A ópera Juvenil, em português, Bastien et Bastienne, de Mozart, vai estar em cena nos dias 10 e 11 de janeiro, às 21H00, no Teatro Ibérico
Este espetáculo conta com as vozes de Leonor Robert, António Geraldo e Calebe Barros, com direção musical e piano do Maestro Armando Vidal e encenação de Laureano Carreira.
Da Serva Padrona a Bastien und Bastienne
Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736) viveu somente 26 anos. Nasceu e morreu quando o barroco ainda imperava, em Itália como por Portugal. Apesar da sua breve vida, Pergolesi ainda teve tempo de assinar duas das mais significativas obras deste período, a presente Serva Padrona, considerada como um entremez cómico, e o notável Stabat Mater, uma das mais belas composições da música barroca.
La Serva Padrona conta-nos a história de uma criada astuta e activa que decide convencer o seu padrão, e tutor, a casar com ela. Mas dizer isto é esquecer uma personagem muda e fundamental de toda a trama, o criado Vespone, espécie de bufão umas vezes cúmplice da jovem criada com pretensões a senhora, outras simples espectador exprimindo à sua maneira o aspecto derisório da situação. Acrescente-se ainda que esta pequena ópera de Pergolesi vai suscitar, a meados do século XVIII, em Paris, a conhecida "querela dos bufões", provocada pelos defensores da tradição lírica francesa e os partidários dos bufos italianos, à frente dos quais vamos encontrar os enciclopedistas e Jean Jacques Rousseau, que também se interessava por assuntos operáticos.
Com efeito, por estas alturas escreve Rousseau um pequeno opúsculo, num estilo pastoral italiano, intitulado Le Devin du village (O Mago da aldeia). Transformado em ópera pelo seu autor, este opúsculo passará a ser a primeira ópera-cómica francesa, representada em Outubro de 1752, em Fontainebleau, perante o rei. O jovem Mozart pega no mesmo opúsculo (ignora-se quem o terá adaptado) e transforma-o em Bastian und Bastienne, que será cantado pela primeira vez em Viena de Áustria em 1768, e constitui portanto uma das primeiras composições do genial Wolfgang Mozart (1756-1791), pois a escreveu quando tinha apenas 12 anos. Eis como se estabelece, tão surpreendentemente, uma ligação tão curiosa entre Pergolesi e Mozart. Tal como Le Devin du Village, Bastian und Bastienne conta-nos simplesmente a história da jovem pastora Bastienne (Colette no texto de Rousseau), que deseja recuperar os amores do seu jovem pastor Bastien (Colin no texto de Rousseau), não hesitando em recorrer aos poderes divinos de mago Colás (Devin no texto de Rousseau).