La Grande Chapelle, dirigido pelo maestro Albert Recasens em Beja
A edição de 2016 do Terras sem Sombra termina com La Grande Chapelle que apresenta um acervo musical ímpar. Paralelamente aos concertos dar-se-á a conhecer a biodiversidade da região através de percursos que sensibilizam para a preservação da natureza.
Ensemble vocal e instrumental de música antiga “La Grande Chapelle” encerra a edição 2016 do “Terras sem Sombra”
O Festival Terras sem Sombra conclui da melhor forma uma temporada de concertos que levaram ao Baixo Alentejo a magia da música nas suas diversas formas de expressão. Em parceria com o Município de Beja, a catedral desta cidade (Igreja de Santiago Maior), restaurada e aberta recentemente ao público, receberá último espetáculo, no dia 18 de junho, pelas 21:30. O concerto será protagonizado pelo ensemble vocal e instrumental de música antiga La Grande Chapelle sob a direção de Albert Recasens. Será assim apresentado o “Inesperado Resgate: Compositores Portugueses na Espanha do Siglo de Oro”
Albert Recasens e a recuperação do património musical peninsular
Albert Recasens é natural de Cambrils (Tarragona). No ano de 2005 deu início a uma empreitada ambiciosa que passa pela recuperação do património musical peninsular. Empreende este trabalho com a criação de La Grande Chapelle e da etiqueta Lauda. Albert dirige este projeto desde 2007. Neste, é dada particular atenção ao repertório dos séculos XVI e XVII. Graças ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, muitas obras inéditas dos grandes mestres deste período têm vindo à luz do dia com estreias ou primeiras gravações mundiais.
La Grande Chapelle. Excelência reconhecida.
Os discos de La Grande Chapelle têm vindo a conquistar galardões e prémios nacionais e internacionais de reconhecido prestigio no âmbito da música antiga. Exemplos desses reconhecimentos são dois Orphées d'Or (Academia do Disco Lírico de Paris, em 2007 e 2009), “4 stars” do BBC Magazine ou “Critic's Choice” de Gramophone, entre outros.
A redescoberta de um período esquecido da música ibérica. Artistas e músicos portugueses no reino vizinho
«A união de Portugal e Espanha na denominada “Monarquia Hispânica” ou “Monarquia Católica” (1580-1640), com a consequente perda da autonomia lusa, assim como a crise económica provocaram o êxodo de artistas e músicos portugueses para o reino vizinho».
La Grande Chapelle tem vindo a desenvolver um trabalho singular trazendo ao conhecimento do público três compositores portugueses que fixaram residência em Madrid ou em Sevilha, no século XVII: Manuel Machado, Fr. Manuel Correa e Fr. Filipe da Madre de Deus. Colocam assim em confronto a música destes compositores com a do espanhol Juan Hidalgo, harpista, à época, da Capela Real, o qual se tornou célebre por ser o criador, com Calderón de la Barca, das duas primeiras óperas espanholas.
O programa escolhido para Beja contempla uma seleção do reportório de alguns dos principais músicos ibéricos do século XVII
Na sua maior parte inédito, o programa que vai ser interpretado em Beja constitui-se como uma seleção do reportório de alguns dos principais músicos ibéricos do século XVII. Estes revelam características estilísticas comuns, como os géneros em voga (tonos, vilancicos e romances), a ousadia harmónica ou a ênfase na retórica e na expressão do texto.
A tradução para português é inédita, e foi levada a cabo pelo poeta alentejano Ruy Ventura (Portalegre, 1973).
Um Festival que aposta na promoção da biodiversidade e sensibiliza para a preservação da natureza
«Paralelamente aos concertos, o Festival Terras sem Sombra promove o conhecimento da biodiversidade da região através de percursos que sensibilizam para a preservação da natureza e o reconhecimento de boas práticas ambientais». Neste âmbito, músicos, espectadores, e comunidade, juntam-se numa iniciativa de voluntariado subordinada ao tema “Entre Ribeiras: Na Confluência das Ribeiras de Terges e Cobres – Turismo de Natureza e Sustentabilidade” Esta iniciativa acontecerá na manhã de 19 de junho.