Adducantur… Entre a música erudita contemporânea ocidental e a música tradicional de culturas de origem mediterrânica.
Nuno Silva levou-nos numa viagem pelo universo musical produzido pelos Adducantur. Este projeto utiliza instrumentos tradicionais oriundos de culturas diversas, o que ocasiona uma multiplicidade tímbrica muito apreciável. O último E.P. intitula-se "Semente". Nesta entrevista tentamos conhecer mais profundamente este projeto que já se apresentou na Casa Museu Guerra Junqueiro em 2009 e na sala Suggia da Casa da Música em 2010. Em 2012 atuaram no Hard Club do Porto, no Festival do Caldo de Quintandona em Lagares e no Festival de Músicas do Mundo Etnias/Ollin Kan no Contagiarte, no Porto.
Muito obrigado por nos dedicarem um pouco do vosso tempo. Podemos dizer que a World Music vive um momento de prosperidade? Consideram que vivemos uma fase da história da música propícia ao aparecimento de projetos musicais deste âmbito?
Obrigado nós, é um prazer! Sem dúvida, penso que o fenómeno da globalização, quer a nível cultural como a nível comercial, tem sido determinante na expansão do mercado musical. Atualmente temos a oportunidade de conhecer, ouvir e experimentar diferentes culturas e tradições musicais com alguma facilidade, o que cria uma tendência para a diversificação, para a fusão de vários estilos e criação de novos. No que toca à World Music, é um facto que se encontra em expansão e surge devido esta explosão de novos estilos influenciados pela música étnica e folk. É nesta corrente que os Adducantur e muitos outros projetos musicais se inserem.
A vossa sonoridade resulta de uma simbiose entre a diversidade tímbrica e a criatividade de cada músico. Podem apresentar os músicos e respetivos instrumentos que nos embalam nesta viagem musical?
Adducantur é composto pela Eloísa D'Ascensão na voz, pelo José Correia na guitarra clássica, guitarra "fretless" e duduk, pelo Nuno Silva no santur persa, saz e oud, pela Luiza Bragança no piano e pelo Sérgio Henrique no tar, riq e restantes percussões.
Quais as principais influências subjacentes à música que produzem?
As nossas principais influências começam nos compositores contemporâneos da guitarra clássica, nas sonoridades exóticas da música clássica persa e turca, no nosso fado, atravessam muitos outros universos musicais e terminam na nossa criatividade enquanto compositores e intérpretes.
Este projeto foi crescendo e moldando-se às sonoridades produzidas pelos músicos que o foram integrando... Podem falar-nos um pouco de toda esta evolução? Como foi o percurso do projeto desde o Início até chegar ao formato "Adducantur"?
O projeto começou de forma descomprometida, com o único objetivo de criar música original. Começamos por investir bastante na poesia recitada como centro da composição musical, ideia que abandonamos devido à crescente importância que passamos a dar ao papel da parte instrumental da nossa música. É um projeto que conta já com cerca de 6 anos de existência e, durante este tempo, o som do projeto foi mudando de acordo com a evolução pessoal de cada um dos músicos. E, como infelizmente acontece em muitos projetos musicais, as mudanças de formação foram um entrave à sua evolução. A formação atual está junta há cerca de 2 anos, um período de tempo necessário para consolidar um estilo e abordagem coerente à composição. No primeiro CD penso que foi dado um primeiro passo que consolidou a sonoridade do projeto e penso que no futuro iremos continuar este trabalho com cada vez mais qualidade.
"Semente" foi lançado em 2013... Como sentem os quatro temas ali gravados, agora que já os tocaram e mostraram ao grande público?
São temas com história, temas antigos que nos acompanharam durante muito tempo, temas que presenciaram de perto a evolução dos músicos e do projeto, que já tiveram várias roupagens. Pessoalmente vejo-os como uma verdadeira semente, o princípio de uma viagem! E claro, foi muito positivo tê-los interpretado ao vivo, pois foram bem recebidos.
Há algum novo trabalho para breve? Irão continuar a apostar na mesma linha de "Semente"?
Estamos neste momento a trabalhar na pré-produção de um novo CD e entraremos em estúdio em Julho para gravações, por isso contamos no final deste ano apresentar mais novidades. O formato será semelhante ao do primeiro CD "Semente". Musicalmente estará na mesma linha, mas penso que numa fasquia de qualidade superior. As composições são mais recentes, mais trabalhadas, e mostram mais concretamente o caminho musical que os Adducantur pretendem seguir.
Onde poderemos ouvir Adducantur em breve?
Na presente data ainda não temos espetáculos marcados, mas penso que em breve já poderemos adiantar alguns. Aconselharia os interessados a manterem-se atentos aos nossos canais de divulgação.
Muito obrigado, mais uma vez, por nos terem concedido esta entrevista. Para terminarmos, gostaríamos que partilhassem com os nossos leitores os vossos anseios, não só relativos ao futuro do vosso projeto, mas também ao futuro da música portuguesa em geral. Estamos no bom caminho? Há ainda muita coisa a mudar?
Para o projeto espero que consigamos alcançar os objetivos a que nos propusemos com a gravação do novo CD e que este tenha uma boa receção pelo público que aprecia as sonoridades originais da World Music, nacional e internacionalmente. Quanto à música que se faz no nosso país, espero que continue a crescer a bom ritmo como tem crescido. Se estamos no bom caminho? É complicado responder pois a qualidade dos "caminhos" varia consoante os gostos de cada um! Pessoalmente, e dentro do campo da World Music, gostaria de ver brisas mais longínquas a inspirarem os nossos compositores, penso que podemos crescer muito mais no que toca à originalidade. No entanto, no que toca à nossa cultura e tradição, estamos muito bem representados, tanto em quantidade como em qualidade!
Em nome de todos os elementos obrigado pelo interesse e por esta pequena conversa, e votos de sucesso para a excelente iniciativa que é o XpressingMusic!
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