Folk e Rock numa feliz comunhão que não deixa indiferente quem ouve e sente os TANIRA…
Embora os primeiros passos deste projeto tenham tido início em 2006, foi na Primavera de 2013 que lançaram o primeiro álbum de originais "Arcos Voltaicos". Com a promessa de "iluminar" o novo folk nacional, os Tanira falam-nos do seu mais recente trabalho, dos pontos mais marcantes da sua carreira e das características impares que definem este projeto que já teve o privilégio de atuar em palcos nacionais e estrangeiros com destaque para os festivais Granitos Folk (Porto), Andanças, Entrudanças (Castro Verde), Arredas Folk (Barcelos), Eco Fest (Odeceixe), Festival Máscara Ibérica (Lisboa e Zamora), Festival "Sur la route des Parquets" (La Rochelle, França) e Musicbox (Lisboa).
XpessingMusic (XM) – Sabemos que os Tanira nasceram em 2006. Qual o percurso dos seus músicos até esta data? Tocavam noutros projetos ou passavam ainda por uma fase de aprendizagem musical?
Tanira (TNR) – Embora tenhamos iniciado o nosso trabalho em 2006, só em 2008, depois de bem limado o projeto e tendo em conta a entrada e saída de alguns músicos, é que podemos falar de um verdadeiro início. Sempre tivemos músicos que tocavam também noutros projetos... Quanto à fase de aprendizagem musical, podemos dizer que esta nos acompanha sempre ao longo da nossa vida e da nossa carreira. Com isso crescemos nós e cresce o projeto... Aliás os Tanira começaram por assumir um estilo folk, com o formato tradicionalmente designado de grupo de baile. Com o avançar do tempo, vimos que queríamos mais e foram entrando novos elementos. Passámos a partir de uma base de rock acrescentando posteriormente as influências do folk. Em 2008 tínhamos então um formato mais definitivo ao qual ainda hoje somos fiéis...
XM – Um dos pontos fortes dos Tanira é a sua sonoridade quente, encorpada, ornamentada por ritmos balanceados que não deixam indiferentes aqueles que vos ouvem... Quais os instrumentos que dão corpo a estas sonoridades? Quem são os músicos que os interpretam?
TNR – Tal como expliquei há bocado, nós temos uma base rock com bateria, baixo, guitarra e bouzouki. A esta base acrescentamos depois os instrumentos que dão uma roupagem mais folk tais como a gaita-de-foles, o violino, flautas e, claro, as vozes. Na bateria estou eu (Ricardo Silva), Tiago da Fonseca no baixo, Rui Cunha na guitarra, no bouzouki e no guitazouki que foi um instrumento que ele adotou. Depois temos ainda o Miguel Quitério nas gaitas e nas flautas, o André Pinto, ou melhor, Piteiras como é conhecido, nas percussões e a Cristina Correia na voz. Somos portanto seis pessoas em palco. No entanto, dependendo do sítio onde nos apresentamos a tocar, a formação possa sofrer alterações. Por vezes levamos bateria e percussão, outras vezes só vai um dos dois como ainda há pouco tempo aconteceu no programa Portugal no Coração...
XM – O "Boom" que a World Music está a viver desde os inícios de 2000 foi uma das alavancas para o nascimento do vosso projeto, ou o mesmo surgiria independentemente desta conjuntura internacional favorável?
TNR – O folk sempre esteve presente no nosso país, embora com mais força a partir dos anos 80/90. Este projeto iria nascer de qualquer forma. Achamos que foi uma feliz coincidência o facto de o folk estar a crescer mas mesmo que o folk venha a "cair" (madeira, madeira), espero que não, nós não deixaremos de apostar neste formato pois é com ele que nos identificamos.
XM – O mercado de espetáculos em Portugal é suficientemente abrangente para garantir a sustentabilidade de um projeto como o vosso?
TNR – É um bocado cíclico... ou sazonal... O que é que eu quero dizer com isto? Não há um mercado para todo o ano. Talvez devido aos que se dedicam a promover este tipo de eventos, as épocas mais fortes para se tocar são a primavera e o verão. No outono também vai havendo trabalho... Longe vão os tempos em que a world music só entrava em espetáculos muito específicos e direcionados para um determinado nicho... Atualmente tocamos em qualquer tipo de evento. As nossas características permitem-nos participar em espetáculos dos "dois mundos", ou seja, world music e rock.
XM – Embora tenham nascido em 2006, só em 2013 surge o vosso primeiro disco... Porquê tanto tempo? Consideram que todo este tempo de maturação era necessário para garantir a sonoridade que hoje nos apresentam?
TNR – Foi um "parto difícil" por várias razões. Uma delas prendeu-se com a própria maturação da sonoridade pretendida. Depois tivemos também que conjugar as vidas de cada um de nós pois para além de haver músicos que tocam noutros projetos, há ainda a parte laboral de cada um pois não vivemos exclusivamente da música, à exceção de um dos nossos colegas. De qualquer forma, demorou um bocadinho mas saiu como nós queríamos.
XM – Falem-nos um pouco do "Arcos Voltaicos"...
TNR – Para falar do "Arcos Voltaicos" tenho que vir um pouco atrás e falar sobre o nome da banda. Chamamo-nos Tanira em homenagem a uma antiga Deusa Lusitana que era Deusa da beleza e das artes. Assim, o que quisemos fazer, foi construir um conjunto de histórias que projetassem a vivência da personagem principal que é a Tanira. Isto tudo foi muito bem suportado pela nossa letrista e vocalista, Cristina Correia.
XM – Já são muitos os espetáculos que trazem na bagagem das recordações... Quais os mais marcantes da vida dos Tanira?
TNR – Não posso falar aqui por todos mas, para mim (Ricardo), um dos espetáculos mais marcantes foi no Festival Intercéltico em Orejo no verão de 2013. Este espetáculo marcou-me bastante porque correu muito bem, fomos muito bem recebidos e, sendo um Festival Intercéltico, fez que estivéssemos como peixe na água... A nossa base rock não prejudicou em nada, aliás, até ajudou...
XM – Já pensam no próximo disco? Vai ser na mesma linha do "Arcos Voltaicos"?
TNR – Já está na calha... Embora já estejamos a construir alguns dos temas, estes ainda não se encontram em fase de serem apresentados na estrada. Se vem na mesma linha do Arcos Voltaicos... podemos dizer que vem e não... ´Só que a parte do "não" só poderemos adiantar mais tarde... (risos)...
XM – Já tiveram oportunidade de levar este projeto para além das fronteiras nacionais?
TNR – Tanira já esteve em Espanha e França. Felizmente a reação do público foi sempre positiva. Queremos fazer mais... Este tipo de música, lá fora, acaba por ter uma recetividade muito boa.
XM – Como se encontra a agenda para 2014? Onde os nossos leitores vos poderão ouvir em breve? Preferem concertos grandes ao ar livre, ou o vosso espetáculo se adapta bem a ambientes mais intimistas como pequenas salas de espetáculos?
TNR – Em breve estaremos em Bilbau. Dia 27 de julho estaremos cá em Portugal, mais precisamente em Esposende. Antes, a 11 e 12 de julho, estaremos nos Açores. O tipo de música que tocamos adapta-se a vários tipos de eventos, tanto cá em Portugal, como no estrangeiro, daí não estar a ser muito complicado arranjar concertos. Como músicos preferimos os ambientes mais abertos mas o nosso espetáculo adapta-se perfeitamente a espaços mais pequenos e a ambientes mais intimistas. Penso que todo o tipo de eventos, desde festivais, celebração a espetáculos organizados por câmaras municipais, fazem sentido para um projeto como o nosso.
XM – Muito obrigado por nos terem dedicado um pouco do vosso precioso tempo. Para terminar, gostaríamos que partilhassem com os nossos leitores a vossa opinião relativamente ao momento que a World Music vive. Pensam que este género musical continuará em franco crescimento?
TNR – Penso que o crescimento será contínuo mas devemos aqui falar na diferença entre formato e conteúdo. O conteúdo folk pode-se adaptar a diversos formatos. Nós estamos agora a ter um boom de música folk mas temos também o folk misturado com o eletrónico. Falo, por exemplo, de grandes bandas lá de fora que estão a influenciar muito... Assim, o folk irá sempre existir embora se vá adaptando à evolução da tecnologia que tem sempre uma palavra a dizer. Nós próprios estamos neste formato rock/folk mas nada nos diz que de hoje para amanhã não possamos acrescentar uma componente mas eletrónica. Adaptar-nos-emos não só às tecnologias como também aos mercados... Manter-nos-emos fiéis ao conteúdo embora os formatos possam variar.
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