GESSICATRIP falam-nos do seu último trabalho: Raridades

GessicatripO projeto de Tito Pires e José Dinis é passado aqui em revista no XpressingMusic. Nesta entrevista, tentaremos saber mais sobre os músicos e as músicas que dão corpo a esta cadência, segundo os seus criadores, sem regras, mas imbuída de um espírito criativo que não deixa indiferentes aqueles que dela disfrutam. Esta entrevista surge na altura em que é lançado o novo single "Feliz Acaso".

XpressingMusic (XM) – Agradecendo desde já ao Tito e ao José a amabilidade de nos concederem esta entrevista, começamos por vos perguntar como foi o início deste projeto. Como se conheceram? Como surgiu a designação "GESSICATRIP"?
Tito Pires (TP) – Ora, nós é que agradecemos o vosso interesse! Bom, tudo começou em 2009. Na altura um amigo nosso, o João Vasco, por motivos profissionais, tinha que vir todas as semanas a Lisboa. Como ficava sempre em minha casa começámos, sem qualquer plano, a criar uns devaneios musicais. Nasceu assim, passadas poucas semanas, o tema Electric Man que nos entusiasmou. Sabíamos que estávamos a fazer algo com personalidade, sem nunca querer definir um rumo a seguir. Fizemos e gravamos mais algumas músicas, tudo na sala de estar onde o João ficava a dormir.
Estava, então, na altura de dar um nome ao que estávamos a fazer e, numa noite de mil nomes absurdos surgiu "Gessicatrip". Ficou logo assim decidido. A ideia era ter uma palavra nova, inexistente até então e que, sempre que fosse referida, dirigir-se-ia àquilo, a nós. Nós seríamos o seu significado.
GessicatripQuando o trabalho do João em Lisboa acabou, fiquei sozinho neste projeto, mas quis seguir a aventura. Fui gravando mais músicas, juntando alguns amigos como convidados e nasceu, ainda esse ano a primeira maqueta Gessicatrip Movie. Depois... quis tornar tudo mais real e mandar as músicas criadas para o palco. Precisava, então, de uma banda. Faltariam, nessa altura, ainda uns meses para o Zé vir para Lisboa.
José Dinis (JD) – Foi aí que tudo mudou! (risos).
TP – Foi mesmo! Conhecemo-nos uns meses antes no Porto, através de amigos que temos em comum. A empatia foi imediata e foi supernatural juntar o Zé nesta viagem. Nessa altura a Leonor, prima do Zé, tinha acabado de comprar um baixo e juntou-se a nós. Seguiu-se uma série de audições para bateristas e a banda ficou finalmente feita. Os Gessicatrip, com quatro elementos, teriam em breve a sua estreia em palco.

XM – Falem-nos um pouco do vosso álbum de estreia, "Sala de Estar"...
JD – O álbum nasceu numa altura difícil. A banda ficou reduzida a dois elementos e tivemos que fazer uma opção. A nenhum de nós apetecia terminar aquilo que estava ainda a nascer e sabíamos o quão desmotivante e arriscado seria voltar a juntar novos elementos naquela fase. Era altura de gravar! Aproveitámos assim a enorme empatia pessoal e musical que tínhamos os dois e fomos em frente.
TP – Foi difícil, de facto. Passámos, sem querer, a ser uma banda de dois elementos e tivemos que adaptar tudo antes de gravar. Além disso decidimos gravar tudo em casa, na sala de estar onde tudo nasceu, o que, apesar de algumas limitações, nos deu o tempo necessário para experimentar tudo quanto queríamos. Foi um tempo de aprendizagem incrível, a vários níveis, e acho que acabámos por fazer algo interessante.

XM – O que nos querem dizer quando nos falam que o vosso projeto é livre e isento de regras?
GessicatripTP – É muito simples: não estabelecemos qualquer tipo de regras, rumo ou estilo no ato de criação. Começamos a tocar e as coisas acontecem. São os improvisos que vão definindo o rumo de cada música. Essa é a razão pela qual não repetimos fórmulas, tornando tudo imprevisível, com uma incoerência que nos agrada, mantendo sempre algo que nos define.
JD – A única regra é fazer a música de que gostamos. Temos a sorte de ter essa compatibilidade.

XM – Têm realizado alguns concertos de norte a sul do país... Qual tem sido a reação do público ao vosso trabalho? Houve algum concerto que tenha sido mais marcante?
TP – Por norma, somos nós a organizar os próprios concertos. Os espaços estão muitas vezes a meio gás, mas as reações foram sempre muito boas. É difícil destacar um... Bem, a nossa estreia no Porto foi memorável. Tocámos com os nossos amigos Plaggio no Passos Manuel e a sala estava cheia! Foi uma grande noite.
JD – É sempre uma surpresa quando vamos tocar fora, pois ainda somos desconhecidos para a maioria das pessoas. Eu destaco o concerto em Évora, na Sociedade Harmonia Eborense. Fomos super bem recebidos e foi uma noite muito divertida.

XM – Foi a força transmitida pelo público que vos encorajou e estimulou para a criação do álbum "Raridades", ou foi somente um "Feliz Acaso"? (risos)
JD – Acho que foi mesmo teimosia (risos). Queríamos aproveitar tudo que o álbum anterior nos ensinou, e fazer algo novo. A grande diferença para este álbum é que foi, desde o início, criado e pensado no formato de dois elementos. Além disso montámos um pequeno estúdio onde gravámos e ensaiámos. E, desta vez, o Tito tratou de toda a produção do disco.
GessicatripTP – Foi mesmo teimosia. Aliás, o próprio tema que demos ao álbum reflete isso. Sempre tocámos para uma plateia reduzida e, até então, as nossas músicas andaram sempre muito escondidas, o que, nesse sentido, faz de todas elas autênticas raridades. Seria irónico se isso mudasse com o novo álbum.

XM – Ao pesquisarmos um pouco sobre os GESSICATRIP descobrimos que este será o ano em definem o percurso que irá marcar o futuro da banda... O que querem dizer com isto?
JD – Não são palavras nossas (risos). Na verdade nem queremos pensar muito no futuro, nem queremos definir um rumo. É altura para viver tudo o que o novo disco nos puder dar. Se depois fizermos algo novo será, certamente, uma nova surpresa, mesmo para nós próprios.

XM – Como se definem? GESSICATRIP é um projeto pop-rock?
JD – Não sei responder...
TP – Já definiram a nossa música de diversas formas, e ainda bem! Acho que é mesmo essa ambiguidade que nos define.

XM – Quem são os músicos que vos têm acompanhado nesta caminhada?
TP – Agora, ao vivo, somos só os dois. A banda tornou-se portátil (risos). Contámos apenas com alguns convidados do "Sala de Estar" em concertos de apresentação.
JD – Tivemos sempre a sorte de contar com os convidados que queríamos e foi marcante. A entrada do Rizumik na nossa "Sala de Estar" foi impressionante. Tirou uma tarde da sua breve estadia em Lisboa para estar connosco e nem o conhecíamos. Foi uma tarde de improviso incrível e adorámos o resultado final.
TP – Além disso o saxofone esquizofrénico do Torré, o baixo e mistura do Ricardo de Barros... Todos os pormenores se revelaram muito importantes. Neste disco temos apenas uma convidada, a Priscilla Devesa. A música em que participou chamava por ela!

XM – Relativamente a concertos... Podem adiantar-nos algumas datas para que os leitores do XpressingMusic saibam onde vos poderão ouvir?
GessicatripTP – Ainda não há datas marcadas. Mas, para já, podem contar com a apresentação do "Raridades" em Lisboa e no Porto já no próximo mês de Junho.

XM – Consideram que a música portuguesa segue no caminho certo?
TP – A música sim, sem dúvida. Acho que vivemos um momento importante, de mudança. As bandas estão a tornar-se cada vez mais independentes o que, a meu ver, se revelará em algo de muito positivo. No entanto, é ainda muito difícil chegar ao público. Hoje temos internet, é verdade, mas a informação passa a uma velocidade estonteante. Há milhares de bandas e muitas delas com uma qualidade impressionante. Vamos, muitas vezes, ver concertos de outras bandas e dói na alma quando a casa está às moscas. Há muitos projetos que mereciam sair da sombra e ter outro destaque.
Noto que as pessoas gostam de ir a eventos, mas, em muitos casos, como uma experiência num parque de diversões. Quando grandes nomes internacionais vêm tocar ao nosso país esgotam em pouco tempo e metade da plateia nem conhece bem a banda. Mas é importante dizer que estiveram lá e partilhar uma foto no momento...
Hoje, mesmo os novos nomes que têm surgido com força em Portugal têm um teto muito mais curto que aquele que os esperava nos anos 90. Nunca houve tanta coisa boa... é preciso levar público ao que se está a fazer!

XM – Agradecemos mais uma vez a prontidão com que aceitaram o nosso convite para esta entrevista. Para terminar, gostaríamos que nos dissessem quais os vossos planos para o imediato. Vão andar em tournée apresentando "Raridades" ou já há outros projetos para colocar em prática?
TP – Ideias não nos faltam! (risos). Mas agora vamos concentrar-nos em levar as nossas "Raridades" até onde pudermos.
JD – Sinto que vem aí uma nova etapa para os Gessicatrip. Estamos já ansiosos por tocar e queremos viver tudo isto intensamente.

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