Canto Nono no XpressingMusic
O CANTO NONO é formado por quatro vozes femininas e quatro masculinas. Este projeto conta com a direção artística de José Mário Branco e já foi reconhecido com vários prémios. Entre estas distinções encontra-se o prémio alcançado com o tema “El Paisanito”, para melhor interpretação na categoria Folk/World Music pela Contemporary Acappella Society of America. Ainda a mesma entidade premiou o tema “Etelvina” como “Best Acappella Jazz Song 2004.
XpressingMusic (XM) – O XpressingMusic congratula-se com o facto de receber hoje o projeto Canto Nono. Como nasceu este projeto?
Canto Nono (C.N.) – Após uma ida à Europália na Bélgica em 1991, alguns elementos do Canto Nono que faziam parte do Coral de Letras da Universidade do Porto, foram surpreendidos com um grupo belga que nos era desconhecido e que cantava arranjos com uma abordagem vocal ligeiramente diferente da que estávamos habituados. Já na viagem de regresso no avião, lançávamos as primeiras sementes do nascimento do Canto Nono, que se concretizava em Fevereiro de 1992. O contacto com Ward Swingle, uma referência mundial na música vocal “a cappella”, solidificou o projeto e criou bases para que pudesse prolongar-se no tempo.
XM – Foi em 2001 que o Canto Nono estreou o espetáculo “O Porto a Oito Vozes”, integrado na programação do “Porto 2001 Capital Europeia da cultura”. Este espetáculo foi dirigido por José Mário Branco contendo textos de Carlos Tê, Germano Silva e Manuel Pina. A vossa estreia não poderia ter ocorrido em melhor local nem em melhor contexto… Concordam?
C.N. – A ideia de fazer um espetáculo diferente tendo como tema de fundo a cidade do Porto nasceu numa conversa com Pedro Burmester no âmbito da Porto 2001, pelo que fazia todo o sentido integra-lo na programação da Porto 2001. O local foi o possível, tendo em conta a enorme ocupação dos espaços que albergassem um espetáculo desta natureza. Já quanto à rentabilização de um espetáculo que teve um custo no processo criativo significativo, é que foi diminuta, com muita pena nossa, já que na nossa opinião merecia percorrer as cidades do País.
XM – Este espetáculo veio a ser mais tarde gravado em CD… Podem falar-nos desta primeira edição de um trabalho vosso?
C.N. – O Canto Nono já tinha editado em 1997 um CD com direção artística de Ward Swingle, uma edição de autor que foi distribuído pelo jornal “O Público”. A edição em CD de “O Porto a oito vozes” foi sequência de contatos com a EMI, que teve a coragem comercial de editar um CD de música vocal “a capella”. O desafio deste CD foi o facto de ter sido uma gravação ao vivo, mas agora podemos dizer que foi uma aposta ganha.
XM – Sabemos que o Canto Nono é o mais premiado grupo português dentro do género. Gostaríamos que destacassem alguns dos prémios que mais significado tiveram para vocês.
C.N. – O maior prémio, sem dúvida, é o nosso trabalho ser reconhecido pelo público, mas realço o prémio de melhor interpretação na classe de “Best Acappella Jazz Song” pela CASA - Contemporary A Cappella Society of America, do tema Etelvina de Sérgio Godinho, com arranjo de José Mário Branco. Não podíamos deixar de sublinhar a nossa presença com um concerto no Concertgebouw em Amesterdão, considerada como uma das 3 melhores salas de concertos do mundo.
XM – Quando começaram a ser reconhecidos noutros países? Digam-nos algumas das cidades europeias que já tiveram o privilégio de vos ouvir…
C.N. – O reconhecimento surgiu logo em 1994 quando fomos nomeados na classe de “Folk World Music” pela CASA, com o tema “El Paisanito” de Ward Swingle. A partir daí já tivemos o privilégio de atuar em vários países, nomeadamente em Espanha, Alemanha, Holanda e Macau.
XM – As obras e arranjos que executam são elaborados exclusivamente para o Canto Nono?
C.N. – Não somos apologistas que as obras musicais sejam exclusivas, mas é verdade que o Canto Nono executa alguns arranjos que foram feitos especialmente para o grupo, mas que não impede que os mesmos possam vir a ser interpretados por outros grupos.
XM – José Mário Branco é um nome que aparece várias vezes ligado ao Canto Nono. Essa presença tem-se intensificado ao longo dos anos?
C.N. – Não tanto como gostaríamos, já que a distância que nos separa e a atividade do JMB impede que possa ser mais intensificada, mas no entanto a relação, quer no que respeita à presença em ensaios, como na criação de novos temas vai sendo constante.
XM – Como se tem efetivado a vossa participação noutros projetos com instrumentistas de Jazz?
C.N. – Já foi mais do que é neste momento, mas sempre que é possível realizamos projetos com instrumentistas de Jazz. A relação privilegiada do Canto Nono com o músico e compositor Carlos Azevedo tem permitido que, ao longo destes anos, o Canto Nono realize concertos na companhia de instrumentistas de Jazz.
XM – Mais uma vez agradecemos a amabilidade demonstrada para com o XpressingMusic. Deixamos agora uma última questão. Em Novembro de 2012 estrearam no Rivoli Teatro Municipal o espetáculo “2012 FM Stereo” tendo esgotado os 3 concertos agendados. Este espetáculo irá ser replicado? Será gravado em CD?
C.N. – Estamos a calendarizar vários concertos pelo País e a preparar uma digressão ao Brasil, no seguimento do convite para participar no Festival de Música de Minas Gerais no próximo mês de Setembro.
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