A soprano Ana Barros recebeu o XpressingMusic para uma conversa sobre a sua carreira e os mais recentes projetos musicais…
Licenciada em Canto pela ESMAE, Ana Barros tem trabalhado sob a direção de vários Maestros interpretando um diversificado e eclético reportório. Ao longo do seu percurso formativo trabalhou com nomes como Jill Feldman, Philip Langridge, Gundula Janovic, Laura Sarti, Hilde Zadek, Patricia McMahon e Elisabete Matos. Para além da ópera, também a música contemporânea ocupa as suas preferências. Ana Barros tem participado em diversos espetáculos e gravações em CD, rádio e televisão. Nesta entrevista ficaremos a conhecer o seu percurso, os seus projetos e as suas posições perante o panorama atual da música e dos músicos em Portugal.
Ana Barros, queremos em primeiro lugar agradecer a sua disponibilidade e amabilidade acedendo participar nesta entrevista. Quando deu conta de que a sua vida iria passar pela música? O gosto pela música vem desde a infância?
Eu é que agradeço... Faço parte de uma família de músicos. A minha mãe fez o Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional e foi cantora durante muitos anos... Gravou muitos discos com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional. Depois, com o 25 de abril e o meu nascimento passado uns anos, ela deixou de cantar. Lá em casa a música era uma constante... Sempre foi. Assim, a voz foi o primeiro instrumento que eu descobri. Eu achava tão natural cantar que quando fui aprender música optei pelo piano pois como cantava tanto em casa pensei que aquilo não devia ser grande coisa... (risos). Fui então aprender piano mas não tinha grandes dotes para este instrumento. Não fazia grande coisa pois como não estudava... O meu primeiro professor foi o Álvaro Teixeira Lopes... Coitado... Sofreu porque eu não estudava nada... Portanto, comecei aos 7 anos na Escola de Música Óscar da Silva porque, por motivos profissionais dos meus pais, estávamos a morar em Matosinhos. Ainda me aguentei até aos 13 anos e depois desisti porque achava que queria ser advogada e que a música me ia tirar tempo para os estudos...
Mais tarde volto para a música a partir de uma "guerra de miúdas". As minhas colegas diziam-me que eu não sabia cantar e eu dizia-lhes que sabia. Comecei então a ter aulas de canto e, como na altura eu queria seguir jazz e só na Escola de Jazz do Porto havia aulas nesta área, comecei a ter aulas lá. A Fátima Serro, que era a minha professora, dizia-me que, como eu já tinha aulas de canto, pouco aprendia ali... aprendia só aspetos mais teóricos do jazz. Desta forma, decidi concorrer à Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) e entrei, ao mesmo tempo que entrei em Direito. Andei um ano a ver se conseguia fazer as duas coisas mas depois cheguei à conclusão de que não gostava mesmo de direito, não me via a ficar sentada num escritório ou a ir para um tribunal.
Rui Taveira e Fernanda Correia foram alicerces importantes na sua formação?
Sim. Eles foram muito importantes para mim porque quando entrei para a ESMAE, não tinha muita formação em canto. Só trazia alguma "bagagem" em formação musical pois eu fui daqueles casos raros que ao desistir do piano não desisti das aulas de formação musical. Eu tinha aulas com o Paulino Garcia que era da área do jazz e como gostava e continuei então nas suas aulas. Assim, quando fiz exame para entrar na Escola Superior, preparei as coisas praticamente sozinha... Tive só umas aulas com a esposa do Maestro Gunther Arglebe, ou seja Annerose Gilek, durante 2 meses e entrei na escola. Portanto quando entrei estava o mais "verde" possível e foi o Rui Taveira que me apanhou ali e me deu as minhas primeiras bases. A meio do curso decidi mudar de professor indo para a professora Fernanda Correia precisamente por não ter grandes bases técnicas... A minha opção deveu-se ao facto de eu pensar que seria mais fácil aprender com uma mulher, visto ter uma voz semelhante à minha, do que com um homem. E realmente foi mais fácil. Houve um conjunto de coisas nas quais tinha dificuldade que consegui ultrapassar com maior facilidade.
O que significou para si trabalhar com nomes como Peter Harrison, Lorna Marshall e Jeff Cohen?
Trabalhei com os três no mesmo período, ou seja, quando estive no Estúdio de Ópera da Casa da Música. Em 2001, data em que o Peter Harrison chegou ao Porto, comecei a ter aulas com ele. A minha entrada para o Estúdio de Ópera deu-se em 2003. Portanto, entre 2003 e 2006 trabalhei diariamente com o Peter pois as aulas no Estúdio de Ópera eram diárias. A Lorna Marshall vinha duas vezes por ano, normalmente pela Páscoa e em julho. Fazíamos pelo menos 15 dias intensivos de treino de corpo, interpretação cénica, movimentação, texto, palavra... Era muito interessante o trabalho que se fazia com a Lorna pois a formação dela tinha sido como bailarina, depois trabalhou no Royal Shakespeare Theatre em Londres como atriz e como preparadora dos atores. Embora ela se baseie no método Alexander, acabou por dar um pouco a volta ao método criando a sua própria metodologia. Com o Jeff Cohen trabalhei exatamente no mesmo período. Ele vinha mensalmente preparar connosco (cantores) o reportório que nós tínhamos que apresentar em recital todos os meses. Por acaso com o Jeff, a ligação mantém-se porque trabalhamos juntos de vez em quando... Aliás, neste momento encontramo-nos a preparar um reportório juntos porque eu estive recentemente a trabalhar em Paris (entre novembro e fevereiro) e isso permitiu que estivéssemos mais tempo juntos e descobríssemos afinidades que não tínhamos descoberto até então. Assim, estamos a preparar um reportório para apresentar em recital.
Ao longo da sua carreira tem trabalhado sob a direção de diversos e prestigiados Maestros. Sente que cada um deles consegue rentabilizar diferentes virtudes das suas interpretações?
Existem maestros com quem trabalhei mais assiduamente possibilitando-me assim retirar mais informação do trabalho que fiz com eles...
Pode partilhar com os nossos leitores alguns desses grandes nomes de maestros com quem já trabalhou e as características que aprecia em cada um deles?
O Maestro com quem mais gostei de trabalhar, até pela sua experiência com cantores, foi Marc Tardue. Ele quando era jovem trabalhou como pianista correpetidor de uma grande professora de canto da Juilliard School em Nova York e aí adquiriu muita experiência. Nós, aqui em Portugal, não temos muito o hábito de trabalhar com pianistas, a não ser o João Paulo Santos em Lisboa, o que se torna difícil para quem se encontra no Porto. Também temos o Jaime Dias que faz um trabalho excelente mas, na minha opinião, o seu trabalho enquadra-se melhor na lied melodie do que na ópera... O Marc Tardue encontrava-se aqui no Porto a trabalhar ópera com cantores, gostando muito desse trabalho. Assim, após eu sair do Estúdio de Ópera da Casa da Música, estive em Madrid durante um ano e no regresso comecei a trabalhar com ele regularmente. Quase todas as semanas trabalhávamos. Montei uma enorme quantidade de óperas com ele que provavelmente nunca irei fazer porque aqui em Portugal não há grandes possibilidades de se fazerem grandes papéis de ópera...
Apresenta-se regularmente nas salas de maior prestígio no país, com orquestras de similar valor. Quais os locais e as orquestras que mais a marcaram até hoje?
Não posso deixar de falar na Casa da Música porque foi a minha própria casa durante muitos anos. Também foi lá que tive a oportunidade de tocar pela segunda vez com a Orquestra Sinfónica do Porto. Isto porque a primeira vez que toquei com esta orquestra, foi em 2001 num concerto de natal, um projeto conjunto do Eugénio Amorim, do Carlos Azevedo, do Fernando Lapa e do Fernando Valente. Eles fizeram arranjos de canções tradicionais portuguesas para coro, orquestra e soprano. Na altura fui dirigida pelo Osvaldo Ferreira. Voltando à Casa da Música, desta vez tudo foi diferente e importante pois fui chamada no dia do ensaio geral (risos).
Mas todos os trabalhos que fiz com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, com a Orquestra do Norte e com outras orquestras foram importantes pois criam-se também muitos laços com os músicos. Eu sou uma pessoa que falo muito e no intervalo dos ensaios converso bastante com os músicos daí se criarem e aprofundarem alguns desses laços...
Tem participado em várias produções de ópera... Tem especial carinho ou recorda com maior intensidade alguma ou algumas dessas produções?
Recordo com especial carinho a minha primeira participação. Foi na Madame Butterfly e eu fiz o papel mais pequenino representando a Kate Pinkerton. Tudo isto aconteceu no Coliseu do Porto com a Orquestra do Porto, ainda Orquestra Nacional do Porto antes de ser Sinfónica. Foi a minha primeira atuação numa grande produção num palco com o prestígio do Coliseu do Porto. Nunca esquecerei esta minha passagem até pelas conhecidas dificuldades da sala a nível acústico. Também não esquecerei porque, mesmo tendo eu o papel mais pequeno, acabei por ter direito a uma grande crítica no jornal (risos).
Participar em gravações para rádio, televisão e CD é um trabalho que faz com prazer?
Mais ou menos (risos)... O que eu gosto mesmo é de cantar para o público obtendo no imediato a sua resposta. Cantar em televisão não tem muita piada, gravar CD's é muito difícil (repete agora, corta e cola daqui e dali...), até porque eu tenho um espírito crítico um bocado complicado. Ouço e depois não gosto... É um pesadelo (risos).
Recentemente, fez uma digressão nos Estados Unidos... Em que é que consistiu essa digressão? O que apresentou ao público americano?
Eu fui com a Christina Margotto no piano e com o Jed Barahal no violoncelo. Apresentámos música portuguesa e música brasileira. O Jed tocou também a solo Gaspar Cassadó que é espanhol mas a base era mesmo música portuguesa e brasileira. Quisemos mostrar a música que se faz em Portugal e apresentámos António Pinho Vargas e Fernando Lapa. Foi uma experiência também muito interessante. Em primeiro lugar porque nunca tinha ido aos Estados Unidos, logo, fiquei a conhecer lugares que desconhecia. Depois achei muita piada ao público americano porque eles acham a nossa música muito exótica. Por exemplo na obra do António Pinho Vargas, (ele compôs a obra Nove Canções de António Ramos Rosa) as pessoas emocionavam-se, ou seja quando terminávamos tínhamos pessoas a chorar na sala. A obra tem uma carga emocional muito forte parecendo quase pequenos excertos de ópera porque cada canção tem uma história e a música é muito descritiva. O facto de eu e a Christina estarmos emocionadas a interpretar a obra e essa emoção contagiar os que nos ouvem é algo de... muito bom.
A Ana Barros tem tido o privilégio de estrear obras de vários compositores... Que compositores pertencem a esta galeria de estreias?
Já são muitas... A primeira obra que estreei foi de Amílcar Vasques Dias. Já foi há alguns anos, andava eu no meu segundo ano da Escola Superior e até foi o professor Rui Taveira que me indicou para trabalhar com o Amílcar. Depois estreei obras do Carlos Azevedo, do Carlos Marecos. Neste momento acabei de estrear quatro obras de Carlos Marecos, Alexandre Delgado, da Sara Carvalho e da Ângela Lopes, obras que estão a ser gravadas em CD neste momento com o Performa Ensemble. Também já estreei obras de Pedro Faria Gomes, do António Chagas Rosa, entre outros...
Apresenta-se várias vezes em duo mas nem sempre o outro instrumento é o piano... quem têm sido os seus companheiros nestas viagens?
Claro que o piano é o instrumento "rei" mas também já cantei com a guitarra do Augusto Pacheco que é um amigo de há muitos anos. Se entrei para a escola superior, isso devo ao Pacheco que me disse "Concorre, vá ..." (risos). Já fizemos alguns concertos juntos e já gravámos... aliás o Augusto gravou agora a obra para música de câmara de Lopes Graça e convidou-me para participar nesse disco no qual gravei os romances e duas canções.
O Fado tem sido outra paixão espelhada na sua carreira. Em que projetos já participou neste âmbito?
O fado é algo que me acompanha desde a infância por influência da minha mãe. Eu comecei no fado um bocadinho por brincadeira... Nos cursos internacionais de música antiga da Academia de Música Antiga de Lisboa, eu trabalhava com a Jill Feldman e nós fazíamos uns jantares no fim dos cursos e cada pessoa era convidada a cantar uma música do seu país. Um dia a Ana Mafalda Castro disse-me assim: "Olha lá, não sabes cantar um fado?" e eu disse-lhe: "Olha, se calhar até sei" e foi assim... cantei descobrindo que se calhar até gostava de cantar fado. Assim, já participei em projetos com o Artur Caldeira que é professor de guitarra clássica na Escola Superior de Música do Porto mas que, também ele tem a influência do fado na vida dele porque o pai dele era dono de um restaurante em Braga onde se cantava o fado, ou seja também ele começou por acompanhar fadistas. Ele sabe tudo sobre fado. Ele convidou-me para um projeto chamado "Som Ibérico" com o qual gravámos um disco fazendo posteriormente o normal circuito das televisões, concertos, etc. Hoje em dia, o fado enquanto Património Imaterial da Humanidade é muito bem aceite por toda a gente e pelos nossos colegas músicos que acham muito engraçado que alguém desta área consiga fazer fado. Mas, quando eu tinha 18 anos e cantava fado, os estrangeiros achavam-me imensa piada mas os meus colegas músicos não me achavam piadinha nenhuma. Era completamente "posta de parte". Eles achavam horrível aquela música menor... Muitos projetos do Artur Caldeira vão caindo precisamente por causa deste estigma e por não serem aceites pelos colegas desta área. No entanto, e como sou persistente, vou continuando com os meus projetos na área do fado. Atualmente tenho um projeto de fado no qual convidei compositores ilustres para que fizessem arranjos em fados tradicionais. Estou a trabalhar com o pianista francês Bruno Belthoise que não tem nada destes complexos na cabeça pois já acompanhou outro cantor de outra nacionalidade mas também com raízes tradicionais...
Então Bruno Belthoise tem sido um companheiro nestes últimos projetos em que está inserida... Pode falar-nos um pouco do trabalho que tem vindo a desenvolver com este pianista?
Na sequência da questão anterior quero completar que o Bruno gosta de fazer música também fora do âmbito da música erudita. Nós dois temos então este projeto de que já vínhamos a falar e que se chama "Severa - O fado de um fado". Baseamo-nos na história da Maria Severa, a primeira fadista conhecida, figura mítica do fado, e tentámos encontrar um paralelismo entre a história da Severa e a própria história do fado. Assim, pegamos em fados tradicionais e entregámos aos compositores Sérgio Azevedo, Carlos Marecos e Carlos Azevedo e eles fizeram arranjos, ou seja, de alguma forma "eruditizámos" o fado (risos). Embora não seja fácil, estamos "de alma e coração" num projeto que tem os seus custos financeiros, pois custeamos do nosso bolso os arranjos, e pessoais implicando também imensa disponibilidade. Alguns arranjos são do também do Bruno Belthoise...
Este projeto teve início em 2012 e vamos começar a gravá-lo em julho de 2014, portanto está a ser um processo relativamente lento... e ainda por cima eu lembrei-me que seria muito interessante criar uma encenação para o espetáculo, e realmente é, só que é mais caro (risos)... Então falei com o Pedro Ribeiro que está no Convent Garden na Royal Opera House a trabalhar. Aliás, já tínhamos sido colegas na Academia de Música de Vilar do Paraíso lecionando no curso de Teatro Musical. Já tínhamos na altura falado "ai era tão giro fazermos qualquer coisa com o fado...". Falei então com ele e ele disse-me prontamente que sim. Estamos agora a marcar datas. A Artway está a fazer um trabalho incansável neste âmbito.
Para terminarmos esta agradável conversa com que nos presenteou, gostaríamos que nos desse a sua opinião relativamente ao momento que a música e os músicos portugueses vivem. Está a trabalhar-se bem no sentido de garantir a sustentabilidade desta área? A formação de músicos segue o caminho certo? E o mercado, terá capacidade de absorver tanto e tão diversificado talento?
Acho que cada vez mais saem alunos com mais formação das escolas e o mercado é muito pequeno... Logo, cada vez se torna mais difícil entrar no mercado de trabalho. No entanto está a acontecer uma coisa muito interessante. Como não há dinheiro para chamar músicos estrangeiros, estão a dar-se mais oportunidades aos músicos portugueses de se mostrarem e de participarem em eventos importantes. Basta olharmos para a programação deste ano dos Dias da Música no CCB para verificarmos que no cartaz predominam agrupamentos portugueses. Isso é muito bom e muito importante. Eu acho que devia ser sempre assim... É o lado bom da crise e alerte-se que os músicos não estão em "saldo". Há, no entanto, alguns teatros, essencialmente teatros municipais que não têm orçamentos, onde já se torna muito complicado fazer-se um concerto que não seja à bilheteira e isso gera muita instabilidade pois uma pessoa vai trabalhar sem saber quanto é que vai receber...
Eu percebo que têm que se manter as programações dos teatros havendo um esforço de ambas as partes mas torna-se muito complicado pois nós não vivemos do ar e, se vamos fazer um concerto, devemos receber pelo trabalho que vamos fazer. Mas esta é uma questão muito complicada pois teríamos que falar da formação de públicos porque os teatros por vezes não enchem nem tendo em conta os preços atrativos dos bilhetes... Formam-se músicos mas não se formam públicos. Temos uma sociedade que vai toda ver o mesmo tipo de espetáculo. Todos vão aos festivais de verão, já não falo da dita "música pimba", ou seja, as pessoas estão formatadas para um determinado tipo de música. A própria televisão não está a cumprir o seu dever de serviço público mas enfim...
A Ana faz bastante trabalho na música contemporânea e trabalha de perto com os compositores na busca por novas sonoridades. Estreou recentemente as seguintes obras:
- Os Sinos da Macieira de Marina e Natália Pikoul, Julho 2013
- Episódio de intervalo de Sara Carvalho em York, Novembro 2013
- Fado da Arada de Ângela Lopes em Dublin, Novembro 2013
- Tu és o céu preto de Carlos Marecos e Tríptico Camoniano de Alexandre Delgado, ante-estreia na Universidade de Aveiro e estreia em Vigo, Março 2014
Nos Dias da Música 2014 no CCB irá interpretar as famosas Folk Songs de Luciano Berio, e ainda as Hermit Songs de S. Barber e As Chansons Madecasses de M. Ravel.
O seu projeto, Severa, o Fado de um Fado, irá ser estreado brevemente e conta com o apoio do Museu do Fado e da Antena 2 - RDP.
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