O pianista Luís Costa responde às questões do XpressingMusic
Luís Costa aceitou responder às perguntas do XpressingMusic. Nesta entrevista quisemos passar em revista alguns momentos da sua formação enquanto pianista sem esquecer a carreira enquanto performer. Luís Costa revelou-nos ainda que irá fazer em breve concertos na China, Tailândia e Espanha. Luís costa voltará a tocar também em Portugal, estreando-se em Lisboa, no CCB. Em breve editará também dois CD's, um a solo e um em duo com o seu irmão Fernando Costa, Violoncelista.
XpressingMusic (XM) – Luís Costa, Zhuang Xiao Hua e Álvaro Teixeira Lopes foram, ou são, as suas grandes referências no que ao ensino do Piano diz respeito?
Luís Costa (LC) – Sim, são duas referências importantes no meu percurso. A primeira, Zhuang Xiao Hua, numa fase mais inicial, porque me fez criar uma ligação forte com o piano. Álvaro Teixeira Lopes, que é ainda hoje o meu professor, para quem sempre faço questão de tocar e receber conselhos, foi sem dúvida quem me fez acreditar que queria e poderia fazer o que faço hoje. Soube ajudar-me a canalizar as minha facilidades para uma atitude crítica, empreendedora e persistente para uma área em que o talento é só um pormenor, ainda que importante claro.
XM – Mais recentemente trabalhou com Friedemann Rieger. Quais as principais diferenças que notou relativamente aos mestres anteriores? O que o marcou mais no trabalho com este?
LC – Friedemann Rieger é um músico bastante refinado e com um conhecimento muito profundo dos diferentes estilos, aliado a uma grande imaginação. Passou-me esse fascínio pelo estilo, e pelo que podemos retirar de cada um deles. Ajudou-me a enquadrar todas as minhas ideias e criatividade de uma forma estilisticamente correta.
XM – Já acumula alguns prestigiados prémios. Pode falar-nos de alguns deles? Quais aqueles que maior significado tiveram para o Luís Costa?
LC – Nunca fiz muitos concursos, cinco no máximo. No entanto recordo sempre o primeiro, quando tinha 13 anos, o único em que não passei uma eliminatória, apesar de ter ganho um prémio de melhor interpretação. Saí com uma vontade imensa de melhorar e corrigir, e é isso mesmo que importa. Mais do que o prémio, do que o sucesso imediato, é o percurso até ao concurso que nos deve mover. Faz-nos crescer imenso, exige uma preparação intensa e concentrada, é um período bastante rico. A minha primeira experiência mostrou-me isso. Devemos querer o nosso sucesso dia a dia e não o sucesso aos olhos dos outros.
XM – A música de câmara é uma paixão? Com que nomes tem trabalhado neste âmbito?
LC – Sim, a música de câmara é um mundo que me fascina. Adoro a força e o espírito que se cria quando tocamos juntos com alguém. Tive a sorte de me ter cruzado com músicos, incluindo amigos e família, com quem me identifico e é um imenso prazer tocar. Toco regularmente em duo com o meu irmão gémeo violoncelista, Fernando Costa, e mais recentemente tenho trabalhado com o tenor José de Eça. No próximo ano voltarei a tocar com o violinista Eliseu Silva. Gosto de tocar com pessoas que conheço, que admiro, e nas quais me revejo um pouco. Preciso de sentir que duas, três ou quatro pessoas estão a tocar "juntas", e não que apenas se juntaram para tocar.
XM – A música e o piano têm-lhe dado a oportunidade de viajar e tocar em grandes salas por todo o mundo. Pode falar-nos de algumas dessas salas e das histórias que carrega cada um destes concertos?
LC – Sim, é verdade que a música me tem dado a oportunidade de viajar. De cada concerto trago sempre os lugares e as pessoas. Recordo de forma especial as experiências que tive em masterclasses e concertos no Zimbabwe e Namíbia, onde senti uma vontade e curiosidade tão especiais de ouvir, de aprender. Em Windhoek tive um dos concertos mais especiais. Esperava-se pouca gente para o concerto, quer pelas tradições da cidade ou por outras razões, e dei por mim a tocar para uma sala com quase dois terços a mais que a lotação. Pessoas sentadas por todo o palco, em todos os sítios possíveis. Senti uma energia incrível.
XM – Em televisão e rádio também tem tido algumas experiências?
LC – Sim, entre entrevistas e gravações, destaco a RTP, Antena 2, Rádio CHIN do Canadá e NBC Television da Namíbia.
XM – E para o futuro próximo? O que tem em mente fazer nos próximos tempos? A gravação de um CD em nome próprio está nos seus planos?
LC – Nos próximos tempos apresentar-me-ei em concertos na China, Tailândia e Espanha. Voltarei a tocar também em Portugal, pela primeira vez em Lisboa, no CCB. Em breve editarei também dois CD's, um a solo e um em duo com o meu irmão Fernando Costa. Tenho em mente fazer um grande concurso internacional.
XM – Considera-se um músico com sorte?
LC – Sim, imensa. Esta é uma área em que não chega ser bom. Somos muitos para tão pouco. Tive a sorte de ter encontrado as pessoas certas nos momentos certos e tudo foi acontecendo de forma natural. No entanto a sorte está mais perto se aproveitarmos todas as oportunidades, se forçarmos sempre os nossos limites.
XM – O que mais gosta de fazer nos tempos livres?
LC – Como bom instinto de sobrevivência que tenho, adoro cozinhar e comer (risos). Adoro pessoas, estar com as que me são próximas, fazer coisas sem planos, espontâneas, ou mesmo só conversar. Adoro viajar, restaurantes, mar, livros e filmes. Tudo isto, sempre com música.
XM – Verificamos que é agenciado pela KNS Artists. Considera uma vantagem ser agenciado por uma entidade de fora? Como vê o agenciamento de artistas que já se vai fazendo em Portugal?
LC – É sem dúvida uma vantagem ser agenciado pois abre-nos imensas portas. No entanto há o outro lado deste processo de agenciamento que acho fundamental. Durante o processo inicial de agenciamento é necessária uma reflexão detalhada sobre aquilo que somos, sobre as nossas escolhas, e dei por mim a pensar em aspetos sobre os quais não estava totalmente esclarecido. Contribuiu para ser um músico mais convicto das minhas ideias e mais fundamentado. Quanto ao agenciamento que se faz em Portugal, sinceramente, não estou a par o suficiente para poder falar sobre o assunto. Conheço algumas agências mas não sei de que forma trabalham.
XM – Muito obrigado por ter respondido às nossas questões. Continuação de muito e bom trabalho!
LC – Obrigado e felicitações pelo vosso trabalho.
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