Frei Fado apresentaram novo disco na Casa da Música

"O Quanto Somos Semelhantes" foi apresentado pelos Frei Fado na Casa da Música. Fomos ao Porto assistir ao espetáculo que aqui descrevemos.

FREI FADO porto casa da musicaValter Hugo Mãe, Eugénio de Andrade, Manuel António Pina, António Mega Ferreira e José Jorge Letria, são os poetas escolhidos para ajudar na procura de uma tradução musical para os mecanismos que suportam as relações entre as pessoas.

O sexto trabalho editado numa carreira com mais de 20 anos foi apresentado na Casa da Música. Nós estivemos lá e passamos a descrever aquilo a que assistimos.

Carla Lopes, na voz; Jorge Ribeiro, no baixo acústico; Ricardo Costa, na guitarra; Rui Tinoco, nos teclados e programações; e Zagalo, na bateria e percussões subiram ao palco da Sala 2 da Casa da Música a 23 de maio de 2015 pelas 22 horas para nos apresentar um espetáculo no qual, de forma coerente assistimos a um expoente elevado de harmonia e bom gosto.

Se o disco "O Quanto Somos Semelhantes" (que pode adquirir aqui) já fazia antever o explanar do bom gosto e maturidade musical em palco, a inteligente construção do alinhamento veio superar qualquer das melhores expectativas vis-à-vis construídas.

A voz doce e ao mesmo tempo potente de Carla Lopes captou a atenção de todos. A voz que empresta aos poemas foi sabiamente adornada por sóbrios e consistentes arranjos onde a percussão e os restantes instrumentos embalaram o público por uma viagem que nos ia mostrando tantos e tão variados quadros que surgiam sem que tivéssemos que desviar o olhar.

A tecnologia, evidenciada em sonoridades programadas às quais os músicos respondiam sem tensão, como se de outros companheiros se tratassem, reforçou a ideia de que o bom gosto e a maturidade musical no campo dos arranjos é um dado adquirido e inquestionável.

Os convidados Agostinho Rodrigues e Vanessa Pires, também ali embarcaram na viagem e, à semelhança da tecnologia atrás mencionada, transmitiram a ideia de que já lá estavam. Tal deveu-se mais uma vez, em nossa opinião, à escolha do alinhamento que proporcionou um equilíbrio constante no que concerne às densidades das texturas sonoras.

FREI FADO porto casa da musica cdDanças leves com movimentos extensos, embaladas por lenços longos esvoaçando ao vento, é um possível cenário para o concerto ao qual assistíamos sem pestanejar. No entanto, à medida que avançávamos no espetáculo, íamos sendo convidados a embarcar em mudanças de compasso que nos faziam deambular entre o pop e o jazz sugerido por swings evidenciados na percussão e nas tiradas melódicas entoadas por Carla Lopes.

Na Ladainha da Mãe que Ama de Valter Hugo Mãe, tivemos um palco repleto de criatividade dividida ente Rui Tinoco (Piano) e Vanessa Pires (violoncelo), constituindo-se assim como um dos momentos altos do concerto proporcionando intimismo e virtuosismo em simultâneo.

Em crescendo, no que concerne à intensidade, aos andamentos e ao próprio recorte rítmico, o concerto foi-se aproximando do fim. Foram apresentados os músicos com agradecimentos especiais aos convidados Vanessa Pires e Agostinho Rodrigues. Também Rui Tinoco foi alvo de especiais aplausos. A seu cargo estiveram, para além do facto de tocar piano e ser responsável pela programação, a composição e a produção de mais este trabalho. Miguel Oliveira foi o responsável pela capa do novo disco e também foi recordado e aplaudido na sala 2 da Casa da Música.

Se o fado português é uma presença constante, não menos interessante é a forma como este ambiente se cruza com outras linguagens advindas dos universos pop, jazz e fusion. Para o confirmar, terá que assistir a um concerto dos Frei Fado.

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