música, pois também ele foi músico conhecendo o palco e tendo igualmente já efetuado trabalho de estúdio com artistas nacionais e internacionais. O Nuno é um produtor experiente como já referimos, conhecedor, competente na gravação e nas ideias. Ajudou a dar forma a alguns temas e a impulsionar um "boost" noutros, extraíndo eventualmente o essencial e limpando o acessório das canções. Precisávamos dessa visão e ouvidos neste trabalho, e é importante poder ter o contributo de uma pessoa assim.
Relativamente ao Paulo Cavaco é um músico também ele muito experiente, multi-instrumentista, rápido, prático e com o sentido estético desejado para "Bipolar". Consideramos que o trabalho foi muito enriquecido com a sua prestação bem presente em todo o trabalho, catapultando-o para uma dimensão diferente em termos de arranjos.
"Bipolar" foi apresentado no Cinema São Jorge. Como foi a reação do público? Sentiram que a receção ao "Bipolar" confirmou as vossas melhores expectativas relativamente ao trabalho que tinham concretizado até então?
De facto escolhemos o cinema São Jorge para apresentar "Bipolar". É um espaço acolhedor e com boas condições técnicas para este tipo de evento e a reação do público que deixou a sala muito bem composta foi excelente, inspiradora e gratificante. Confirmamos nesse dia que "Bipolar" tinha "pernas para andar", definitivamente.
Como tem sido recebido o trabalho pelos nossos colegas da comunicação social?
A comunicação social tem deixado críticas bem positivas a "Bipolar" e isso é sem dúvida motivador e decisivo para o efeito "boca a boca" impulsionar e despertar a curiosidade pelos Clark.
Podem partilhar com os nossos leitores as próximas datas para que estes possam ir ao vosso encontro ao vivo?
Os Clark são uma banda que se realiza com concertos ao vivo. São a nossa "praia", onde nos sentimos bem e onde encenamos os nossos argumentos que são as nossas canções, a nossa interpretação e a interação com o público. Estamos ainda numa fase promocional, uma vez que o disco foi fisicamente editado já em 2014 e que foi bem preenchida com apresentações ao vivo nos meses de Maio e Junho. A nossa editora Farol Música tem feito um trabalho importante e revelado grande empenho no sentido de apresentar o álbum aos diferentes meios tendo alcançado alguns resultados de realce. No entanto há muitas barreiras, preconceitos e resistências para abrir portas a artistas com um passado não muito visível e isso também se reflete na contratação para concertos. Estamos em busca de um agenciamento que poderá de certa forma a contornar estas dificuldades. Portanto não temos de momento datas confirmadas, apenas hipóteses que serão reveladas ao XM, logo que estejam certas.
Esperam que 2015 seja o ano da confirmação dos Clark como projeto nacional sólido e com perspetivas de uma carreira consistente e duradoura?
Acreditamos na música que fazemos e que, se esta chegar a mais pessoas, muitas irão gostar e dar-lhe o reconhecimento por nós desejado. Nesse momento, quem sabe no próximo ano, solicitarão a nossa presença em Festivais e noutros eventos. Os Clark têm crescido a pulso. Sentimos que ultrapassamos a esfera dos amigos e conhecidos e estamos diariamente a conquistar mais público. Isso é irreversível tal como irreversível é continuarmos a fazer música porque acima de tudo a amamos!
Muito obrigado por este tempo que nos dispensaram a nós e aos nossos leitores. Para terminar, gostaríamos de vos perguntar se já existe material para um novo álbum...
Nós é que agradecemos à XpressingMusic a oportunidade de revelar aos leitores os Clark e o seu trabalho "Bipolar". Já há muitos esboços de novas canções mas são isso mesmo, apenas esboços... Agora é hora de mostrar ao mundo estas 10 canções que compõem o nosso disco.
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